tag:blogger.com,1999:blog-84574110409575833782024-03-27T16:54:19.537-07:00DAS INSUSTENTÁVEIS LEVEZAS: INTERPRETAÇÃO, LEITURA E ARTEÉmerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.comBlogger308125tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-47713719645514927912024-03-24T11:47:00.000-07:002024-03-25T11:31:18.964-07:00REFORMA DA REFORMA: A FALÁCIA DO NOVO ENSINO MÉDIO <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;"><b></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkjDvosEy8mvBROjlgX3shIwXSBhRcSj6Ao5-v348hKufyf3DUQHlbDXu9nk0Bk2ePtBYvvwZI3Y2GkrS5RS4Nb3ZgMQssfXft4-HgT1_oF_1dyAiY_4SwWGgZsDT_Frsif6qHyBME_ybW7aiaXcYXiFoKTLzT3gU0FV40_Rd9X0y8XSxzQro7S6LFnyXF/s694/R.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="436" data-original-width="694" height="201" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkjDvosEy8mvBROjlgX3shIwXSBhRcSj6Ao5-v348hKufyf3DUQHlbDXu9nk0Bk2ePtBYvvwZI3Y2GkrS5RS4Nb3ZgMQssfXft4-HgT1_oF_1dyAiY_4SwWGgZsDT_Frsif6qHyBME_ybW7aiaXcYXiFoKTLzT3gU0FV40_Rd9X0y8XSxzQro7S6LFnyXF/s320/R.jpg" width="320" /></a></b></span></div><span style="mso-ansi-language: PT-BR;"><div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: xx-small;">Foto divulgação: sinprofd.org.br</span></b></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;">Por Émerson Cardoso</div><b style="font-size: 12pt;"><div><span style="mso-ansi-language: PT-BR;"><b style="font-size: 12pt;"><br /></b></span></div>PARA COMEÇO DE CONVERSA</b></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">A Prof.ª Drª. Ana Paula de Oliveira Corti (q</span><span style="font-size: 16px;">ue tem relevante pesquisa na área da Educação e que, desde 2022, desenvolve o projeto de pesquisa intitulado: “Mudanças curriculares e melhoria do ensino público”) </span><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">concedeu entrevista ao <i>Jornal Central do Brasil</i>, em 21 de março de 2024, e apontou inúmeras reflexões necessárias para esse momento crítico em que a Educação do Brasil se encontra. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Digo isso, porque o Projeto de Lei 5.230/2023 p</span><span style="font-size: 16px;">ropõe algumas alterações (do meu ponto de vista, nada significativas) na Reforma do Novo Ensino Médio que, por sua vez, foi gestado no caldeirão do mal de Michel Temer. Esse famigerado </span><span style="font-size: 12pt;">Projeto de Lei 13.415/2017, como temos percebido, tem causado preocupações às diversas esferas do campo educacional, principalmente no contexto das escolas públicas. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">A Educação, como temos visto historicamente, nunca foi prioridade em nenhum governo do Brasil. Não tenho receio de ser generalizante </span><span style="font-size: 16px;">— </span><span style="font-size: 12pt;">bastaria tempo para pesquisa, e espaço para divulgação de resultados, e eu teria minha assertiva comprovada. Se olharmos com atenção e criticidade para o que tem ocorrido na Educação do país, hoje, será fácil comprovar o que digo. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Corti (2024) comenta, na entrevista mencionada acima, sobre sua participação em uma p</span><span style="font-size: 12pt;">esquisa realizada pelo <i>Grupo Escola Pública
e Democracia </i>(e pela <i>Rede Escola Pública e Universidade</i>). A proposta da pesquisa era observar a primeira geração de Estudantes que, no contexto educacional de São Paulo, cursaram o Novo Ensino Médio. </span><span style="font-size: 12pt;">A pesquisa ouviu 696
estudantes e obteve os seguintes resultados: </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><ul><li style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><b>1.</b> Os estudantes, em sua maioria, desaprovam o modelo
do Novo Ensino Médio; </span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><b>2.</b> Seis, em cada dez estudantes, não cursaram os Itinerários Formativos escolhidos;</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><b>3. </b></span><span style="font-size: 12pt;">81% dos estudantes estão insatisfeitos com os
componentes curriculares propostos nesse "novo" modelo. </span></li></ul><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Além disso, quanto à expansão da <span style="font-size: 12pt;">carga horária, segundo Corti (2024), mais de 60% do Estudantes entrevistados não cursaram as
aulas correspondentes a essa expansão, também algumas disciplinas não foram ofertadas pela escola (algumas foram ministradas virtualmente, apesar das dificuldades que o uso de tecnologias no contexto da escola pode implicar). </span><span style="font-size: 12pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Alunos reclamaram, conforme Corti (2024), em relação à perda de muitos conteúdos que
seriam ofertados em disciplinas que lhes dariam condições para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio </span><span style="font-size: 16px;">— </span><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">os Estudantes perceberam o esvaziamento do </span><span style="font-size: 12pt;">currículo proposto. Em decorrência disso, mas não só disso, os Estudantes, conforme a pesquisadora aponta, </span><span style="font-size: 12pt;">demonstraram desalento quanto ao </span><span style="font-size: 12pt;">projeto de futuro. Com a</span><span style="font-size: 12pt;"> formação educacional reduzida, eles não conseguem vislumbrar </span><span style="font-size: 16px;">a entrada nas universidades via ENEM, tampouco veem a possibilidade de preparação para a inserção no </span><span style="font-size: 12pt;">mercado de trabalho com os conteúdos obtidos em sala de aula. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Apesar das nítidas manifestações de desconforto e de insatisfação, no dia </span><span style="font-size: 12pt;">20 de março de 2024, a Câmara dos Deputados
Federais aprovou o Projeto de Lei </span><span style="font-size: 16px;">5.230/2023, </span><span style="font-size: 12pt;">que discorre sobre a Nova Reforma do Ensino
Médio (uma espécie de reforma da reforma). O Projeto, agora, vai para a apreciação do Senado Federal. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">O Projeto de Lei tem o
objetivo de rever a reforma orquestrada, em 2017, no desgoverno golpista do cínico perverso Michel Temer. Não dá para considerar positivo um modelo educacional desenvolvido com a anuência de figura política tão grotesca, também não dá para considerar positiva uma reforma que entrou em vigência sem consulta pública e sem a participação de Estudantes, de Professores, de demais Profissionais da Educação e da comunidade escolar. Além disso, devo dizer, essa reforma atendia (e atende) a modelos neoliberais de Educação </span><span style="font-size: 16px;">— </span><span style="font-size: 12pt;">muito ao gosto do Ministro Camilo Santana. Quanto ao Ministro, ele até poderia realizar algum trabalho positivo no atual governo, mas não no Ministério da Educação, porque sei do que ele fez quando foi Governador do Estado do Ceará. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">As alterações apresentadas (e aprovadas pela Câmara de Deputados Federais) não foram suficientes para resolver a conflitiva condição em que se encontra a Educação Nacional frágil e fragilizante, principalmente nesse momento em que estamos lutando, em apoio ao Governo Lula, para reorganizar o país após o desmonte promovido pelo desgoverno de caráter autoritário que, direta e indiretamente, ainda nos assombra. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>ALGUMAS PAUTAS PARA CONTINUAR COM A CONVERSA</b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Depois de assistir a vídeos, de ler matérias sobre o assunto e de analisar os Projetos de Lei em pauta, organizei alguns tópicos sobre o assunto com a intenção de discutir, de forma didática, a bagunça dessa proposta: </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><ul><li style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">O Projeto de Lei 5.230/2023, que propõe algumas alterações, não tem tantas alterações assim, mas vai para o
Senado Federal e talvez consiga passar também (o que é lastimável);</span></li></ul><ul><li style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">A carga horária do Ensino Médio continua sendo de
3.000 horas (1.000 horas ao ano, em 200 dias letivos, e 05 horas por dia);</span></li></ul><ul><li style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">Antes, Estudantes em geral teriam 1.800
horas na Formação Geral Básica (disciplinas obrigatórias) e 1.200 horas nos Itinerários Formativos (disciplinas optativas), mas com a reforma teremos: 2.400 horas na Formação Geral Básica (o que
pode ser considerado uma conquista) e 600 horas nos Itinerários Formativos (disciplinas optativas que serão denominadas, com a reforma, de Trilhas de Aprendizagem); </span></li></ul><ul><li style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">Não houve revogação, efetiva, na Reforma do Ensino
Médio (como gostaria a maioria dos Profissionais da Educação e dos Estudantes), sobretudo porque ela manteve alguns pontos críticos da reforma (os Itinerários Formativos, por exemplo, não foram alterados, e mesmo com as 2.400 horas, que conseguimos alterar, ainda há abertura de espaço para
que sejam ofertadas disciplinas que não são da Educação Básica e, desse modo, corremos o risco de serem propostas disciplinas que poderiam ser distantes da
real necessidade formacional do Estudante);</span></li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;">Para os Estudantes que optarem pelo Ensino Técnico e
Profissional, serão ofertadas 1.800 horas, para a Formação Geral Básica, com
1.200 horas direcionadas para o curso técnico escolhido (diferente da carga de outras disciplinas optativas);</span></li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">As 2.400 horas de</span><span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">Formação Geral Básica (disciplinas obrigatórias), com a reforma </span><span style="font-size: 12pt;">atual, não será garantia de que haja um processo de Ensino e de Aprendizagem que prepare
o Estudante para sua formação acadêmica e sua formação profissional, pois o </span>texto não assegura, em nenhum momento, que a reposição das 2.400 horas exija a oferta de<span style="font-size: 12pt;"> </span><span style="font-size: 12pt;">disciplinas que são relevantes, de fato, para a construção do currículo da Educação Básica;</span></li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">Os Itinerários Formativos são organizados com 1.200 horas, mas, com a reforma, eles terão apenas 600 horas; </span></li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">O Ensino Técnico pode ter até 1.200 horas de disciplinas optativas (Itinerários Formativos), no entanto, com a reforma, 2.100 horas serão para disciplinas obrigatórias e até 300 horas para Formação Geral Básica e Ensino Técnico <span style="font-size: medium;">(esse ensino poderá ser realizado em cooperação com instituições credenciadas e duas trilhas devem ser escolhidas pelo Estudante)</span>;</span></li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">A Escola de Tempo Integral terá, com a reforma, 2.400 horas de
Formação Geral Básica e 1.800 horas de Trilhas de Aprendizagem; </li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">Disciplinas obrigatórias (as tradicionais) são: 1. Matemática e suas tecnologias, 2. Ciências Humanas (integradas com História, Geografia,
Filosofia e Sociologia), 3. Ciências da Natureza (integradas com Química, Física e Biologia) e 4. Linguagens (Língua Portuguesa e suas Literaturas, Arte, Educação Física, Inglês e Espanhol); </li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">A reforma não diferencia o ensino de Literatura e de
Produção Textual como componentes distintos da Disciplina de Língua Portuguesa, porém aponta que essas áreas devem ser inseridas nessa disciplina;</li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">A disciplina Projeto de Vida não foi abordada, especificamente, no Projeto de Lei (deverá ser mantida a proposta da BNCC);</li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">A disciplina de Espanhol, infelizmente, não foi colocada como disciplina obrigatória;</li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">Os Itinerários Formativos, atualmente, são determinados, quanto à quantidade de carga horária e quanto às disciplinas a serem ofertadas, pelas redes públicas de ensino (essa autonomia pode ser positiva e negativa dependendo da linha ideológica dessas redes);</li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">A disciplina de Cultura e Tecnologia Digital deve
ser trabalhada dentro da Formação Geral Básica (não se sabe como ela será assimilada dentro das disciplinas da Formação Geral Básica ou se haverá um componente específico);</li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">Quanto aos períodos das disciplinas que foram
suprimidas na reforma, como as de Natureza (Biologia, Química e Física perderam
50% da carga horária) e as de Humanas (História e Geografia perderam 50% da
carga horária, enquanto Filosofia e Sociologia perderam 70%), o Conselho
Nacional de Educação ainda discorrerá sobre como as escolas deverão adequar a carga horária dos Itinerários; </li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">Itinerários Formativos tiveram redução de 1.200
horas para 600 horas (isso poderá ser dividido em 200 horas para cada ano do Ensino
Médio, isto é, em torno de 05 períodos por semana devem ofertar );</li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">Antes, os Itinerários Formativos eram apresentados em conformidade com a determinação das redes públicas de ensino (e isso, naturalmente, cria a maior das confusões);</li></ul><div style="text-align: justify;"><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">Cada escola poderá ofertar, no mínimo, dois Itinerários Formativos (com exceção do Ensino Técnico);</li></ul></div><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">Serão delimitados os Itinerários Formativos (Trilhas de Aprendizagem) a serem ofertados em quatro linhas gerais: 1. Linguagens e suas Tecnologias, 2. Ciências Humanas e Sociais
aplicadas, 3. Matemática e suas Tecnologias e 4. Ciências da Natureza e suas
Tecnologias (em escolas técnicas se desenvolverá a Formação Técnica e Profissional);</li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">Cada escola deverá ofertar, no mínimo, dois Itinerários Formativos (Trilhas de Aprendizagem) para escolha do Estudante (na escola em que não é ofertado o Ensino Técnico): 1. Primeira Trilha de Aprendizagem — Linguagens, Matemática e Ciências da Natureza, 2. Segunda Trilha de Aprendizagem — Linguagens,
Matemática e Ciências Humanas e Sociais, 3. Terceira Trilha de Aprendizagem — Linguagens,
Ciências Humanas e Sociais e Ciências da Natureza; 4. Quarta Trilha de Aprendizagem — Matemática, Ciências Humanas e Sociais e Ciências da Natureza;</li></ul><ul style="text-align: left;"><li style="text-align: justify;">Os Cursos a Distância podem, atualmente, ser ofertados <i>on-line</i> a partir de instituições que realizam trabalhos de Educação a distância, porém, com a reforma, a carga horária da Formação Geral Básica deverá ser oferecida presencialmente e poderá ser admitido por meios tecnológicos somente com base em regulamento a ser elaborado previamente. </li></ul><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;"><b>PARA CONCLUIR</b></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">A Presidenta Executiva do Programa <i>Todos pela Educação</i>, Priscila Cruz, que menciona o Novo Plano Geral de Educação como algo que também está, no momento, em processo de reconfiguração, demonstra satisfação e regozijo com a aprovação do Projeto de Lei. Ela comenta, com se isso fosse algo positivo, que a "essência" do Projeto de Lei, em vigor, foi mantido. Fica nítido que ela coaduna com a perspectiva neoliberal explicitamente adotada por Camilo Santana em seu Ministério que tem deixado a desejar. A propósito, ele tem sido enfático na defesa da reforma (alguns a denominam de "deforma"), que se materializa nesse Projeto de Lei acrítico, absurdo e incapaz de observar a realidade educacional brasileira com a atenção e a criticidade que ela merece. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">Quanto à Reforma do Novo Ensino Médio, sabe o que penso? Ela não resolverá nada. Se amenizou em um ponto, prosseguiu com a acriticidade em outros. Sou Professor, escrevo com conhecimento de causa, por isso quero destacar que essa reforma deveria passar, antes, por esses pontos seguintes: </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">1. Valorização salarial dos Profissionais da Educação (com melhores condições de trabalho, incentivo e estímulo à formação profissional);</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">2.
Abertura de novas salas de aulas nas escolas para que, com isso, haja redução da quantidade de
Estudantes por sala (amontoar de 35 a 45 Estudantes em quatro paredes fechadas,
e querer uma boa Educação para o país, é um absurdo sem precedentes);</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">3. Distribuir livros didáticos de
qualidade para os Estudantes (assim os Professores não precisariam sofrer procurando milhões de materiais extras com o intuito de substituir um livro didático mal elaborado e restritivo);</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">4. Proporcionar melhores condições de Ensino nas escolas do Brasil (do transporte à merenda escolar, passando pela disponibilidade de materiais pedagógicos indispensáveis à realização de aulas, temos urgência na resolução de problemas práticos dos cotidianos escolares, nada homogêneos, das cinco regiões do país);</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">5. Realizar uma
reorganização do modelo curricular, sim, no entanto com a consulta real, objetiva, coerente, qualitativa, reflexiva e participativa de Profissionais que atuam em sala de aula (e não consultando profissionais cuja atuação educacional se restringe aos gabinetes e cuja visão acrítica faz-lhes se sentirem no direito de falar por quem está longe da realidade das escolas);</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">6. Direcionar verbas para melhoria das escolas em todos os aspectos para que, assim, Estudantes se sintam acolhidos no âmbito escolar, tenham condições de estudar conscientes do papel da Educação em suas vidas, com a oferta de disciplinas escolares, sim, mas não só, pois as escolas precisam: de Psicólogos Escolares, de fomento aos Esportes, de incentivo às Artes, de condições dignas para a vivência de experiências de aprendizagens múltiplas, de acesso à Informática, de Bibliotecas bem equipadas, dentre outros itens não menos relevantes.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Cessarei por aqui, tendo em vista o tom idealizado já em vigor na minha explanação de revolta inerente. A reforma da Reforma do Novo Ensino Médio é uma falácia, uma trapaça discursiva e, portanto, só demonstra, e<span style="font-size: 12pt;">m verdade, o
quão acrítico o Brasil é, historicamente, quando o assunto é Educação.</span> </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b>REFERÊNCIAS</b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">CORTI,</span> <span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Ana Paula de Oliveira. Como fica o Ensino Médio após
aprovação do PL na Câmara. Entrevista concedida a Kaique Santos. <i>In</i>: <b>Jornal
da Central do Brasil</b>, Canal Brasil de Fato, 21 mar. 2024. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Disponível em: https://www.youtube.com/w</span><span lang="PT">. Acesso em; 24. Mar. 2024. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT"></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">CRUZ, Priscila. Novo Ensino Médio: essência foi mantida,
avalia presidente do Todos pela Educação. <i>In</i>: <b>Brasil Meio-Dia</b>,
CNN Brasil, 20 mar. 2024. Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=Ts2tubFTlu4.
Acesso em: 24 mar. 2024. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">DORNELES JÚNIOR, Eldo. </span><b style="font-size: 12pt;">Reforma Aprovada</b><span style="font-size: 12pt;"> – como será
o Ensino Médio em 2025?. 2024. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WzrYseZnoA4&t=97s.
Acesso em: 24 mar. 2024.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">MAGALHÃES, Vera.
Após reuniões tensas, MEC e Câmara chegam a ‘meio-termo’ sobre mudanças do
Ensino Médio. <i>In</i>: <b>Viva Voz</b>, Rádio CBN, 20 mar. 2024. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=TFo3cInlDvA.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">SANTOS, Emily; RODRIGUES, Paloma; BARBIÉRI, Luiz Felipe.
Câmara aprova Novo Ensino Médio após acordo sobre carga horária de matérias
obrigatórias. 2024. </span><i style="font-size: 12pt;">In: </i><b style="font-size: 12pt;">Tv Globo e g1 Política</b><span style="font-size: 12pt;">. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/03/20/camara-aprova-novo-ensino-medio-apos-acordo-sobre-carga-horaria-de-materias-obrigatorias.ghtml.
Acesso em: 24 mar. 2024.</span></p><br /><p></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-36260741349163715462024-01-17T19:02:00.000-08:002024-01-17T19:12:32.921-08:00CRÔNICA: QUANDO ISSO PASSARÁ?<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh19QIShg6tZnZBYA06hn3SRNTRYoYvBnZbRQqyTQg-FY9QjIOgvQMv-TAZHQHxq7gz09iYneuOr-0JfZtCnvyf7L_CTZUb_LC-SHZTqw8cv_vsZecOrEA26mlRCyNY8MoKu5r27NMwSx_BxO_Nu5rzRe2F8O1iEacr8OMS-mHebpDpc0SFhpHODKSUg86U/s603/4eef02e8-2149-456a-ab20-5fa8c9f08270.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="331" data-original-width="603" height="220" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh19QIShg6tZnZBYA06hn3SRNTRYoYvBnZbRQqyTQg-FY9QjIOgvQMv-TAZHQHxq7gz09iYneuOr-0JfZtCnvyf7L_CTZUb_LC-SHZTqw8cv_vsZecOrEA26mlRCyNY8MoKu5r27NMwSx_BxO_Nu5rzRe2F8O1iEacr8OMS-mHebpDpc0SFhpHODKSUg86U/w400-h220/4eef02e8-2149-456a-ab20-5fa8c9f08270.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Estava pensando: quando a sensação de incompletude, que atravessa minha existência da infância à fase adulta, passará? Será que passa? Será que um dia, ainda que por um breve segundo, haverá festa de riso na descoberta de estar completo?</div><p></p><p style="text-align: justify;">Quando a sensação de desencontro passará? A melancolia impregnada de domingo à tarde, quase dor de perfuração e sangue, passará? </p><p style="text-align: justify;">O sentimento de vazio latente, mesmo quando se tem ao lado a melhor das companhias, um dia passará? A sensação de deslocamento, de não fazer parte, de não se sentir compreendido, de existir com o pior das máscaras, hein, passará?</p><p style="text-align: justify;">Quando meu sorriso ecoa, prometo, é verdade o que ele esparge, mas não deixe de perceber que na sequência ele vem com amarelas quedas e sombrios deslocamentos. O desespero, não se engane, tem vestimentas de riso fácil. Quando, por Deus, a incapacidade de ser verdadeiramente alegre passará? </p><p style="text-align: justify;">Quando cesso a palavra, isso parece estranho, mas ao falar o estranhamento se faz maior. Quando, pergunto aflito, quando isso passará? Quando terei a coragem de dizer sim ou não com a firmeza do querer o sim e do querer o não? </p><p style="text-align: justify;">Quando terei forças além da palavra escrita? Passará esse aperto do peito que simula pancada e queda? Essa vertigem de encontrar benesses no que é comum por não saber participar desse comum, por favor, quando isso passará? </p><p style="text-align: justify;">Nasce o dia, morre a noite e o nada galopa entre um tormento e outro. Nada, absolutamente nada, altera o impacto desse existir sem cor. Então, cenários de conquista e sucesso e benesse e festejo e aplauso parecem destoar do meu olhar caindo. Sim, caindo sempre, com chão aberto ou solo pavimentado, é assim o mote do riso em chamas e da boca em gelo. </p><p style="text-align: justify;">Eu só queria implodir a torre de culpa, o aceno de medo, o cansaço de não ter força para convívios... Quando passará, por tudo o que é mais sagrado, ou profano, quando isso deixará de existir? </p><p style="text-align: justify;">Estava pensando: existe alguma coisa aos gritos em mim. Por ouvir vozes por todos os lados, fico impedido de responder à altura, aí a queda já faz apelo e eu não sei dizer um não. </p><p style="text-align: justify;">Aflição! </p><p style="text-align: right;">Émerson Cardoso</p><p style="text-align: right;">18.01.2024</p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-88886100523161039202023-10-06T20:24:00.002-07:002023-10-06T20:39:30.896-07:00BREVE RELATÓRIO DO CLUBE DE LEITURA - NOTAS SOBRE A CONTÍSTICA DE ZÉLIA SALES<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqeKjzvWpctiWsIgZy4oLS3Wh6y65-gyfCOojys_K8ysVYit2Nbu54MXLa96i4eaoklyLuuB6FxspLWRjjfy-3h7WFkZfEyD36-q963yRAcmDA697t0jN68IoWhyphenhyphen9nlQnz-6S2ZBkzOfRz85dVHqHYzkRCFVpKSBYYZrzi_tPhEy_iQe1wQfASnaJH6CMu/s951/Screenshot_20230910-003415~2%20(1).png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="951" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqeKjzvWpctiWsIgZy4oLS3Wh6y65-gyfCOojys_K8ysVYit2Nbu54MXLa96i4eaoklyLuuB6FxspLWRjjfy-3h7WFkZfEyD36-q963yRAcmDA697t0jN68IoWhyphenhyphen9nlQnz-6S2ZBkzOfRz85dVHqHYzkRCFVpKSBYYZrzi_tPhEy_iQe1wQfASnaJH6CMu/s320/Screenshot_20230910-003415~2%20(1).png" width="242" /></a></div><p></p><p class="LO-normal" style="mso-pagination: none;">06 de agosto<o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">O Clube de Leitura para Iniciantes teve
início na data de 06 de agosto de 2023, às 10h30, no Bosque do Centro Cultural
do Cariri, localizado na cidade de Crato–CE. Na ocasião, foi apresentada a
proposta de leitura dos seis encontros que deveriam ser mediados pelo Prof. Dr.
Cícero Émerson do Nascimento Cardoso. Nesse sentido, as obras “A cadeira de
barbeiro” e “O desespero do sangue”, da escritora cearense Zélia Sales, foram
mencionadas, tendo em vista que os encontros tinham como proposta a leitura e o
debate de um dos contos do livro “A cadeira de barbeiro”.<o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0nnfqC5y88T2d9_thID5xRg54DLJ52JNMbwdrxzvxK1ZGGISarm8IOdrj9P12bj9-x8sNWi4jNHzRSV3tuKprP3MTjXDDmXPAi4N5uFnyI9Dh37xEtMqV9dDWWFcrx9rxV7UJxGhDOzJ057TgQScJj5imAzgWeTSekF9UQkdVLEXM3ePLZxU6sU3EU0jH/s720/Screenshot_20230912-091953~2.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="710" data-original-width="720" height="316" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0nnfqC5y88T2d9_thID5xRg54DLJ52JNMbwdrxzvxK1ZGGISarm8IOdrj9P12bj9-x8sNWi4jNHzRSV3tuKprP3MTjXDDmXPAi4N5uFnyI9Dh37xEtMqV9dDWWFcrx9rxV7UJxGhDOzJ057TgQScJj5imAzgWeTSekF9UQkdVLEXM3ePLZxU6sU3EU0jH/s320/Screenshot_20230912-091953~2.png" width="320" /></a></div>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">Com base nas reflexões explanadas no
livro “A literatura como remédio”, de Dante Gallian (2017), o mediador
discorreu sobre a relevância de ler e transformar a experiência da leitura em
ampliação cognitiva, reflexiva e discursiva dos participantes do Clube de
Leitura para Iniciantes, que tem como objetivo, dentre outros, proporcionar no
Cariri um espaço de leitura e de debate de obras de autores e de autoras da
literatura brasileira. <o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">No primeiro encontro, o texto lido foi
“Parque dos horrores”, do livro “A cadeira de barbeiro”. Antes da leitura, que
ocorreu de forma interativa, houve breve explanação de notas alusivas às
temáticas gerais abordadas pela escritora Zélia Sales, bem como houve menção a
componentes biográficos e bibliográficos da autora. <o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">Houve explanação concisa, também,
acerca do gênero narrativo conto: definições, componentes estruturais,
características gerais etc. Dentre as propostas teórico-críticas, foi
apresentada a que se encontra em “Formas breves”, de Ricardo Piglia (2004). <o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">Com base no conto lido, a discussão foi
direcionada para diversos temas, dentre os quais: memória, conflitos familiares
em torno da relação pai e filha, frustrações da infância, configuração do
lúdico no imaginário da criança etc. <o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">O encontro foi concluído com o sorteio,
entre os presentes, de diversos livros teórico-críticos e ficcionais.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeeyIT9R_-dNOtNSeohNkul5WEhRdAktPnYVpT41BCJ0g0idB8DE4789FJOejRoTEii0avP-t7cXWWz62ZLXnvJ0_GBZlPqFdtJwD12-vyg1Og6_3vc4HP9FLVippWyrGnHqUz_X0h7EWQPJ8UqPfxluAAZBI73eyn4AWBXhvbplQLDntnh_efdtFuI6wg/s720/Screenshot_20230912-091920~2.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="707" data-original-width="720" height="314" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeeyIT9R_-dNOtNSeohNkul5WEhRdAktPnYVpT41BCJ0g0idB8DE4789FJOejRoTEii0avP-t7cXWWz62ZLXnvJ0_GBZlPqFdtJwD12-vyg1Og6_3vc4HP9FLVippWyrGnHqUz_X0h7EWQPJ8UqPfxluAAZBI73eyn4AWBXhvbplQLDntnh_efdtFuI6wg/s320/Screenshot_20230912-091920~2.png" width="320" /></a></div>
<p align="center" class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: center;"><span style="mso-no-proof: yes;"><v:shape id="_x0000_i1049" style="height: 280.5pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 368.25pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:/Users/MERSON~1/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image003.png">
</v:imagedata></v:shape></span><o:p></o:p></p>
<p align="center" class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: center;"><span style="mso-no-proof: yes;"><v:shape id="_x0000_i1048" style="height: 255pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 364.5pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:/Users/MERSON~1/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image004.png">
</v:imagedata></v:shape></span><o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none;">13 de agosto<o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">No segundo encontro, o texto lido foi
“Mas havia uma criança morta na mesa, no centro da sala”, do livro “A cadeira
de barbeiro”. Antes da leitura, houve breve predição acerca da obra e, após a
leitura interativa, houve debate alusivo aos temas: morte na infância,
alienação parental, conflitos familiares em decorrência da separação conjugal,
ausência paterna etc. <o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">Como nesta data foi comemorado o Dia dos
Pais, as discussões foram invariavelmente alusivas a essa data, tendo em vista
que o texto possibilitou esse tipo de debate.<span style="text-align: center;"> </span></p>
<p align="center" class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: center;"><span style="mso-no-proof: yes;"><v:shape id="_x0000_i1044" style="height: 239.25pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 369.75pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:/Users/MERSON~1/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image008.png">
</v:imagedata></v:shape></span><o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW8aN9iOjCPy1IryRKKT4RKxPoBhvM7_DI9nezQ1-bSfsSZLePc6x3UYBy1OhOxtSdoWzJexnc0n2UgZSJuZHHMRnqn6-UOnpY71FfubJvNPiJzkhyOg9ke79hSve17e3masBBEO5RXeol2pSK3CIoEKQrzrugT1Y0nrIyFbbzMGOaY5BfYLmVl86HuyrL/s720/Screenshot_20230912-091828~2.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="706" data-original-width="720" height="314" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjW8aN9iOjCPy1IryRKKT4RKxPoBhvM7_DI9nezQ1-bSfsSZLePc6x3UYBy1OhOxtSdoWzJexnc0n2UgZSJuZHHMRnqn6-UOnpY71FfubJvNPiJzkhyOg9ke79hSve17e3masBBEO5RXeol2pSK3CIoEKQrzrugT1Y0nrIyFbbzMGOaY5BfYLmVl86HuyrL/s320/Screenshot_20230912-091828~2.png" width="320" /></a></div>20 de agosto<o:p></o:p><p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">No terceiro encontro, o texto lido foi
“Circo Íbis”, do livro “A cadeira de barbeiro”. Antes da leitura, houve breve
predição acerca da obra e, após a leitura interativa, houve debate alusivo aos
temas: curiosidade infantil, frustração na infância, maternidade, conflitos
decorrentes do patriarcado, exploração do trabalho, erotização da figura
feminina etc.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">O encontro foi concluído com o sorteio,
entre os presentes, de diversos livros teórico-críticos e ficcionais, dentre
eles o livro “A cadeira de barbeiro”, que foi doado pela própria autora para
ser sorteado.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A participante
Elisabete Pacheco venceu o sorteio.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="text-align: center;"> </span></p><p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOc_7BxCAJppjD6YxhTRI0JaDqwkCYAXU3D4whwtv3YMExHmUyATG-aU-hkxVetkb3kgYyTxwnLyfcqxs9Cfwu9wvJ47LILYdWalVJoE7wD3IWIzhCzCCGOgmJsJO6TeDaSWGGCvSUPphUGSa2ayQF45w2mhWbGeCv72xMivjl87og9GmbVRP7T5DhmbyR/s1000/Screenshot_20230826-212547~2.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOc_7BxCAJppjD6YxhTRI0JaDqwkCYAXU3D4whwtv3YMExHmUyATG-aU-hkxVetkb3kgYyTxwnLyfcqxs9Cfwu9wvJ47LILYdWalVJoE7wD3IWIzhCzCCGOgmJsJO6TeDaSWGGCvSUPphUGSa2ayQF45w2mhWbGeCv72xMivjl87og9GmbVRP7T5DhmbyR/s320/Screenshot_20230826-212547~2.png" width="230" /></a></div><p></p>
<p align="center" class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: center;"><span style="mso-no-proof: yes;"><v:shape id="_x0000_i1041" style="height: 438pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 240.75pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:/Users/MERSON~1/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image011.png">
</v:imagedata></v:shape></span><o:p></o:p></p>
<p align="center" class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: center;"><span style="mso-no-proof: yes;"><v:shape id="_x0000_i1040" style="height: 224.25pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 367.5pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:/Users/MERSON~1/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image012.png">
</v:imagedata></v:shape></span><o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none;">27 de agosto<o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">No quarto encontro, o texto lido foi “Tia Cândida”, do
livro “O desespero do sangue”. Antes da leitura, houve breve predição acerca da
obra e, após a leitura interativa, houve debate alusivo aos temas: velhice,
demência cognitiva, culpa, conflitos decorrentes do patriarcado,
superdimensionamento de responsabilidades direcionadas à figura feminina, morte
etc. </p><p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">O
encontro foi concluído com o sorteio, entre os presentes, de diversos livros
teórico-críticos e ficcionais.<span style="text-align: center;"> </span></p>
<p align="center" class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: center;"><span style="mso-no-proof: yes;"><v:shape id="_x0000_i1038" style="height: 283.5pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 368.25pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:/Users/MERSON~1/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image014.png">
</v:imagedata></v:shape></span><o:p></o:p></p>
<p align="center" class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: center;"><span style="mso-no-proof: yes;"><v:shape id="_x0000_i1037" style="height: 212.25pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 362.25pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:/Users/MERSON~1/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image015.png">
</v:imagedata></v:shape></span><o:p></o:p></p>
<p align="center" class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: center;"><span style="mso-no-proof: yes;"><v:shape id="_x0000_i1036" style="height: 297.75pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 206.25pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:/Users/MERSON~1/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image016.png">
</v:imagedata></v:shape></span><o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYyn1gtEZiW1G8ezOI2YdHXge7-RAu-YR6GMYdQL-8DJ0Qy4iJ_VtKcnvzQCEfI0r5ir-sp-_8wtiJpg7byGf5rwdzD8QEDInSfoQBIxoEHMWzZKZ9bdop7WfBoBaCR5botu2smg08Gc_JFLhARYfGaffcvtT-dHQ6QIE-kEjuMkHbFKC19XwGALAmhquA/s905/Screenshot_20230901-214504~2.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="905" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYyn1gtEZiW1G8ezOI2YdHXge7-RAu-YR6GMYdQL-8DJ0Qy4iJ_VtKcnvzQCEfI0r5ir-sp-_8wtiJpg7byGf5rwdzD8QEDInSfoQBIxoEHMWzZKZ9bdop7WfBoBaCR5botu2smg08Gc_JFLhARYfGaffcvtT-dHQ6QIE-kEjuMkHbFKC19XwGALAmhquA/s320/Screenshot_20230901-214504~2.png" width="255" /></a></div><br />03 de setembro<o:p></o:p><p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">No quinto encontro, o texto lido foi “Mercado de carnes”,
do livro “O desespero do sangue”. Antes da leitura, houve breve predição acerca
da obra e, após a leitura interativa, houve debate alusivo aos temas:
prostituição infantil, conflitos decorrentes do patriarcado, depreciação da
figura feminina, erotização em contexto de pré-adolescência etc. </p><p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">O encontro foi concluído com o sorteio, entre
os presentes, de diversos livros teórico-críticos e ficcionais.<span style="text-align: center;"> </span></p>
<p align="center" class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: center;"><span style="mso-no-proof: yes;"><v:shape id="_x0000_i1034" style="height: 255.75pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 361.5pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:/Users/MERSON~1/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image018.png">
</v:imagedata></v:shape></span><o:p></o:p></p>
<p align="center" class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: center;"><span style="mso-no-proof: yes;"><v:shape id="_x0000_i1033" style="height: 259.5pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 361.5pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:/Users/MERSON~1/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image019.png">
</v:imagedata></v:shape></span><o:p></o:p></p>
<p align="center" class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: center;"><span style="mso-no-proof: yes;"><v:shape id="_x0000_i1032" style="height: 268.5pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 363pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="" src="file:///C:/Users/MERSON~1/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image020.png">
</v:imagedata></v:shape></span><o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwIndKATo-dVmhtFf6S8VPjkzNgE4cIoL4-3b4Ia6YPN5ftZXCw92tm8UemEqYjzbMCSvDuhyphenhyphenQHjkG3SvhA6ap294IvkYW7zA99P60TCk6_fDOjpJ9dXMWTR9MJUgPLEW5CsfM8LpCXIiV7N9qgLlmcabhSWwOItVPOdPAby1rr9nDEhiU-YL97YLIYcfA/s951/Screenshot_20230910-003415~2.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="951" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwIndKATo-dVmhtFf6S8VPjkzNgE4cIoL4-3b4Ia6YPN5ftZXCw92tm8UemEqYjzbMCSvDuhyphenhyphenQHjkG3SvhA6ap294IvkYW7zA99P60TCk6_fDOjpJ9dXMWTR9MJUgPLEW5CsfM8LpCXIiV7N9qgLlmcabhSWwOItVPOdPAby1rr9nDEhiU-YL97YLIYcfA/s320/Screenshot_20230910-003415~2.png" width="242" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBfGA6URSTQ_I1syP6oM8MNx0vUfMaj9PsiDK7mistoqEZ5QSwvjm17YunHrWMdLM3XF1URb4D9AwPxjKD1IhInVDBOrj5ehR9FJBosfDZyA5qlVesQDElRkpUfALT31BwacB6XeFNapMvW0ZZvwxNeNp5HWUt2Pm7W-u9c1If4JSx0UqUMvpiOikWntft/s1280/IMG-20230909-WA0019.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="882" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBfGA6URSTQ_I1syP6oM8MNx0vUfMaj9PsiDK7mistoqEZ5QSwvjm17YunHrWMdLM3XF1URb4D9AwPxjKD1IhInVDBOrj5ehR9FJBosfDZyA5qlVesQDElRkpUfALT31BwacB6XeFNapMvW0ZZvwxNeNp5HWUt2Pm7W-u9c1If4JSx0UqUMvpiOikWntft/w241-h320/IMG-20230909-WA0019.jpg" width="241" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisKu9toxjG6Tr880B5S_J300q6Pb-tGvZLUbQEuHOjCx0H69CNZRlkagDgrK1tONqOcFRwDNDqx00wxlR6Z9gXJKgwGl-wVOGDSBNxn_tOLrfVuj-i0yY3bjdIYZtUpd27NWhfJ3jG1aG4kuR4W-KDTBWXxJc6uBusfaL2FkMiKGznxjK8-xthroJOWnbX/s937/Screenshot_20230910-003359~2%20(1).png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="937" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisKu9toxjG6Tr880B5S_J300q6Pb-tGvZLUbQEuHOjCx0H69CNZRlkagDgrK1tONqOcFRwDNDqx00wxlR6Z9gXJKgwGl-wVOGDSBNxn_tOLrfVuj-i0yY3bjdIYZtUpd27NWhfJ3jG1aG4kuR4W-KDTBWXxJc6uBusfaL2FkMiKGznxjK8-xthroJOWnbX/s320/Screenshot_20230910-003359~2%20(1).png" width="246" /></a></div><br />10 de setembro<p></p><p class="LO-normal" style="mso-pagination: none;"><span style="text-align: justify;">No sexto e último encontro, o</span><span style="text-align: justify;"> texto lido foi o que dá título ao
livro: “O desespero do sangue”. Antes da leitura, houve breve predição acerca
da obra e, após a leitura interativa, houve debate alusivo aos temas: conflitos
decorrentes do patriarcado, poder de escolha da mulher, relações familiares, maternidade,
feminicídio etc.</span><span style="text-align: justify;"> </span></p><p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">O encontro foi concluído com o
sorteio, entre os presentes, de diversos livros teórico-críticos e ficcionais.
Dentre os livros, foi sorteado o que intitula o conto lido no encontro. Quem o
recebeu foi novamente a participante Elizabete Pacheco.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9u9EAaPsceCP8EE85eEZy7_59GAEaIJVufgSMPivUH5XoS9kKS50fjSgZRDqVQxpyMK9iDTJXJL6XZV08W4J3Dvzl0b_8GGuE_ke-XzawmvzLdAoxQelwM_FY9lFCotFB590kfAybIDoKHXgXwwuHLtzylMM0kYSxProHEArIJlKo77Ft94_7BoPefeS5/s1600/IMG-20230806-WA0058.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9u9EAaPsceCP8EE85eEZy7_59GAEaIJVufgSMPivUH5XoS9kKS50fjSgZRDqVQxpyMK9iDTJXJL6XZV08W4J3Dvzl0b_8GGuE_ke-XzawmvzLdAoxQelwM_FY9lFCotFB590kfAybIDoKHXgXwwuHLtzylMM0kYSxProHEArIJlKo77Ft94_7BoPefeS5/s320/IMG-20230806-WA0058.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3y1kd8xGgv6-fORew0zcn-Te32WhUc4j_0jzhTyeV1MUoV3DZ-klm8knnxUkM0UDRbO_dDqV5hVaKIkTTT76hTNhuaTQaRJ0xeL1QShwqOJWHJWZ7_Ige0y3oL86CvodpNsquOkZFKrGvPsJHMJ-MdN2j4il-euVwPlTzphzNlQr6XomET8cKg58vEUWo/s1600/IMG-20230813-WA0057.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3y1kd8xGgv6-fORew0zcn-Te32WhUc4j_0jzhTyeV1MUoV3DZ-klm8knnxUkM0UDRbO_dDqV5hVaKIkTTT76hTNhuaTQaRJ0xeL1QShwqOJWHJWZ7_Ige0y3oL86CvodpNsquOkZFKrGvPsJHMJ-MdN2j4il-euVwPlTzphzNlQr6XomET8cKg58vEUWo/s320/IMG-20230813-WA0057.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBidy5fJNVBAF3IoU9TnFU5bkEaOu0OrID1p8AcgGRbMdKv7BMBYuUcmiHRLD9HMvxzFUA6zrHyjDWvSuaOHPWK1f4TDrw8Ya_Bk2WfNGqYju2Lfq-upa8sGCYk560mHmettxyPl0-Vr26KNyCIehPZD_SKwwPS7rstwE0H7pHkLgj8olHcIkqc77N4Cuw/s1280/IMG-20230820-WA0013.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="1280" height="144" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBidy5fJNVBAF3IoU9TnFU5bkEaOu0OrID1p8AcgGRbMdKv7BMBYuUcmiHRLD9HMvxzFUA6zrHyjDWvSuaOHPWK1f4TDrw8Ya_Bk2WfNGqYju2Lfq-upa8sGCYk560mHmettxyPl0-Vr26KNyCIehPZD_SKwwPS7rstwE0H7pHkLgj8olHcIkqc77N4Cuw/s320/IMG-20230820-WA0013.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmpEf9pbbzYe1OftnOCSwNvszStYqWhTnDpGA5BIniA5ZCGDOTpQnKZoeQwkuEtwSKNkq7CiAt2D56Uw7cfVJiYod3wTlnapqLaeJYLWJ_M0zPYr5z-hyrwV66y82lOXKEeYW08h28Dj6fk8kh2CCVRBcxWY51Zls0KF7qFaEQyI9F-8aZM3DX80Vz_4cH/s1600/IMG-20230820-WA0015.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="900" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmpEf9pbbzYe1OftnOCSwNvszStYqWhTnDpGA5BIniA5ZCGDOTpQnKZoeQwkuEtwSKNkq7CiAt2D56Uw7cfVJiYod3wTlnapqLaeJYLWJ_M0zPYr5z-hyrwV66y82lOXKEeYW08h28Dj6fk8kh2CCVRBcxWY51Zls0KF7qFaEQyI9F-8aZM3DX80Vz_4cH/s320/IMG-20230820-WA0015.jpg" width="180" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgR8q_C9jQWOmqBtmfw8JM-zRXoqliEbkmpc_ut73jWYWJXVkD7gCzc7Z48g5xSS7g_gb5va3TwKGSkknfqmYrj-1i892ndGev3ZFjpaiM14RacJglOMPQSlzLV5EqyQswwDIQtzfI2tcLkRBUq05n9zOaQK1k8KGhnDxrcLhZj5kgqYveWNUYWKF8j_VxM/s1600/IMG-20230827-WA0080.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgR8q_C9jQWOmqBtmfw8JM-zRXoqliEbkmpc_ut73jWYWJXVkD7gCzc7Z48g5xSS7g_gb5va3TwKGSkknfqmYrj-1i892ndGev3ZFjpaiM14RacJglOMPQSlzLV5EqyQswwDIQtzfI2tcLkRBUq05n9zOaQK1k8KGhnDxrcLhZj5kgqYveWNUYWKF8j_VxM/s320/IMG-20230827-WA0080.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWVA7ciWd03rDhS8mDug8yE08BAjr8Z2c5na8GLcbtst9vNzOnUYFCpnk-Mas3XoaLF177doVFzt5k39hzsiTQbFV-bPQ1PMKXPwglNU0HiTPl2fd-qV9GT0eaTOxQfXnwMmPHDZ8AgzIxPvNBwkxs3SsFAf2y3ZZXtyL0WwjHDIKdLW1yLES91o2FplMM/s1600/IMG-20230903-WA0573~2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1197" data-original-width="1600" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWVA7ciWd03rDhS8mDug8yE08BAjr8Z2c5na8GLcbtst9vNzOnUYFCpnk-Mas3XoaLF177doVFzt5k39hzsiTQbFV-bPQ1PMKXPwglNU0HiTPl2fd-qV9GT0eaTOxQfXnwMmPHDZ8AgzIxPvNBwkxs3SsFAf2y3ZZXtyL0WwjHDIKdLW1yLES91o2FplMM/s320/IMG-20230903-WA0573~2.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3P-CzvjuddWeLTBlZ1MyRdMjlz7AGzg5N0YZQE8kem6VwA3qBHDlizcWiigYliYcXF9wyCnsnnwlx9GgEDQIvhT8URL37qyjByCeYxYQxlADPidDYdYoVyVRS3qJqhR-2wbqNICVWUzzag0ua82ggzkEBCPTfrxkbf2OaxFYULxEkLPTtrECzXuCfHNsS/s1550/IMG-20230903-WA0574~3.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1095" data-original-width="1550" height="226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3P-CzvjuddWeLTBlZ1MyRdMjlz7AGzg5N0YZQE8kem6VwA3qBHDlizcWiigYliYcXF9wyCnsnnwlx9GgEDQIvhT8URL37qyjByCeYxYQxlADPidDYdYoVyVRS3qJqhR-2wbqNICVWUzzag0ua82ggzkEBCPTfrxkbf2OaxFYULxEkLPTtrECzXuCfHNsS/s320/IMG-20230903-WA0574~3.jpg" width="320" /></a><b><o:p> </o:p></b></div>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;"><b>REFERÊNCIAS:<o:p></o:p></b></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">CARDOSO,
Émerson. <b>Notas sobre ‘A cadeira de barbeiro’, de Zélia Sales</b>. 2018.
Disponível em: https://emersoncardosoemerson.blogspot.com/2018/01/resenha-critica-notas-sobre-cadeira-de.html.
Acesso em: 06 ago. 2023.<o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">GALLIAN,
Dante. <b>A literatura como remédio</b>: os clássicos e a saúde da alma. São
Paulo: Martin Claret, 2017.<o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">PIGLIA,
Ricardo. Teses sobre o conto. <i>In</i>: <b>Formas breves</b>. São Paulo:
Companhia das Letras, 2004.<o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">SALES, Zélia.
<b>A cadeira de barbeiro</b>. Fortaleza: Luazul Editora, 2015. <o:p></o:p></p>
<p class="LO-normal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;">_____. <b>O
desespero do sangue</b>. Fortaleza: Luazul Editora, 2017. <o:p></o:p></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-46544012321554713182023-10-06T20:10:00.002-07:002023-10-06T20:10:08.498-07:00CRÔNICA: "O ESGOTAMENTO MENTAL QUE ME AGRIDE"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBzO5YSV0kDJRckG9wZbYPpsd6e3wLcjctOsh_R06IC1Fm9uFYe99PVHKL9vcGWeTmCIv2ILh42CsGciysEZAPi5x2djuXFjcoQGAkraie2z_NflA1rZmTCpDJwLKGzeM0t8cuxO9R22ag3Hee44p8VYSs83zDQP8vIEVilcsRlpQtZtTQNLiDvQsBtskG/s474/OIP.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="314" data-original-width="474" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBzO5YSV0kDJRckG9wZbYPpsd6e3wLcjctOsh_R06IC1Fm9uFYe99PVHKL9vcGWeTmCIv2ILh42CsGciysEZAPi5x2djuXFjcoQGAkraie2z_NflA1rZmTCpDJwLKGzeM0t8cuxO9R22ag3Hee44p8VYSs83zDQP8vIEVilcsRlpQtZtTQNLiDvQsBtskG/s320/OIP.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Não vou definir o que é esgotamento mental. Vou dizer, apenas, que meu esgotamento mental existe e eu estou perplexo com a dificuldade das pessoas em compreender que alguém pode ficar nessa situação.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Tenho histórico de esgotamentos. Vivenciei essa nefasta experiência durante a graduação e as pós-graduações, no ambiente de trabalho, no convívio familiar e em diversos momentos da minha vida. Quando olho para trás, constato que o esgotamento mental me foi uma presença constante. Ele me causa sensações terríveis: tontura, fadiga, angústia, sensação de febre, dores musculares, tensões, insônia, dores de cabeça, visão turva, taquicardia, impaciência, desespero, falta de concentração, tendência ao isolacionismo, medo, tristeza, dor e ausência de esperanças. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Neste momento em que escrevo, estou excessivamente cansado. O corpo e a mente gritam. A vida parece um eterno caminho de pedras a ser transposto por obrigação e a ser suportado mesmo que a duras penas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Estou cansado. Não digo que estou cansado da vida. Estou cansado de conduzir a vida desse modo um tanto grosseiro: sem paz, sem forças, sem descanso, sem afetos verdadeiros, sem compreensões tão necessárias para o convívio social e repleto de obrigatoriedades e cobranças acríticas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Estou exausto. Pessoas mais próximas estranham meu desejo de isolamento. Às vezes, o mundo parece um buraco que deve ser evitado. Sim, porque o mundo não se faz amável. Ele quer nossa energia e, infelizmente, essa energia já se exauriu. Na urgência de atender a esses ditames, a pessoa adoece e cai no mais absoluto esgotamento. O fundo do poço não instiga esperança de portas ou de escadas.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Estou esgotado. Quero descansar. Preciso descansar. Exijo de mim mesmo um resquício de descanso. Ainda não sei como fazê-lo, mas estou em busca de algum oásis que anule esse caos construído em meu derredor. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Não tenho ânimo para viagens, trilhas, atividades físicas, convívios, trabalho e atividades intelectuais. Como tenho compulsão por escrever, é tudo o que me resta. Escrever tem sido um subterfúgio, mas sabemos que essa atividade também pode nos esgotar. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Enfim, estou cansado como poucas vezes estive na vida. Quero algum alento. Não sinto que a vida pode melhorar se não me for possível vivenciar esse descanso. Torço para pessoas do meu convívio não estarem na mesma situação que eu, porque não é tranquilo lidar com isso. Enquanto busco meu descanso de algum modo, uma vez que se eu permanecer desse jeito não resistirei, vou torcendo para que o mundo seja menos caótico e mais leve. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Inspirado na irônica canção "Fundo do poço", de Clarice Falcão, também vou criar estratégias para decorar meu fundo do poço e transformá-lo em espaço de descanso. Enquanto não me vem a energia necessária para tal empreendimento, vou escrevendo daqui desse poço profundo. Fui atirado nele pelas exaustivas circunstâncias da vida, porém farei de tudo para transformá-lo em espaço de descanso.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: right;">Émerson Cardoso</div><div style="text-align: right;">12/09/2023<span style="text-align: justify;"> </span></div>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-50333170461805658162023-10-06T20:06:00.004-07:002023-10-06T20:12:47.474-07:00CRÔNICA: "O CALOR REINA NO MUNDO"<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVEfqQij6_jJb5iMLs3iG5d89-NDH1_6NlmPmx2CDcwbB8fhBPyubmTShnGC-0L6xHStFghyphenhyphensrUuDTENao0ZT_9RstxsTrKLS2-ehrjIJRI_GEs6OtqlbFFjn0mc5VC1mvO3VNtb7XWyDhQ3zK6U-0VYhXO1ZPqOd2jfy44VICh2hQ-V8rAVzUMRXUzNUO/s1320/calentamiento-1320x880.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="880" data-original-width="1320" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVEfqQij6_jJb5iMLs3iG5d89-NDH1_6NlmPmx2CDcwbB8fhBPyubmTShnGC-0L6xHStFghyphenhyphensrUuDTENao0ZT_9RstxsTrKLS2-ehrjIJRI_GEs6OtqlbFFjn0mc5VC1mvO3VNtb7XWyDhQ3zK6U-0VYhXO1ZPqOd2jfy44VICh2hQ-V8rAVzUMRXUzNUO/s320/calentamiento-1320x880.jpg" width="320" /></a></div><br />Hoje, quando o calor reina no mundo, sinto que não é possível enfrentá-lo sem aceitar que nós temos colhido o que plantamos. A mediocridade do ser humano tem destruído o planeta e, agora, temos constatado a natureza mostrando sua capacidade de ensinar pela dor.<p></p><p style="text-align: justify;">Não é que eu seja de todo pessimista, mas tampouco sou a viva esperança, de modo que ouso dizer: a humanidade pagará caro por ter desrespeitado a natureza da qual nunca deixou de fazer parte - embora faça de tudo para isentar-se dessa participação inequívoca. </p><p style="text-align: justify;">Ultimamente, além do calor, tem sido cansativo conviver com o mundo. Não tenho estrutura psíquica que me torne capaz de prosseguir com as máscaras sociais com as quais precisei deslizar em mil convívios. Quero leveza, sabe? Para ser leve, precisarei fugir de amarras criadas no entorno das relações. Também precisarei acender fogueira com as máscaras que já não cabem mais em meu rosto exaurido. </p><p style="text-align: justify;">Enquanto escrevo, sem ter exatamente condições de prosseguir, sinto que a noite me convida a um adormecimento incapaz de me acalentar. Estou exaurido demais para conseguir firmar meus sonhos em algum lugar capaz de me caber com minha angústia imensa, porém necessária em mim - sem ela não serei eu em minha essência. </p><p style="text-align: right;">07/10/2023</p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-56489461607335766992023-07-31T14:05:00.005-07:002023-07-31T20:48:50.012-07:00NOTAS A RESPEITO DO LIVRO "O SOL NA CABEÇA", DE GEOVANI MARTINS <p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_nOo6Uqp6kX_bq5lSSbAvF-LhYuGADIQbpShvQfEP-nbud_bYyYMehKLIjCaxTlbBTT9Umb_B5mEHEggYDubj_tZNav0jEqAV87oUmwC4B1gLAC3pL9FWLikUs6MrQ8umZuyIbHGSZa84QAuzg6WPDISBzrPB41gBxFqaKiCigqQ1B3RE6oTABMtmdzWM/s751/Captura_de_Tela_2020-07-25_%C3%A0s_18.15.43.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="503" data-original-width="751" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_nOo6Uqp6kX_bq5lSSbAvF-LhYuGADIQbpShvQfEP-nbud_bYyYMehKLIjCaxTlbBTT9Umb_B5mEHEggYDubj_tZNav0jEqAV87oUmwC4B1gLAC3pL9FWLikUs6MrQ8umZuyIbHGSZa84QAuzg6WPDISBzrPB41gBxFqaKiCigqQ1B3RE6oTABMtmdzWM/s320/Captura_de_Tela_2020-07-25_%C3%A0s_18.15.43.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Foto: www.puxadinhogeek.com.br</span></div><br />"O sol na cabeça", de Geovani Martins, apresenta treze contos. <p></p><p style="text-align: justify;">"Rolézim"</p><p style="text-align: justify;">"Espiral"</p><p style="text-align: justify;">"Roleta-russa"</p><p style="text-align: justify;">"O caso da borboleta"</p><p style="text-align: justify;">"A história do periquito e do macaco"</p><p style="text-align: justify;">"Primeiro dia"</p><p style="text-align: justify;">"O rabisco"</p><p style="text-align: justify;">"A viagem"</p><p style="text-align: justify;">"Estação Padre Miguel"</p><p style="text-align: justify;">"O cego"</p><p style="text-align: justify;">"O mistério da vila"</p><p style="text-align: justify;">"Sextou"</p><p style="text-align: justify;">"Travessia"</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-57358770150719901582023-07-31T13:41:00.010-07:002023-08-13T04:07:46.702-07:00CRÔNICA: CARTA PARA MIM MESMO EM PREPARAÇÃO PARA O PERÍODO EM QUE MAIS FICO DEPRESSIVO <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5izioU8vMXzb5OClekggR1U5k3HGUPY5MN0xVBZAUEIvc4Aj4NqwIiQJ5aK_I1ebrlupN9pGaIXtZ-7oS2R3biaap0vRSyvWNbq2V1jAN4LG_idZvycBKuhRLRrPZPnm3G8JcM2Ai6aFoqqf6zWJxi8yroO8MUwM8-BzLyiXg56gNiB4_s5VXAmeRFKUa/s4640/20221220_173451.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3488" data-original-width="4640" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5izioU8vMXzb5OClekggR1U5k3HGUPY5MN0xVBZAUEIvc4Aj4NqwIiQJ5aK_I1ebrlupN9pGaIXtZ-7oS2R3biaap0vRSyvWNbq2V1jAN4LG_idZvycBKuhRLRrPZPnm3G8JcM2Ai6aFoqqf6zWJxi8yroO8MUwM8-BzLyiXg56gNiB4_s5VXAmeRFKUa/w274-h206/20221220_173451.jpg" width="274" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Entre agosto e setembro, quando a temperatura sobe e o mundo torna-se insustentável para mim, eu tenho tendência a ficar depressivo. Deslocado que sou no mundo, sinto que a depressão faz parte de minha jornada e, sem querer apagá-la de mim, porque já a aceito em meu processo de existir, escrevo com um objetivo muito definido: quero atravessar esse meu deserto com algum preparo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Será que minha angústia vem do fato de que as férias acabam e eu tenho que voltar a trabalhar? Não, não tem a ver com isso, porque apenas em 2023 eu tive, de fato, férias em toda a minha vida. Também não considero que sala de aula seja espaço angustiante a ponto de me causar depressão. Meus conflitos nunca estiveram vinculados à sala de aula, especificamente, porque a escola dói é no que não é estudante em busca de algum futuro. A escola dói, em verdade, é na inautenticidade de outros componentes que deveriam ser união e força e não o são. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Será que minha angústia vem do aparente conflito interno que demonstro por ter uma mente que só está pacificada, no momento, porque mergulhada em oceano de <i>Escitalopran</i> e de <i>Trazodona</i>? Não, eu também estou melhor porque há tempos faço análise com um psicanalista lacaniano e isso tem me dado melhores dimensões sobre minha estrutura psíquica. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Será que minha angústia vem de ser exigente com os outros? Não, não mesmo, porque se faço exigências é em relação a mim, que me percebo falho demais e vivo de autocobranças. Culpa, a propósito, tem sido um desafio. Estou na luta para me livrar dessa arrebatadora de vidas. A culpa é uma destruidora voraz de vidas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Será que minha angústia vem do passado? Traumas? Família disfuncional? Infância infeliz? Sobreviver, devo dizer, foi o maior dos atos nessa minha existência capaz de compreensões apesar do endurecimento das relações. Também a análise tem me dado novas percepções dessa vida que é caos, no entanto merece alguns esforços de continuidade. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Será que minha angústia vem de... </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Chega! </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Não importa saber de onde ela vem. Importa saber apenas como existir apesar do que ela pode no devorar da carne. Importa, além disso, saber das esperanças motivadoras sem esquecer das fragilidades e das crueldades das relações. Tenho medo de altura, mas dificilmente não me inclinaria ao desafio de subir uma montanha. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Minha angústia, eu estou aberto a conversar e torná-la parte de um todo que sou sem, contudo, percebê-la infame quando vem em enxurrada. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Depressão, não me faça deitar em berço esplêndido e esperar que gritem às margens plácidas quando eu posso emitir meu próprio grito. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Acolho, portanto, esse momento que me virá sem revolta, mas não com aceitação passiva, e quero estar pronto para seguir meu andar sem medo, sem amarras e sem cansaços aprisionadores. Em breve, quando passar essa nuvem de poeira, vamos prosseguir com novas motivações. Eu estou aberto às possibilidades de viver, mesmo que em alguns momentos eu não consiga encontrar no horizonte, senão, um constante ocaso. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: right;">Émerson Cardoso</div><div style="text-align: right;">31/07/2023</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-57298061881885216352023-07-26T21:06:00.013-07:002023-07-26T22:06:02.457-07:00CRÔNICA: "O QUE É INSUPORTÁVEL PARA MIM?"<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijNhL1Z5QgyUNaInRKOK9IxCwXgqTGw70SzTF7n--lK4HkxkL2oG0Q-ZIy-vZP_YjRSNwJjrNvNhMokhPe6Q8V9kuvlyXYDIAW0ffs_3yR1QhSzzpwGKoHVyYJ7Ll2n52KTAfZTGK8lmJdaCqHWMATGmC7y5jznri3F6KHBZDr94fkQtqdFB7Im-YTbg6N/s886/Screenshot_20230724-082923~2.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="886" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijNhL1Z5QgyUNaInRKOK9IxCwXgqTGw70SzTF7n--lK4HkxkL2oG0Q-ZIy-vZP_YjRSNwJjrNvNhMokhPe6Q8V9kuvlyXYDIAW0ffs_3yR1QhSzzpwGKoHVyYJ7Ll2n52KTAfZTGK8lmJdaCqHWMATGmC7y5jznri3F6KHBZDr94fkQtqdFB7Im-YTbg6N/s320/Screenshot_20230724-082923~2.png" width="260" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Eu fico exaurido de tanto ter que usar máscaras. Eu as afixo em mim com milhões de pregos nos cotidianos da vida. Algumas pessoas pensam e sentem diferentemente de mim, de modo que as respeito, mas eu sinto exaustão, mal-estar e dor física ao conviver em excesso com as pessoas. Devo me explicar, antes que me demonizem pela afirmação? </div><p></p><p style="text-align: justify;">Convivo bem com as pessoas. Juro. É sempre prazeroso conversar e compartilhar ideias com pessoas inteligentes, bem humoradas, simples e que buscam serem práticas sem confundir a praticidade com grosseria. Eu convivo com muitas pessoas assim, mas convivo, também, com pessoas que são bem diferentes disso que aponto como o meu "ideal" de pessoas boas para conviver.</p><p style="text-align: justify;">Quando tenho que conviver com pessoas com as quais sou exigido por alguma questão inevitável, devo confessar que a solidão pode ser um alívio, porque estar sozinho ameniza ansiedades e urgências e traumas e frustrações e tristezas. Fugir do convívio, como se pode constatar, não nos amplia. Conviver prepara-nos o espírito, torna-nos mais fortes e capazes de crescimentos. Apesar de saber disso, eu ainda preferiria a solidão a ter que estar em más companhias. Dizem até que elas destroem hábitos úteis, não é? </p><p style="text-align: justify;">Agora, se me permite, existem gestos e palavras e comportamentos humanos, nos diversos grupos aos quais costumo acorrer (obrigatoriamente ou não), que me parecem insustentáveis e insuportáveis. Eu começarei a enumerá-los como forma de expurgação. Talvez seja um ato um tanto quanto passivo-agressivo, mas costumo usar a escrita para esse tipo de expurgação. Exposta a ressalva, vou começar:</p><p style="text-align: justify;">1 - Pessoas competitivas (homens tendem a ser mais competitivos, mas algumas mulheres o são também) e, ainda pior, que competem por bobagens;</p><p style="text-align: justify;">2 - Pessoas cujos gestos parecem bondosos quando, em verdade, ocultam maledicências e moralismos e falsidades; </p><p style="text-align: justify;">3 - Pessoas incapazes de guardar segredos por serem indiscretas e por precisarem demais se autoafirmarem;</p><p style="text-align: justify;">4 - Pessoas incapazes de fazer autoavaliação, mas que percebem com rigor as posturas negativas dos outros;</p><p style="text-align: justify;">5 - Pessoas que, egocêntricas demais ou narcisistas em excesso, são incapazes de um gesto de humildade;</p><p style="text-align: justify;">6 - Pessoas que não percebem o quão podem parecer inconvenientes e deselegantes em alguns espaços públicos;</p><p style="text-align: justify;">7 - Pessoas que bebem e tornam-se agressivas, desagradáveis e inconvenientes;</p><p style="text-align: justify;">8 - Pessoas que precisam de autoafirmação constante a ponto de propagarem demais o bem que fazem aos outros;</p><p style="text-align: justify;">9 - Pessoas que mentem com o intuito de prejudicarem outras pessoas; </p><p style="text-align: justify;">10 - Pessoas que não sabem respeitar o espaço do outro;</p><p style="text-align: justify;">11 - Pessoas que não têm profundidade em relação a determinado tema e querem passar, equivocada ou acriticamente, por especialistas desse tema;</p><p style="text-align: justify;">12 - Pessoas que consideram indispensável leitura de obras literárias para que uma pessoa seja sábia, instigante ou inteligente;</p><p style="text-align: justify;">13 - Pessoas que se consideram importantes demais e levam-se a sério demais;</p><p style="text-align: justify;">14 - Pessoas mal-humoradas;</p><p style="text-align: justify;">15 - Pessoas que são negacionistas e, consequentemente, acríticas em assuntos de política, ou que endeusam excessivamente um partido, uma corrente política, um líder político (o mesmo se aplica a questões de religião);</p><p style="text-align: justify;">16 - Pessoas que ligam por meio de celular e passam mais de 15min conversando (eu sempre sinto dor de cabeça quando atendo ligação) ou que prosseguem uma longa conversa depois de uma despedida;</p><p style="text-align: justify;">17 - Pessoas que pedem algum favor sem perguntar, previamente, se o outro poderá realizar a ação pedida;</p><p style="text-align: justify;">18 - Pessoas que recorrem demais ao conhecimento, ao status e à crença como forma de propagar uma verdade ou maltratar, diminuir e subjugar alguém;</p><p style="text-align: justify;">19 - Pessoas que não usam fones de ouvido nos transportes públicos e não públicos para ouvirem música (independentemente do gênero musical);</p><p style="text-align: justify;">20 - Pessoas que furam fila;</p><p style="text-align: justify;">21 - Pessoas que não gostam de conversar amenidades ou coisas profundas em contexto de encontro com amigos, porque estão presas demais ao celular, a mágoas passadas ou algum mal-estar pessoal; </p><p style="text-align: justify;">22 - Pessoas que confundem amizade com obrigatoriedade de estar disponível sempre; </p><p style="text-align: justify;">23 - Pessoas que usam verbos no imperativo; </p><p style="text-align: justify;">24 - Pessoas que fingem simpatia para forçarem aproximação por interesse;</p><p style="text-align: justify;">25 - Pessoas que não compreendem que é preciso manter distanciamento prudente de certos assuntos previamente apontados como desagradáveis por alguém; </p><p style="text-align: justify;">26 - Pessoas que exigem atenção por serem carentes demais;</p><p style="text-align: justify;">27 - Pessoas invasivas em qualquer grau ou circunstância; </p><p style="text-align: justify;">28 - Pessoas que são possessivas ou ciumentas;</p><p style="text-align: justify;">29 - Pessoas que gostam de subjugar com elogios, favores e atenções desmesuradas como forma de manipular;</p><p style="text-align: justify;">30 - Pessoas que tendem a transformar as demais em monstruosas para se colocarem como vítimas das situações. </p><p style="text-align: justify;">Aos que são próximos e aos que são distantes, digo logo que não estou fazendo crítica direta ou indireta a quem quer que seja, porque eu mesmo não estou isento de ter muitos desses comportamentos que enumerei. Quem está livre de ser um ser humano? A questão é que algumas pessoas não têm o cuidado de se autoavaliarem. Não digo que devem se sentir culpadas ou se punirem, mas autoavaliação pode ser um bom caminho. É sempre pertinente se tornar uma pessoa melhor para si, para o outro e para o mundo. </p><p style="text-align: justify;">Como disse, estou longe de ser santo, mas faço o esforço para não ser uma pessoa de todo desagradável. Além disso, procuro cuidar da mente. Faço análise com um psicanalista lacaniano há alguns anos. Tenho melhorado significativamente. Sou sensível demais aos conflitos, tenho dificuldade de dizer não, por isso preciso manter certa prudência. Se não faço isso, a vida se torna insustentável. Devo ser meio lunático, mas já admito para mim esse lado que tenho, pois não quero me forçar a usar máscaras com tanta frequência. Suportar certas posturas é me violentar para agradar ao outro, então preciso rever isso. </p><p style="text-align: justify;">Para encerrar o desabafo, quero dizer o seguinte: familiares, amigos e amigas, relacionamentos possíveis e impossíveis (e tantas outras formas de relações humanas às quais estou inevitavelmente submetido no cotidiano caótico da existência), pode ser que o problema esteja em mim: tenho tendência a me exaurir fácil. Preciso de distanciamentos de tempos em tempos para me recompor. Não me odeiem por isso, mas se odiarem afastem-se discretamente, porque sou capaz de até pedir desculpas por esse texto que escrevi. Eu, no entanto, advirto: estou sendo muito mais eu mesmo ao escrever.</p><p style="text-align: justify;">Vou confessar uma última coisa a respeito dessa minha percepção sobre a convivência: as pessoas que mais amo na vida são as que demoro a encontrar e, quando as encontro, tenho a sensação de que as vi no dia anterior. </p><p style="text-align: justify;">E tenho dito. </p><p style="text-align: right;">27/07/2023</p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-67552853068879788522022-11-30T16:45:00.012-08:002023-05-18T17:00:19.327-07:00"UM APÓLOGO", DE MACHADO DE ASSIS<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span> </span><span> </span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2eO5Z3qPHXC03zmJl9w8dSbxJzqqB4lGtxCVOlH7cypJliVpWW-wMVLVuzKx7JKAobq9s5bCsAajAYem42kLyyvIRY8X8fdZKpJ-29X0yGewVcjQC1iKXV3gqHlJtRry0ifmYKfllQQzDXntQAWPlbfZ7L6bl4CfJCZyKGgklvdNqukgXhHSh7l4JEQ/s801/um_apologo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="538" data-original-width="801" height="215" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2eO5Z3qPHXC03zmJl9w8dSbxJzqqB4lGtxCVOlH7cypJliVpWW-wMVLVuzKx7JKAobq9s5bCsAajAYem42kLyyvIRY8X8fdZKpJ-29X0yGewVcjQC1iKXV3gqHlJtRry0ifmYKfllQQzDXntQAWPlbfZ7L6bl4CfJCZyKGgklvdNqukgXhHSh7l4JEQ/s320/um_apologo.jpg" width="320" /></a></div><br /><span> </span><span> </span>Era uma vez uma agulha, que disse a um
novelo de linha:<span style="font-size: 11pt;"> </span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para
fingir que vale alguma coisa neste mundo?</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Deixe-me, senhora.</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar
insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não
tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se
com a sua vida e deixe a dos outros.</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Mas você é orgulhosa.</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Decerto que sou.</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Mas por quê?</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é
que os cose, senão eu?</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os
cose sou eu, e muito eu?</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro,
dou feição aos babados…</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por
você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando…</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Também os batedores vão adiante do imperador.</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Você é imperador?</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo
adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo.
Eu é que prendo, ligo, ajunto…</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se
disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de
si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da
agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra
iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os
dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor
poética. E dizia a agulha:</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara
que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os
dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima…</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era
logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está
para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se
também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia
mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira
dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até
que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a
ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto
necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou
outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha,
para mofar da agulha, perguntou-lhe:</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa,
fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e
diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para
o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e
não menor experiência, murmurou à pobre agulha: — Anda, aprende, tola.
Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí
ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém.
Onde me espetam, fico.</span><span style="font-size: 11pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse,
abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!<o:p></o:p></span></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-79421912324672477092022-11-30T16:35:00.012-08:002023-01-24T07:35:56.415-08:00CRÔNICA: "BRINQUEDOS INCENDIADOS", DE CECÍLIA MEIRELES<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPu7DiJF0hBz01AUVIJdQUN7TCAVanxqRVbFGLhfSa9Rr4sJx-d_DlRgXGDt_JgBRRqom5Tu5VH1bOyVwdjkrNFCuvVed_f1g4nX3LX8fateBNK1Ha_ElZsy-PCg2C9pYFLbe4xJWqemXRLbQ3_W5eqlkjSVr4rSwkuBQN66lZDnOtlbyhOuuuxGw1qw/s1000/file.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="679" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPu7DiJF0hBz01AUVIJdQUN7TCAVanxqRVbFGLhfSa9Rr4sJx-d_DlRgXGDt_JgBRRqom5Tu5VH1bOyVwdjkrNFCuvVed_f1g4nX3LX8fateBNK1Ha_ElZsy-PCg2C9pYFLbe4xJWqemXRLbQ3_W5eqlkjSVr4rSwkuBQN66lZDnOtlbyhOuuuxGw1qw/w165-h243/file.jpg" width="165" /></a></div><br /><p style="margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><p style="margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Uma noite houve um incêndio num bazar. E no fogo total
desapareceram consumidos os seus brinquedos. Nós, crianças, conhecíamos aqueles
brinquedos um por um, de tanto mirá-los nos mostruários – uns, pendentes de
longos barbantes; outros, apenas entrevistos em suas caixas. Ah! Maravilhosas
bonecas louras, de chapéus de seda! Pianos cujos sons cheiravam a metal e
verniz! Carneirinhos lanudos, de guizo ao pescoço! Piões zumbidores! – e uns
bondes com algumas letras escritas ao contrário, coisa que muito nos seduzia – filhotes
que éramos, então, de M. Jordain, fazendo a nossa poesia concreta antes do
tempo.<o:p></o:p></p><p style="margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Às vezes, num aniversário, ou pelo Natal, conseguíamos
receber de presente alguns bonequinhos de celuloide, modesto cavalinhos de
lata, bolas de gude, barquinhos sem possibilidade de navegação... – pois
aquelas admiráveis bonecas de seda e filó, aqueles batalhões completos de
soldados de chumbo, aquelas casas de madeira com portas e janelas, isso não
chegávamos a imaginar sequer para onde iria. Amávamos os brinquedos sem
esperança nem inveja, sabendo que jamais chegariam às nossas mãos, possuindo-os
apenas em sonho, como se para isso, apenas, tivessem sido feitos. <o:p></o:p></p><p style="margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Assim, o bando que passava, de casa para a escola e da
escola para casa, parava longo tempo a contemplar aqueles brinquedos e lia
aqueles nítidos preços, com seus cifrões e zeros, sem muita noção do valor –
porque nós, crianças, de bolsos vazios, como namorados antigos, éramos só
renúncia e amor. Bastava-nos levar na memória aquelas imagens e deixar cravadas
nelas, como setas, os nossos olhos. <o:p></o:p></p><p style="margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Ora, uma noite, correu a notícia de que o bazar incendiara.
E foi uma espécie de festa fantástica. O fogo ia muito alto, o céu ficava todo
rubro, voavam chispas e labaredas pelo bairro todo. As crianças queriam ver o
incêndio de perto, não se contentavam com portas e janelas, fugiam para a rua,
onde brilhavam bombeiros entre jorros d’água. A elas não interessavam nada
peças de pano, cetins, cretones, cobertores, que os adultos lamentavam. Sofriam
pelos cavalinhos e bonecas, os trens e palhaços, fechados, sufocados em suas
grandes caixas. Brinquedos que jamais teriam possuído, sonhos apenas da
infância, amor platônico.<o:p></o:p></p><p style="margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">O incêndio, porém, levou tudo. O bazar ficou sendo um
fumoso galpão de cinzas.<o:p></o:p></p><p style="margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Felizmente, ninguém tinha morrido – diziam em redor. Como
não tinha morrido ninguém?, pensavam as crianças. Tinha morrido o mundo e,
dentro dele, os olhos amorosos das crianças, ali deixados.<o:p></o:p></p><p style="margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">E começávamos a pressentir que viriam outros incêndios. Em
outras idades. De outros brinquedos. Até que um dia também desaparecêssemos sem
socorro, nós brinquedos que somos, talvez de anjos distantes!<o:p></o:p></p><p style="margin: 0cm; text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p style="margin: 0cm; text-align: justify;"><b>REFERÊNCIA:</b><o:p></o:p></p><p style="margin: 0cm; text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">
</p><p style="margin: 0cm; text-align: justify;">MEIRELES, Cecília. <b>Escolha seus sonhos</b>. 25. ed. Rio
de Janeiro: Record, 1996.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="margin-left: 7.1pt; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><o:p></o:p></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-65437835375698738402022-11-10T20:10:00.010-08:002022-11-11T09:25:06.943-08:00RESENHA CRÍTICA DO LIVRO "O TERCEIRO ANONIMATO", DE FERREIRA LIMA<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2mRHEqk4DEEJ7kTfKqQdNENssVIFhYpDsQ89djUm-nrxTNUEYej_Hre3-5-itSFrSxG3xDMhcj5P__6L6RP8fxT3pO_yiQqrJa44qXmXnktimWRJogT7n8uj1LVznDbYBerchzo624KDpSJU13A8YMnwYvPmviDqHxYMDM261GWUPFCEQOHH-n3S-ig/s761/IMG-20221108-WA0025~4.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="638" data-original-width="761" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2mRHEqk4DEEJ7kTfKqQdNENssVIFhYpDsQ89djUm-nrxTNUEYej_Hre3-5-itSFrSxG3xDMhcj5P__6L6RP8fxT3pO_yiQqrJa44qXmXnktimWRJogT7n8uj1LVznDbYBerchzo624KDpSJU13A8YMnwYvPmviDqHxYMDM261GWUPFCEQOHH-n3S-ig/w246-h206/IMG-20221108-WA0025~4.jpg" width="246" /></a></span></div><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt;">LIMA, Valdi Ferreira. </span><b style="font-size: 12pt;">O terceiro anonimato</b><span style="font-size: 12pt;">. Fortaleza: Editora Radiadora, 2022. </span></div></span><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">O terceiro anonimato</span></i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">, de Ferreira Lima, publicado em 2022, apresenta vinte
e três poemas de inegável apuro técnico e expressivo. Como é evocado no título,
essa obra faz parte de uma trilogia iniciada com o livro <a name="_Hlk119021027"><i>Poemas
para assobiar de longe </i>(2019) e seguida do livro <i>Apontamentos sobre o
cultivo da poesia</i> (2021).</a></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">Os três
primeiros poemas apresentados (os mais curtos do livro) são: <i>O anonimato</i>,
<i>Escrever</i> e <i>Andarilho</i>. No primeiro, como constatamos pelo título,
temos o tema por excelência da obra. No segundo, temos um tom metalinguístico
que será constante ao longo do livro. No terceiro, temos um poema direcionado para
a subjetividade de uma voz lírica que reflete sobre a busca de si mesmo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">O anonimato,
a escrita e as reflexões sobre a subjetividade de vozes líricas em contextos existenciais
diversos perpassam o eixo poemático desse livro. Exemplar dessa perspectiva são
os poemas: <i>Anônimo, analógico e anacrônico, Simétrico </i>(o melhor poema do
livro seja do ponto de vista do conteúdo, seja do ponto de vista da forma)<i>, Trajeto, Pássaro, Derradeiras de quem vai partir, Um certo voo, O(s) poeta(s),
Andarilho ou Adeus, anonimato!</i> e <i>O terceiro anonimato</i>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">Instigante,
sobretudo, é o poema <i>Sísifo</i>, um dos melhores do livro. Ferreira Lima
retoma nele o mito grego do rei que ousa interferir nas ações dos deuses e
acaba sendo punido, no Tártaro, com uma pedra que tenta conduzir até o cimo de uma
montanha sem conseguir fazê-lo eternamente. O anonimato surge no poema metaforizado na imagem dessa pedra
que se torna, também, a punição da voz lírica. Escrever é uma expurgação necessária
a quem é poeta, mas pode ser torturante produzir quando se pode ser silenciado pelo anonimato. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">Em <i>Ulisses</i>,
poema que retoma o herói grego de uma das obras fundantes da Literatura
Ocidental, temos uma reflexão sobre a escrita, uma perscrutação da
subjetividade da voz lírica e explanações sobre a temática amorosa. O amor, a
propósito, é retomado em vários poemas: <i>Mil desculpas, Metas, Dotes para uma
amada em segredo, Confissões de uma carta anunciada, Encontro, Cotidiano, Não
quero tudo</i> e <i>Pra sempre</i>. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">Percebemos,
após a leitura desse livro, que além do anonimato e do amor, reflexões sobre a escrita poética (com um tom metalinguístico evidente) também se caracterizam como recorrentes na obra do autor. Enquanto reflete sobre a escrita do poema, há predisposição do escritor a um atento trabalho com
a linguagem. Não há rebuscamento linguístico, tampouco excessos imagéticos
construídos a partir de metaforizações simplistas, em seus poemas. Quando recorre a figuras de
linguagem (hipérbole, metáfora, símile, antítese, anacoluto, anáfora,
aliteração etc.), ele está comprometido com a construção de imagens criativas e de perceptível
lirismo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">No epílogo
da obra, Nirton Venâncio comenta (<i>apud</i> LIMA, 2022, p. 110): “E onde
estava Valdi Ferreira Lima que eu não via, que não víamos, que não líamos?” Reforço a pergunta, pois ao ler essa obra tive a sensação de estar diante de um dos grandes poetas do Ceará e, até pouco tempo, eu o desconhecia. É urgente, portanto, conhecê-lo. Há muito a descobrir na poesia que ele nos apresenta sem preciosismos e sem imbricadas soluções vocabulares.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">Ressalvo que <i>O
terceiro anonimato</i> encerra uma trilogia de poesias de Ferreira Lima, este poeta
que descobri recentemente e é, sem dúvidas, um notável escritor. A poesia dele merece
atenção, de modo que jamais poderá ser obscurecida pelo anonimato. O talento do autor e a beleza de sua obra precisam chegar ao mundo. Precisamos de poesia para ampliar nossas existências cotidianas. Leiamos, urgentemente, a poesia de Ferreira Lima.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">Valdi Ferreira
Lima nasceu em Serra da Donana, município de Jucás–CE, mas mora há anos em
Sobral–CE. Vencedor de diversos prêmios, ele publicou: <i>O guardador de raízes</i>
(2018), <i>Poemas para assobiar de longe </i>(2019) e <i>Apontamentos sobre o
cultivo da poesia</i> (2021). <o:p></o:p></span></p><br /><p></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-25461354950420570332022-09-30T06:47:00.006-07:002022-11-16T05:49:08.539-08:00CARTA PARA A VIDA APESAR DO CAOS DO MUNDO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEsZhj2BmOOGCygEYRUUIVsAGssQQGksjS7g0gV8EgsFsghOgG0-9O8J4_Sycb-IC7zRvR-B8zta5Es9UL59J5xesh6KGIYKXLLIuTIwGXo-dGFrbELIdAjzpjOmT-RWl6IKjKyWkeVFY8gTBBNulUso5Q1ElxW2LIR37tpznBO061WTfMaY4o7N9BEA/s800/constela%C3%A7%C3%A3o-dos-g%C3%AAmeos-60621410.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="182" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEsZhj2BmOOGCygEYRUUIVsAGssQQGksjS7g0gV8EgsFsghOgG0-9O8J4_Sycb-IC7zRvR-B8zta5Es9UL59J5xesh6KGIYKXLLIuTIwGXo-dGFrbELIdAjzpjOmT-RWl6IKjKyWkeVFY8gTBBNulUso5Q1ElxW2LIR37tpznBO061WTfMaY4o7N9BEA/w182-h182/constela%C3%A7%C3%A3o-dos-g%C3%AAmeos-60621410.jpg" width="182" /></a></div><p style="text-align: justify;">Não sabemos totalmente onde localizar a fronteira entre o que é certo e o que é errado. Existem muitas implicações nessa dualidade, porque o que é certo para mim pode ser errado para o outro. Talvez seja esse, por excelência, o desafio de nossas existências: refletir sobre o melhor caminho para um possível equilíbrio e descobrir forças para agir conforme uma ética, um senso de justiça, um construto de respeito. </p><p style="text-align: justify;">Somos dois lados de uma página em branco que pode ser construída por quem melhor acolhe a capacidade de articular palavras na tentativa de contar uma história. Chimamanda Ngozi Adichie ensina que há um perigo inerente à legitimação de uma história única. Sempre existem dois ou mais lados quando uma narrativa é apresentada.</p><p style="text-align: justify;">Tudo o que sabemos (do muito que desconhecemos) é que ainda é possível respirar apesar da dor e da angústia reveladas no cotidiano. Respirar ainda é possível?</p><p style="text-align: justify;">Cada caminho percorrido e cada decisão tomada, tenho por certo, é como o caos afogado nas linhas das mãos sem qualquer resquício de correnteza. </p><p style="text-align: justify;">Assim é a vida: e tudo o mais é encontrar forças para prosseguir na jornada que pode ser curta ou pode ser longa, mas está repleta de paisagens verdejantes, apesar do cinza. </p><p style="text-align: right;">Émerson Cardoso</p><p style="text-align: right;">11/10/2022</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-90000103403478581912022-09-21T08:11:00.016-07:002022-09-26T09:05:54.908-07:00CARTA PARA QUEM ESCREVE UMA TESE DE DOUTORADO <p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjR_lX94B_DIw1ibFaTeNrWX7PFi2xoCIDDZehr_bzf3O4r9jBHAHP6SLy4PDu7FKjCXLcS0JS4CxrsAikuqF37FZvmb-M7rEk9o0Qv5Pvb8C7ymmoZDrMHsSwHFX4mQpdLTAFFKwBHq4D74v7Chz5Hp5ohDbcMh6SlBe3Uu8xPF6zXR7fujvwHGIIoVQ/s626/subito-dormindo-na-biblioteca-em-cima-da-mesa_1303-15790.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="417" data-original-width="626" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjR_lX94B_DIw1ibFaTeNrWX7PFi2xoCIDDZehr_bzf3O4r9jBHAHP6SLy4PDu7FKjCXLcS0JS4CxrsAikuqF37FZvmb-M7rEk9o0Qv5Pvb8C7ymmoZDrMHsSwHFX4mQpdLTAFFKwBHq4D74v7Chz5Hp5ohDbcMh6SlBe3Uu8xPF6zXR7fujvwHGIIoVQ/w288-h192/subito-dormindo-na-biblioteca-em-cima-da-mesa_1303-15790.jpg" width="288" /></a></div><br />Caros irmãos e irmãs, <p></p><p style="text-align: justify;">Antes de iniciarmos a escrita da tese, que nos deixa em tensão constante, passamos por um processo seletivo excludente e massacrante, concorda? Quando saiu o resultado, devo dizer, a alegria foi sem tamanho. A sensação de vitória não nos cabia no peito, lembra? </p><p style="text-align: justify;">Depois, vêm as disciplinas a cumprir, com seus respectivos trabalhos de conclusão. Em seguida, temos que retomar nossos projetos e reorganizá-los para iniciar o trabalho de pesquisa. Tudo em atendimento a burocracias e a cumprimento de prazos. Faz parte do <i>métier,</i> sei disso, mas não é tão simples quanto parece. </p><p style="text-align: justify;">Não sei como aconteceu com vocês, mas, no meu caso, eu estudei em João Pessoa-PB, cidade muito distante da minha, de modo que ir para as aulas, semanalmente, foi uma experiência entre alegre e angustiante: 1) alegre porque ir para as aulas era a certeza de que eu havia entrado no Programa de Pós-Graduação tão desejado e a oportunidade de estudar com professores e professoras, sem exceção, incríveis; 2) angustiante porque voltar para casa era ter que ir da rodoviária, depois de quase nove horas de viagem, para a escola em que trabalho. Gosto muito de ser professor, mas na ocasião, quando eu esperava o afastamento do Estado (que me veio seis meses depois e, por questões burocráticas, durou apenas um ano), a sala de aula me consumia.</p><p style="text-align: justify;">Agora, que estou na escrita da tese, penso muito no seguinte: que tal transformar esse processo que pode ser angustiante em algo suportável? </p><p style="text-align: justify;">Para começar, devo dizer que escrever uma tese é um processo extremamente solitário. Ele exige solidão, sem dúvidas, porque só se desenvolve quando se tem, minimamente, um espaço adequado para a leitura e a escrita, quando se tem ambiente silencioso e tranquilo com a menor quantidade possível de interferências etc. Que tarefa difícil encontrar esse espaço para muitos de nós!</p><p style="text-align: justify;">Quando consigo esse espaço, coloco cânticos gregorianos, sons da natureza ou de harpas. Os livros de que preciso coloco-os todos muito próximos de mim. Escrevo seguindo um roteiro mental diariamente construído. Como faço mapeamento das obras literárias que analiso, também fichamentos das obras teórico-críticas lidas ao longo da pesquisa, isso me ajuda significativamente. Devo dizer, todavia, que não deixa de ser desafiador cumprir esse ritual!</p><p style="text-align: justify;">Nesse processo que exige organização e momentos solitários, Deus sabe, corremos o risco de vivenciar dores físicas e psíquicas. Psíquicas, sobretudo, pois sentimos pressões de todos os lados. Os familiares raramente consideram nossa atividade como um trabalho relevante. Os amigos raramente conseguem a empatia que nos representa acolhida para lidar com a necessidade de distanciamento, por vezes, tão sofrida. Quem tem relacionamentos afetivos pode sofrer com cobranças de atenção quando, em verdade, o que queremos é empatia e apoio. Os ambientes de trabalho (caso estejamos vinculados a algum ambiente de trabalho) não têm a verdadeira dimensão do sacrifício que é estudar, produzir uma tese e sobreviver às exigências inerentes às atividades a serem realizadas. Os programas (não são todos) criam seminários acadêmicos e relatórios a serem entregues periodicamente com o objetivo de, por vezes, burocratizar o que já é burocratizante ao extremo. Faz parte do <i>métier</i>, claro, mas ainda é desafiador!</p><p style="text-align: justify;">Nesse contexto todo, ainda existe a relação com o orientador, que pode ser maravilhosa ou desalentadora (eu tive a sorte de ter o melhor orientador do mundo, tendo em vista que ele tanto orienta trabalhos acadêmicos com dedicação e vasto conhecimento, quanto ajuda na compreensão de conteúdos que podem ser complexos, sempre com respeito e gentileza). Há casos, porém, em que as pessoas não têm essa mesma sorte. O sofrimento, quando isso acontece, pode ser triplicado. Torço para que vocês estejam bem nesse quesito! </p><p style="text-align: justify;">Quanto ao processo de escrita da tese propriamente dito, invade-nos, frequentemente, o MEDO. Temos medo de não dar conta do trabalho, de não cumprir os prazos, de não conseguir realizar um trabalho digno da leitura do orientador (no meu caso, como meu orientador é, realmente, maravilhoso, eu fico com o receio de decepcioná-lo), de falhar, de não alcançar os objetivos propostos no projeto etc. São muitos os medos - e isso amplia nossa angústia e ansiedade. Muitos de nós (eu que o diga) precisamos de psiquiatras e psicólogos para sobreviver a esse período. Em nosso caso, principalmente, somos sobreviventes de uma pandemia e estamos em contexto de desvalorização completa das pesquisas científicas em nosso país. A coisa não anda das mais tranquilas! </p><p style="text-align: justify;">Assim, entre angústias e medos, por vezes, ficamos paralisados. Então, não vamos deixar que isso aconteça. Vamos organizar nossos horários de escrita de modo a ter, também, um momento de distanciamento. Lazer, atividade física e distrações podem nos ajudar. Não vamos tomar café, por Deus, porque ele pode aumentar nossa ansiedade (se bem que algumas pessoas precisam do café para se manterem acordadas). Eu, se tomar café, não escrevo mais nada.</p><p style="text-align: justify;">Além disso, vamos usar protetor solar para ficarmos diante do computador. Tive problemas de vermelhidão na pele e o protetor me ajudou. Seria interessante usarmos lubrificantes oculares para amenizarmos o ressecamento dos olhos. Vamos tomar muita água, viu? Também chás e sucos. Devemos acalmar a cabeça com músicas agradáveis. Assistir a filmes leves também pode ser uma boa ideia. Eu gosto de comédias. Vamos nos levantar, de vez em quando, e fazer alongamentos? Isso minimizará nossos problemas de circulação. </p><p style="text-align: justify;">Nesse momento em que o tempo corre indiferente ao nosso desespero, vamos acreditar em dias melhores e criar o hábito de escrever sem desanimar. Pausas para distanciamento, sim, mas dedicação também, pois escrever é criar um hábito, como tudo na vida, e exige algum sacrifício. Criado o hábito, o sofrimento tende a amenizar, porque o hábito dá a sensação de dever cumprido.</p><p style="text-align: justify;">Depois, o que mais queremos é nos superar, construir um espaço de aprendizagens e ser capazes de olhar para esse momento de "sofrimento" e dizer: foi um tempo difícil, sim, mas vencemos. Vencemos!</p><p style="text-align: justify;">Pode parecer clichê, tudo o que escrevi, porém: vai passar essa fase mais difícil, viu? Em breve, conseguiremos aquilo a que tanto nos dedicamos. E todo esse processo doloroso terá valido a pena!</p><p style="text-align: justify;">Muita força, coragem e dedicação! Estamos na luta por dias melhores! Estudar nesse país é resistência, então resistamos! </p><p style="text-align: justify;">Atenciosamente, </p><p style="text-align: right;">Émerson Cardoso</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-48945708240397995292022-09-06T18:33:00.012-07:002022-09-07T07:41:44.350-07:00CARTA DE ANIVERSÁRIO PARA PAULO HENRIQUE <p style="text-align: left;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSKIke-Tww3AXSnx4MBL8pSQhStFI6v07sW1tQFIBp9ZE843N6laNpuhxNmBzi_aR5q8biJhBkQVivkvUyUJOMk86kW5OMky_WNRQ6t9Mp6nYZ3ez0h4iyShStimIc7vFW9nU6JmeFA-tWnxEA-B2RUgznBiHH9ZE7fyJ1iJOolhVVQamP2RwuMK_OEA/s300/tip-huebsche-kuchenverzierungen.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="225" data-original-width="300" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSKIke-Tww3AXSnx4MBL8pSQhStFI6v07sW1tQFIBp9ZE843N6laNpuhxNmBzi_aR5q8biJhBkQVivkvUyUJOMk86kW5OMky_WNRQ6t9Mp6nYZ3ez0h4iyShStimIc7vFW9nU6JmeFA-tWnxEA-B2RUgznBiHH9ZE7fyJ1iJOolhVVQamP2RwuMK_OEA/w274-h206/tip-huebsche-kuchenverzierungen.jpg" width="274" /></a></div><br />Juazeiro do Norte - CE, 06 de setembro de 2022<p></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">Caro sobrinho Paulo Henrique, </p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">Resolvi dar de presente, neste seu aniversário de dezoito anos, o que de mais importante eu poderia oferecê-lo: minhas palavras escritas nesta que se pretende uma carta pessoal não muito extensa, porque você anda preguiçoso demais e tem fugido de leituras. </p><p style="text-align: justify;">Para começar, lembro-me de que fiquei em choque quando sua mãe (minha irmã muito querida) disse que estava grávida. Fiquei em choque porque, na ocasião, a idade dela era a mesma que você tem hoje. Seu pai e sua mãe, aliás, tinham a mesma idade, isto é, eram jovens demais, na minha concepção, para colocarem uma criança no mundo. Eles moravam em bairro distante, de modo que não tínhamos tanta proximidade na ocasião da boa nova propagada sobre os telhados. </p><p style="text-align: justify;">Quando você nasceu, em um dia de segunda-feira, véspera do feriado no qual se comemora a "independência" do Brasil, eu experimentei sensações contraditórias: se, por um lado, fiquei alegre, porque o parto aconteceu dentro da normalidade (você e sua mãe estavam bem), por outro, fiquei triste porque eu analisava, já naquela época, que colocar uma criança no mundo era um problema filosófico sem precedentes. Sim, porque sua mãe e eu tivemos uma infância e adolescência difíceis demais. Eu temia, portanto, que isso também viesse a acontecer com você. A vida nem sempre é uma festa repleta de risos, de doces e de cores agradáveis em torno de uma mesa que resplandece sob efeito de <i>flashes</i>. A vida, em verdade, tem a mania de ser em preto e branco e, por vezes, festejar é um luxo de poucos. </p><p style="text-align: justify;">Você nasceu no ano bissexto de 2004. Neste ano, tínhamos perdido, em abril, nossa bisavó materna: Dona Maria Raquel. Estávamos sobrevivendo ao luto. Para mim, foi como se você fosse amenizar o vazio deixado com a partida dela. </p><p style="text-align: justify;">O dia do seu nascimento é uma data que tem desde a oficialização do <i>Hino Nacional Brasileiro</i>, de autoria de Joaquim Osório Duque Estrada, em 1922, até o aniversário de uma figura como Di Cavalcante (pintor brasileiro). Você nasceu sob o Signo de Virgem, somos do Elemento Terra, por isso nos damos tão bem?</p><p style="text-align: justify;">Você nasceu rodeado de nomes de santos, afinal é juazeirense: a maternidade se chama São Lucas (sua mãe e eu nascemos nela também), localizada entre a Rua São Benedito, a Rua Santa Tereza, a Rua São Francisco e a Rua da Conceição. Ela fica ao lado da Igreja de São Miguel. A Igreja Católica, nesse dia, celebra o dia de São Liberato de Loro. </p><p style="text-align: justify;">Por falar em nome, você iria se chamar Erick, mas seu pai optou por utilizar dois nomes: Paulo (nome de Saulo após sua conversão) e Henrique (nome vinculado à realeza). Ao pesquisar mais pormenorizadamente, Paulo Henrique significaria o <i>pequeno rei da casa</i>. Faz sentido, então, seu nome. Para sua avó, sobretudo, você é, desde sempre, o pequeno rei da casa e do coração dela. </p><p style="text-align: justify;">Na sua primeira infância, você viveu entre as cidades de Juazeiro do Norte e de Crato. No Juazeiro, conviveu com seus familiares paternos (a bisavó e o avô, infelizmente, já se foram) e, no Crato, conviveu com sua avó materna (também as duas tias mais novas). Com sua avó, você viveu longas temporadas no sítio em que ela morava. Ela comentou que sua infância foi tumultuada, a ponto de você quase ter pisado em uma cobra coral, de ter brincadeiras periculosas como perseguir sapos, de quase ter sido fulminado por um raio, dentre outras coisas. </p><p style="text-align: justify;">Ao retornar para Juazeiro, você começou a estudar efetivamente. Sempre me chamou atenção o fato de que você gostava demais de datas comemorativas, de festas, de eventos da escola. Parece uma predisposição para celebrar, para divertir-se, para coisas mais aproximadas do riso do que das melancolias. Suas escolas, desde o primeiro momento, foram particulares. Sua mãe sempre trabalhou para dar a você o que ela considerava a melhor Educação. </p><p style="text-align: justify;">Por falar em Educação, lembra que eu fui o primeiro a dar um livro de presente a você? Lembra que eu o fiz ler dez livros infantis nas férias de 2013? Lembra que eu o levei diversas vezes para peças teatrais nos sábados do CCBNB-Cariri? A propósito, um dos mais lindos espetáculos que já vi, intitulado <i>Felinda</i>, apresentado na Praça Padre Cícero, eu estava ao seu lado, recorda? </p><p style="text-align: justify;">Vimos muitos filmes juntos, também séries, vídeos etc. Gosto de assistir ao meu desenho animado favorito com você: <i>Os Cavaleiros do Zodíaco</i>. Também sua companhia é a melhor para assistir filmes de comédia, de aventura e de animação. Nada pode ser melhor do que fazer pipoca, produzir algum suco e assistir, até altas horas, aos filmes de nossa predileção - incrível como temos gosto parecido. </p><p style="text-align: justify;">Sabia que um dos melhores livros que eu li foi em sua companhia? Lemos <i>O Hobbit </i>juntos, anotando trechos, fazendo as vozes das personagens, rindo ou nos emocionando. Sabia que esse foi um dos melhores momentos de minha vida? No final do livro, eu caí no choro. Você deve se recordar disso, porque não deve ter me visto chorar muitas vezes. Nem sei ao certo o porquê do choro: se foi porque o livro chegou ao fim, se foi porque nossa leitura divertida tinha acabado ou se porque você realizou, naquele momento, o meu sonho de ler com meu filho (que não tive e não terei) uma obra literária que nos transformasse de algum modo. </p><p style="text-align: justify;">Depois do livro, fizemos uma maratona para assistir <i>O Hobbit</i>: você, seu irmão Paulo Victor e eu. Essa foi uma das noites mais felizes. Havia pipoca para todo lado e a alegria de poder compartilhar a experiência de ler uma obra e ver sua adaptação para o cinema. No final do ano, fizemos o chá d'<i>O</i> <i>Hobbit</i>, com direito a RPG, biscoito élfico e muita diversão. Esse foi outro momento inesquecível.</p><p style="text-align: justify;">Quando preparávamos a festa, fazendo o biscoito élfico, lembrei daquele dia em que, altas horas, fui fazer panquecas e terminei fazendo outra receita. Sim, porque errei a receita e como saldo tivemos muita bagunça e riso. Lembra? Outro dia rimos muito em torno de minhas trapalhadas no preparo de um molho de beterraba. Aí estava em pauta meu embate muito comum com sua avó, que você costuma achar muito engraçado. </p><p style="text-align: justify;">Você é uma excelente companhia para caminhadas. Também é muito divertido para momentos de pizza, açaí, sorvete e outras guloseimas que são uma tentação difícil de resistir. Você é engraçado, porque tem um humor inteligente. Tem um humor sarcástico. Acho que aprendemos com Sheldon e Leonard - da minha série preferida <i>The Big Bang: Theory</i>. Por falar em série, estamos unidos quando o assunto é <i>Chaves </i>e <i>Chapolin </i>- somos fãs incondicionais.</p><p style="text-align: justify;">Ainda não disse, mas uma das coisas que mais gosto é de esperá-lo chegar da escola para almoçarmos juntos. Eu pergunto coisas da escola (quando você não falta, claro, porque anda faltando demais), você pergunta coisas do meu cotidiano, aí brigamos, rimos, conversamos, trocamos ideias, assistimos a algum vídeo etc. </p><p style="text-align: justify;">Neste seu aniversário, Paulo Henrique, vou dizer o que me disse um primo quando eu tinha a mesma idade que você: "Homem é aquele que sabe entrar e sabe sair de qualquer lugar". O primo me disse isso quando me viu todo fardado, em decorrência do serviço militar, e falou algo que o pai dele havia dito em sua adolescência: "Homem é aquele que sabe entrar e sabe sair de qualquer lugar". Eu, portanto, jogo essa frase para você, mas com alguns complementos: ser homem é ser você mesmo, é ser capaz de humanidades redescobertas, é ser dedicado a algum projeto que dê sentido à sua vida, é ser passível de erro, mas apto a refletir sobre esse erro e melhorar, é ser inteligente o suficiente para compreender que a vida é de quem se movimenta, é ser forte para os momentos de dor e de sofrimento, é ser corajoso para demonstrar suas fragilidades quando isso for necessário, é ser determinado a construir conhecimentos e saber compartilhá-los, é ter a humildade de admitir os erros, é ser honesto e lutar contra o que corrompe, é ser enfrentamento quando estiver em pauta defender sua dignidade, é ser coerente com o que você compreende ser sua verdade, é existir em plenitude e não deixar que ninguém impeça você de crescer e tornar-se uma pessoa melhor. </p><p style="text-align: justify;">Sabe o melhor presente que você poderia receber nesse dia festivo? O elogio que uma professora me ofertou, certa vez, durante o Ensino Médio (você e eu estudamos na mesma escola): "Você é um grande ser humano!"</p><p style="text-align: justify;">A professora me deixou pensando nessa frase até hoje. Então, atiro-a para você também: "Você é um grande ser humano!" Por que ela disse isso? O que significa ser um grande ser humano? Sugiro que passe a vida inteira pensando nisso e, mais do que pensando, tentando ser esse grande ser humano. </p><p style="text-align: justify;">Para concluir, desejo um feliz aniversário. Você é o filho que eu gostaria de ter. Torço sempre para você se tornar algo verdadeiramente significativo para este mundo complexo no qual você foi atirado há exatos dezoito anos. </p><p style="text-align: justify;">Parabéns!</p><p style="text-align: justify;">Com um abraço do seu Timerson.</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"> </p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-43733640708308223762022-08-30T13:02:00.008-07:002022-08-30T13:06:42.150-07:00FRATERNIDADE NA JAULA <p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1PxAM-hUUiN5s8_T-ztDwYZaBRRWt3EpwaWyEWTDWnea5Uowcqq041G1ZsuynrN-_m2ENm6cX9gTfIm-yS0QkMIjLCWmsf5LXW9AjckHaKteB3B79kiUQ1GFkp_HQbLfymZL9phOB92BgP7dgsYSFkCTfzuWRc49pU4hUZiWALU0MLYNzdYzpAUtPFA/s1024/prison-bullying-news1492702966.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="531" data-original-width="1024" height="166" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1PxAM-hUUiN5s8_T-ztDwYZaBRRWt3EpwaWyEWTDWnea5Uowcqq041G1ZsuynrN-_m2ENm6cX9gTfIm-yS0QkMIjLCWmsf5LXW9AjckHaKteB3B79kiUQ1GFkp_HQbLfymZL9phOB92BgP7dgsYSFkCTfzuWRc49pU4hUZiWALU0MLYNzdYzpAUtPFA/s320/prison-bullying-news1492702966.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><br /></span><p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Tempero
de dor</span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;">e sal na ferida?</span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><b>Mas passará logo...</b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;">Cratera na estrada<o:p></o:p></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;"><br /></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;">e pedra de ponta?<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;"><b>Mas passará logo...</b><o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;">Velório do sono<o:p></o:p></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;"><br /></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;">em cinzas de faca?<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;"><b>Mas passará logo...</b><o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;">Janela de sangue<o:p></o:p></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;"><br /></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;">em grito engolido?<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;"><b>Mas passará logo.<o:p></o:p></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;"><o:p><b> </b></o:p></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;"><o:p><b><br /></b></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-theme-font: major-fareast; mso-font-kerning: 12.0pt;">Émerson </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Cardoso</span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">26/10/2020</span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-12879856574109848492022-08-30T12:39:00.006-07:002022-09-04T08:14:17.900-07:00NOTAS SOBRE O PROFESSOR GILMAR DE CARVALHO <p style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Book Antiqua", serif;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; font-size: 12pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Book Antiqua", serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvc4YD_1vAXBQhzW1wOml4746ras9gzjTdjKY7IQOjjt0soxJ0SWVY9f6HoOK8s97xkZtzYOeCC2AJChCp4lMgUh0g9sT_opHpuep0Rdr-dKOQusKbRp89Rs1AB9gTtCUSHK_5etqpOypirV05RqFYSG2hMKaFjsOnS4FHZ4zVxO1phl4YbFr0_KBmuQ/s415/IMG_20210418_163246_630.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="415" data-original-width="415" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvc4YD_1vAXBQhzW1wOml4746ras9gzjTdjKY7IQOjjt0soxJ0SWVY9f6HoOK8s97xkZtzYOeCC2AJChCp4lMgUh0g9sT_opHpuep0Rdr-dKOQusKbRp89Rs1AB9gTtCUSHK_5etqpOypirV05RqFYSG2hMKaFjsOnS4FHZ4zVxO1phl4YbFr0_KBmuQ/w200-h200/IMG_20210418_163246_630.jpg" width="200" /></a></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Book Antiqua", serif;"><span style="font-size: xx-small;">Foto Divulgação</span></span></div><span style="font-family: "Book Antiqua", serif;"><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Book Antiqua", serif;"><span style="font-size: 12pt;">A primeira vez que vi o Professor Gilmar de Carvalho foi
no </span></span><i style="font-size: 12pt;">Memorial Padre Cícero</i><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;">. Chamou minha atenção a capacidade dele de ser
grandioso em suas palavras e, ao mesmo tempo, simples. Na ocasião, alguém
comentou que ele era um dos maiores pesquisadores das tradições populares e eu
constatei isso quando, ainda na graduação em Letras, li capítulos de </span><i style="font-size: 12pt;">Madeira
Matriz – Cultura e Memória</i><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;"> (1999) e o livro </span><i style="font-size: 12pt;">Patativa do Assaré</i><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;">
(2000).</span></div></span><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;">Depois, o reencontrei quando passei uma temporada em
Fortaleza, entre junho e julho de 2010. Ele estava no Museu do Ceará. Foi a primeira
vez que eu falei pessoalmente com ele. Foi a primeira vez que eu entrei no
Museu do Ceará. </span><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;"> </span></p><p class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;">Lembro-me de que ele estava um tanto apressado, mas meu
primo o conhecia e apresentou-nos. Mesmo apressado, ele me deu atenção. Comentei
que estava escrevendo uma espécie de </span><i style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;">Romanceiro</i><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;"> que contava em poesia a
História de Juazeiro do Norte, minha cidade, que decidi escrever após uma
recomendação de Ariano Suassuna (a quem conheci e entrevistei em dezembro de
2009).</span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;">Ele me disse, na ocasião, que eu escrevesse esse </span><i style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;">Romanceiro</i><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;">,
sim, e que poderia contar com ele para uma leitura e até para um prefácio.
Fiquei irradiante, porque era uma deferência receber esse incentivo de uma
personalidade que nós, estudantes e escritores do Cariri, já conhecíamos pela
ampla pesquisa acadêmica realizada por ele em torno da Cultura Popular. </span><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;"> </span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;">Por timidez, não enviei o texto. Lamento até hoje por esse
gesto de insegurança literária. Resolvi publicá-lo, para meu grande arrependimento,
em 2014. Ele ainda estava incipiente. Se eu o tivesse enviado para apreciação do
Professor Gilmar de Carvalho, ele talvez tivesse me dado as orientações
necessárias para torná-lo um livro apresentável. Uma pena ter perdido essa
oportunidade.</span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;">A terceira vez que nos encontramos foi no Passeio
Público. Eu almoçava quando o vi chegar acompanhado de um amigo. Pensei em
cumprimentá-lo, mas tive receio. Não queria incomodá-lo naquele horário de
almoço. Se eu fosse falar com ele, meu gesto poderia ser interpretado como
indiscrição. Lembro-me de que, na ocasião, olhei para ele várias vezes, mas não
quis, por timidez, falar com ele. </span><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">Quando
eu saí, no entanto, fui até ele e o cumprimentei. Ele foi muito atencioso. Conversamos
um pouco e fui embora. Nunca mais o vi pessoalmente.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Book Antiqua",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;">Quem me apresentou o Professor Gilmar de Carvalho, em
verdade, seja pelos textos que produziu, seja pelos depoimentos apresentados,
foi João Pedro do Juazeiro. Este cordelista e xilógrafo, cuja obra fala por si
em valor e criatividade, apresentou o melhor dessa figura emblemática que eu
passei a admirar mais profundamente.</span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;">Para João Pedro do Juazeiro, o Professor Gilmar de
Carvalho é mentor, padrinho artístico e mestre. Para ele, não seria possível
pensar a arte que produz sem compreendê-la a partir da apreciação e incentivo
oferecidos por esse grande entusiasta das artes do povo. Lendo os textos de
João Pedro do Juazeiro (que escreveu sobre seu mestre cordéis, memórias,
relatos de experiência etc.), eu acessei a alma desse pesquisador, jornalista,
professor, escritor cuja alma transborda em riqueza de caráter e em generosidade.</span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;">Hoje, 30 de agosto de 2022, o Professor Gilmar de
Carvalho faria aniversário. É triste pensar que ele, um baluarte da Cultura, da
Educação e da Ciência desse país, foi embora. Temos por certo que, em sua
ausência, permanecerá seu trabalho e seu exemplo. O Ceará, o Nordeste e o
Brasil têm, nessa figura de relevo, um guardião da memória e, tenho por certo, a
sua ausência física não o impedirá de fazer por nós o que ele sempre fez: abrir
portas e acender luzes para quem a ele estende a mão.</span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt;">Parabéns, Professor Gilmar de Carvalho!</span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; text-align: right;"><span style="font-family: "Book Antiqua",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Book Antiqua", serif; font-size: 12pt; text-align: right;">Émerson Cardoso</span></p>
<p align="right" class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; text-align: right;"><span style="font-family: "Book Antiqua",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">30. 08. 2022 <o:p></o:p></span></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-52953271902699756892022-08-15T10:03:00.006-07:002022-08-30T13:09:42.299-07:00COMO RESPONDER À ALTURA (ou: quem tem medo de neuróticos que têm Marte em Escorpião?) <p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv8TiPTTrTK5HPs-XQCsGr_yfOMERe2PjchKdLL5yWV1kEjrD3rGe7T-Xc7ifqr-4hvHCITC_yJWbkxVjki37KCdXAO3vtKCSatXYNsXZeRw3YV6W3BOzCwgX0zqOYecnIPHK1VrKVMKU0t6LyfFVk8yvxZmmuX2MVDEvtnbBYMX-YAKZAmhuVZplBDQ/s474/OIP.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="473" data-original-width="474" height="194" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv8TiPTTrTK5HPs-XQCsGr_yfOMERe2PjchKdLL5yWV1kEjrD3rGe7T-Xc7ifqr-4hvHCITC_yJWbkxVjki37KCdXAO3vtKCSatXYNsXZeRw3YV6W3BOzCwgX0zqOYecnIPHK1VrKVMKU0t6LyfFVk8yvxZmmuX2MVDEvtnbBYMX-YAKZAmhuVZplBDQ/w195-h194/OIP.jpg" width="195" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Já aconteceu de você ficar muito alegre
com algo, a ponto de externar excessivas euforias, e isso incomodar alguém? Comigo
já aconteceu. A pessoa, no auge de seu desconforto, atirou sobre mim o seguinte
ditado popular: “Pobre nunca come e, quando come, se lambuza!”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Quem
me visse naquele momento perceberia meu rosto caindo em nublação. O sol deveria
ter mais força do que uma nuvem amarga, mas nem sempre isso acontece. A vida é
repleta de nuvens entre permanentes ou passageiras que se comprazem em espalhar
obscuridades porque não suportam luzes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Que
horror! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Hoje,
se alguém atirasse contra minha alegria esse maldito ditado popular, eu teria
resposta daquelas, bem desaforadas, aí eu queria ver uma nublaçãozinha chinfrim me apagar. Você ficou com curiosidade sobre o que eu diria para me defender?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A
uma criatura amarga que desejasse botar gosto ruim em minha alegria, eu diria o
seguinte:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Resposta
01 – Quem ouve você falando assim pode até pensar que você é, foi ou será rico
um dia na vida. Agora, como percebi que você gosta da sabedoria popular, devo
dizer que: “Quem nasce para burro não pode ser cangalha”. Tem mais: há uma
coisa que eu gostaria de saber: quem foi o informante charlatão que disse a
você que me interessa ouvir o som de sua voz irritante e insossa? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Resposta
02 – Gente, olha a sabedoria popular dessa pessoa como está aflorada! O que
foi? Tomou café adoçado com amargura, ou constatou que sua vida insignificante
não tem graça e por isso quis tirar minha alegria? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Resposta
03 – O que foi? Só porque você tem uma existência vazia e sem graça não suporta
ver uma pessoa de bem com a vida? Procura tratamento, cruz pesada! Se não der certo
com psicólogos, procura um exorcista, viu? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Resposta
04 – Sim, pessoa iludida da nação, pobre se lambuza, sim, faz festa, faz o que
quiser, ainda mais quando é uma pessoa tão leve que atrai alegrias para si e
para os outros. Posso fazer um tutorial de como ser alegre para você, viu? Isso
se um dia você decidir deixar de ser chata e estraga-prazeres. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Resposta
05 – Sério mesmo que você (pessoa pobre em nível cinco) se sente no direito de
vomitar uma frase dessas contra mim? Quando você não for mais pobre, ou se
tornar uma pessoa menos invejosa e infeliz, aí conversamos, viu? Vai pelo sol,
hein, quem sabe um dia ele derrete essa nuvem carregada que você tem na cabeça!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Coloquei
apenas cinco respostas quando, em verdade, teria muitas outras. Quando estou
chateado com algo, me torno irônico. Isso massacra algumas pessoas. Um amigo me
disse, outro dia, que minhas ironias, ou meu rebuscamento na hora de brigar,
não parecem muito eficazes. Nem sempre meus arqui-inimigos (que não tenho) entendem
o desaforo que penso atirar contra eles. Talvez esse amigo tenha razão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Um
meio que utilizo há séculos, quando não gosto de algo ou de alguém, é demonstrar
meu descontentamento com afastamentos, ou mesmo ignorando a presença. Talvez seja
um bom caminho. O bom mesmo, em verdade, é jogar contra os vilões um desaforo
bem articulado e sair de perto, plenamente, depois de ter dito o que se queria
dizer. Mais interessante será, tenho por certo, perceber que o desafeto ficou
para trás com cara de mal-estar na tentativa vã de entender o que foi dito. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Ah!
Quem quiser entender desaforo bem construído que estude. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: right;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Émerson Cardoso<o:p></o:p></span></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 8.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: right;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">15.08.2022<o:p></o:p></span></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-15263987876365743202022-07-23T18:39:00.010-07:002023-01-19T10:46:18.045-08:00A CONTEMPLAÇÃO DAS COISAS DIVINAS <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRjuEEXCuKDK-s25e67tkPAD2Kyzwverpw5up_kzQX897WtyfHtczMJxop-3T4VblmRUXuVP3cSLTDl06_NWd3ID1gp_uZS2jkOq-Wt1jpnRAt2co-kL6bYwAxZpLixgDuVtvDqNvaOcfrl0ajBKcZ75pkgWvutqqRJTiGRE8L1Y1YHiqxTLi_DR-hCw/s1080/IMG_20220718_103420_842.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="811" data-original-width="1080" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRjuEEXCuKDK-s25e67tkPAD2Kyzwverpw5up_kzQX897WtyfHtczMJxop-3T4VblmRUXuVP3cSLTDl06_NWd3ID1gp_uZS2jkOq-Wt1jpnRAt2co-kL6bYwAxZpLixgDuVtvDqNvaOcfrl0ajBKcZ75pkgWvutqqRJTiGRE8L1Y1YHiqxTLi_DR-hCw/s320/IMG_20220718_103420_842.jpg" width="320" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">Na crônica <i>Um dia só para chorar </i>(que consta no livro <i>Anjos, buracos, pedras e moinhos</i>), de Betania Moura, ela trata de uma mulher que decidiu não ir ao trabalho para ter um dia só para dedicar-se à arte de chorar. Eu que não choro há séculos, porque se o faço me sinto vulnerável, tive também o meu dia.</p><p style="text-align: justify;">A propósito, no "Provocações", Antônio Abujamra costumava perguntar a alguns entrevistados: "Você chora?" A pergunta enveredava, por vezes, para outra questão: a contemplação do belo comove a ponto de levá-lo às lágrimas?</p><p style="text-align: justify;">Eu responderia a Abujamra, se ele me perguntasse, que sim. Sim, porque diante das obras "Os retirantes" e "Criança morta", de Portinari, me veio um choro comovido sem explicação e difícil de refrear.</p><p style="text-align: justify;">Imagens vistas e revistas nos livros didáticos estavam diante de mim. Líricas e profundas, elas estavam de tal modo aproximadas que todo o choro guardado (seja por perdas, mortes, frustrações e outras dores) transbordou. </p><p style="text-align: justify;">Tentei não chorar tanto, afinal estava acompanhado. Acho que não derramaria lágrimas perto de pessoas conhecidas, então aproveitei um momento no qual fiquei sozinho. Falando assim até parece que meu choro foi algo planejado, mas não foi.</p><p style="text-align: justify;">O ato de chorar me foi impregnado como vulnerabilidade. Procurei a vida inteira conter a emoção diante de tudo. Não gostaria de ser assim, afinal a vida também dispõe de seus momentos de sofreguidão, passionalidade e afeto transbordantes. Por que não? </p><p style="text-align: justify;">Então, sem conseguir segurar o gesto, chorei. Sim, o fiz por amor ao belo presente nas duas obras potentes de Portinari. Pelas tonalidades, pelo expressionismo latente, por ver a temática da seca irromper dessas obras, fui às lágrimas. Com o desejo de ocultar, com medo de que as pessoas vissem, o choro me veio inevitável. Sentimento pode ser represa que explode, como ficou perceptível na ocasião, de forma inevitável. Isso, principalmente, diante do belo. </p><p style="text-align: justify;">Bem, depois de Portinari me emocionar profundamente, precisei me recompor para ver outras obras. Estavam lá pinturas de Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Lasar Segal, Van Gogh, Goya, Monet, Rafael, dentre outros grandes nomes da pintura. Em êxtase as vislumbrei. Perplexo as acolhi. Se não caí diante delas, foi porque força sequer tive para a queda. </p><p style="text-align: justify;">Por fim, ao sair do MASP, onde essas obras estão resguardadas, agradeci à existência pelo privilégio de poder ver a arte no que há de forte e belo. Saí renovado, afinal deixei lá todo o peso de chumbo que só o choro consegue arrefecer. Viver tem disso.</p><p>Émerson Cardoso</p><p>14.07.2022</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfImrUQ6ufB4aBVlf_O3UlclW00Ot7NOXvJ17Dejo_ivlWW_R6M3fFjJpC4e0kfHSoTFUqr9EnsrJ4JtUAn_Ps8AfYeyJlq9iYiB28rkY5Rg57p9LMLs6wcS7e2D_BT6HfHvBiKhd2QTIUzWS0gn97bvAE2lqSvH5DEyZeZ-WDdgTB91u2YjRTC7l8TA/s1080/IMG_20220718_103420_898.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="812" data-original-width="1080" height="241" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfImrUQ6ufB4aBVlf_O3UlclW00Ot7NOXvJ17Dejo_ivlWW_R6M3fFjJpC4e0kfHSoTFUqr9EnsrJ4JtUAn_Ps8AfYeyJlq9iYiB28rkY5Rg57p9LMLs6wcS7e2D_BT6HfHvBiKhd2QTIUzWS0gn97bvAE2lqSvH5DEyZeZ-WDdgTB91u2YjRTC7l8TA/s320/IMG_20220718_103420_898.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhU5YV4Wk8fGvCc_bKvZlq5yoZTAhSOECE9vH4kDvpiGYWQo5Q9SyVN3xuZXccoEtbs4jmJBaCfKoMpGdu7CieIbXlVzI0yecDnjZvhuRSMNqFrpB45Qxt0ASO30C0Ptzt7E8Jgrsr0XtNHd2St5Gh_jds_UuyJthbMr9L9i-WQQ_njrPOowJshnCoxjQ/s1080/IMG_20220718_103420_908.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="812" data-original-width="1080" height="241" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhU5YV4Wk8fGvCc_bKvZlq5yoZTAhSOECE9vH4kDvpiGYWQo5Q9SyVN3xuZXccoEtbs4jmJBaCfKoMpGdu7CieIbXlVzI0yecDnjZvhuRSMNqFrpB45Qxt0ASO30C0Ptzt7E8Jgrsr0XtNHd2St5Gh_jds_UuyJthbMr9L9i-WQQ_njrPOowJshnCoxjQ/s320/IMG_20220718_103420_908.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQm6x6QK5xN_Fm3QEpBFNgHaDhKZC4YaO2K_ARFfNpYPZMYan2bYD21hdTgHm9WWccIzctB1qvDaihIa1uNMgakK5TqTF48wID-aMQhV6E_KoCYtT09WC7MDQI5zP8HAcK-kMhkLV4eE4ii7fIiSdX4ribe9asWf1YdviiDFr-5CUGLb2iapII8p1GWA/s708/IMG_20220718_103420_912.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="533" data-original-width="708" height="241" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQm6x6QK5xN_Fm3QEpBFNgHaDhKZC4YaO2K_ARFfNpYPZMYan2bYD21hdTgHm9WWccIzctB1qvDaihIa1uNMgakK5TqTF48wID-aMQhV6E_KoCYtT09WC7MDQI5zP8HAcK-kMhkLV4eE4ii7fIiSdX4ribe9asWf1YdviiDFr-5CUGLb2iapII8p1GWA/s320/IMG_20220718_103420_912.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSkRPImqdWRTlJAHWzzxfMhehPC5we-NR4013Wc2BbTNashU_-uu8kesU17wy77LN3eayRp0o-2XVsjLmaO2RFmAVqy8GWUk6mKdG9M3L09n6Qvz-aM06xvtTEV0Dncw0M-uwYriwD7VHXfGrS96R2c93Ozkj5x0A5bk4zwloEFCitfD8JAji2lIj0qA/s1080/IMG_20220718_103420_916.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="812" data-original-width="1080" height="241" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSkRPImqdWRTlJAHWzzxfMhehPC5we-NR4013Wc2BbTNashU_-uu8kesU17wy77LN3eayRp0o-2XVsjLmaO2RFmAVqy8GWUk6mKdG9M3L09n6Qvz-aM06xvtTEV0Dncw0M-uwYriwD7VHXfGrS96R2c93Ozkj5x0A5bk4zwloEFCitfD8JAji2lIj0qA/s320/IMG_20220718_103420_916.jpg" width="320" /></a></div><br /><p><br /></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-55336618817614915432022-07-23T18:27:00.029-07:002023-01-07T08:40:20.730-08:00VIAGEM PARA SÃO PAULO (ou: Pequeno Diário de Bordo)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5Iep8OErB6XiPs5VtlncNpGru8BKM7q5XD8LPxgnECFZ-M7HZyhWdR7G3dNKRhv8JEVvauEtvTNvd2jTD5cA6hABVGSAN2OUlB9lIX4KuAEuJnlh21CCSIcZELcAFjYePlflCaSlVAnyGRITw7BFi-yYh64K10SLqQl5rIX2f_9KHilnUoqZBq1QGeg/s4640/20220715_160531.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3488" data-original-width="4640" height="241" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5Iep8OErB6XiPs5VtlncNpGru8BKM7q5XD8LPxgnECFZ-M7HZyhWdR7G3dNKRhv8JEVvauEtvTNvd2jTD5cA6hABVGSAN2OUlB9lIX4KuAEuJnlh21CCSIcZELcAFjYePlflCaSlVAnyGRITw7BFi-yYh64K10SLqQl5rIX2f_9KHilnUoqZBq1QGeg/s320/20220715_160531.jpg" width="320" /></a></div><br /><p style="text-align: center;"><br /></p><p>RELATO DE VOO EM TEMPO REAL</p><p style="text-align: justify;">Depois de um frio no estômago muito semelhante ao frio que sentimos naquele brinquedo inventado pelo demo, a que chamam de "Barca", e que está muito presente em parques, chegamos aos ares. </p><p style="text-align: justify;">Esta não foi a minha primeira experiência com aviões. Fui para Recife há algum tempo e dispus meu corpo e alma para essa viagem mais para a loucura do que para a sobriedade. Quem pode considerar lucidez o ato de estar no ar, e por vontade e gosto?</p><p style="text-align: justify;">Agora, se me perguntassem o que estou sentindo (escrevo este texto vendo nuvens aos borbotões) durante esse trajeto que a invenção humana me proporcionou, sem que eu pedisse ou estimulasse, porque tenho juízo, eu diria: que absurdo poder voar com máquina tão fácil de cair.</p><p style="text-align: justify;">Falar em queda de avião quando se está dentro de um é para os fortes. Sim, porque nada assusta mais um cristão sentado com cintos afivelados (enquanto a vida passa entregue a um piloto e cortando nuvens em velocidade que não saberia dimensionar) do que a possibilidade de ouvir: "Senhores passageiros, pedimos que façam suas orações nas mais diversas crenças, porque o avião vai se esburrachar no chão!"</p><p style="text-align: justify;">Estou na poltrona 14 (meu número de sorte). Deveriam estar ao meu lado duas pessoas. Há um rapaz de olhos claros e sapatos marrons, muito do silencioso e disposto a, na janela, ver vídeos da internet (suponho, pois não sou de bisbilhotar, embora o tenha visto assistir cenas de "Pantanal", tik tok, vídeos do Instagram, facebook etc). No meio, há o que poderia ter sido e não foi (deve ter desistido, suponho, aliás desiste de avião quem tem bom-senso). Eu estou na poltrona do corredor. De quando em vez, olho de lado, para ver o nada no qual estamos depositados, mas logo me acovardo e volto para meu texto.</p><p style="text-align: justify;">Vou confessar um coisa. Acredita que ao entrar no avião implorei por uma água, que me foi dada minutos eternos depois, e coloquei nela (não me julgue!) umas simpáticas gotas de "Rivotril" 2,5 ml. Claro que fiz de tudo para disfarçar, mas quanto mais se esconde algo, mais isso tende a se explicitar. Viram meu copo e o frasco de remédio na minha mão. Não posso fazer nada! O psiquiatra sugeriu que eu o utilizasse em caso de crise ansiosa. Não vejo ocasião mais propícia para tomá-lo. A primeira gota, tomei "para ter o argumento" (vide "Resposta ao tempo" e entenderá a referência). A segunda, tomei por covardia (achei melhor tomar para não ter crise de falta de ar e dar vexame). A terceira, tomei para conseguir manter os chakras alinhados, porque esses bandidos foram desalinhados ainda no Aeroporto de Juazeiro do Norte, quando uma funcionária da Gol agiu de forma descortês e com pressão psicológica causando desconforto para mim e para outra senhora (ela ouviu algumas respostas coerentes, amáveis e polidas, mas não isentas do meu Marte em Escorpião: uma ferroada só e o problema foi resolvido da melhor forma). Sou tímido e calmo, porém indisposto a faltas de educação. Tive que agir. A quarta, tomei porque a natureza pediu (quando não podemos alterar o rumo das coisas, a existência é assim, recorremos a subterfúgios). A quinta, e última gota (porque com menos do que isso eu não me responsabilizaria por meus atos tresloucados dentro desse presente de grego de asas), tomei porque viver exige coragem, e a minha coragem tem sido roubada de mim desde a infância-angustiante-infância. Assim, o jeito foi arrefecer no orgulho e tomá-lo com resignação. Em verdade, pouco importa o recurso a que acorremos se isso nos leva a algo que nos faria aproveitar melhor as experiências. Se isso não atenta contra a dignidade de ninguém, nem contra a minha, por que não?</p><p style="text-align: justify;">Agora, lá vem um rapaz e uma moça mais brancos do que a asa do avião. Estou em dúvida sobre o que tomarei. Queria mesmo era chá calmante (camomila, cidreira, erva doce, alecrim etc.). Na ausência de chá, porque esse povo não sabe o que é o bom da vida, resignado aceitarei um suco (eles servem sucos industrializados, ó céus!).</p><p style="text-align: justify;">Parei o texto para esperá-los. Desisti de esperar, uma vez que nessa espera terminei olhando a janela à direita. Deus do céu! Azul e branco por todos os lados, igual ao manto de Nossa Senhora das Dores, padroeira de Juazeiro do Norte. Confesso que me veio a vontade de pedir para ela amenizar o trauma. </p><p style="text-align: justify;">Chegou o suco. Acabei de tomar o suco. O salgadinho guardei na mochila. Nunca se sabe da urgência de alimento que ele aplacará futuramente. Como tomei o suco muito rápido (a boca seca de nervosismo), a moça, simpática, me ofereceu mais um copo. Não aceitei. Suco industrializado me causa sensação de culpa. Queria mesmo era uns dez salgadinhos iguais aos que ela distribuiu (taurinos tendem à gula, portanto não me condene).</p><p style="text-align: justify;">Voltei ao texto para pensar um pouco sobre o caos de estar nos ares. Sim, por Deus, estou sem qualquer chão que me dê ao menos a falsa segurança de ter para onde correr. Sensação de vazio aos pés, de não ter por quem gritar, de estar definitivamente condenado ao desamparo e ao desabrigo. Bem, isso não me é novidade. Apenas acrescentei a essas sensações amplamente vivenciadas um fato escalafobético: não há terra abaixo ou dos lados. Para chegar a ela, teria que aterrissar ou cair. A segunda opção, sinceramente, não é das mais amigáveis.</p><p style="text-align: justify;">Cruzei as pernas e (que horror!) derrubei o copo com resquícios de suco. Detesto coisa doce nas mãos, mas não há água ao alcance. O jeito é me resignar. O suco ousou sujar minha mochila tão bem lavada. Que tragédia não grega em pleno voo, Senhor! O pior foi o olhar condescedente do rapaz ao lado, o que tem olhos claros e sapatos marrons, que além de me olhar na bagunça de derramar o suco, não aceitou o lanche (para me humilhar, por certo, eu que não resisti ao simplório alimento servido e o aceitei com veemência). O pior foi quando guardei o salgadinho na mochila e nossos olhos se encontraram. Eu o olhei para ver se ele estava olhando o que eu iria fazer. Sim, ele estava olhando e eu o olhei no exato momento em que ele estava me olhando. Encontro de olhares. Vergonha barulhenta de um, julgamento silencioso do outro. </p><p style="text-align: justify;">Lá vem a dupla de loiros novamente. Eles recolheram copos e guarnadapos. Aproveitei para olhar à direita e vi terra. Ainda distante dos meus pés saudosistas, mas a vislumbrei, sim, com frio no estômago e vontade de fechar os olhos.</p><p style="text-align: justify;">O rapaz ao lado se remexeu umas três vezes, igual galinha quando quer pôr adjutórios (é assim que eu chamo "ovo"). Ri sozinho dentro da máscara. Máscaras são salvações pluridimensionais. Se ele soubesse do teor desse texto, hein. Eu estaria ferrado.</p><p style="text-align: justify;">À frente, esqueci de dizer, há um rapaz que conheço de vista. Ele anda com os cabelos super assanhados e de óculos escuros. Ele tem sido super amigável com a moça ao lado dele, que tem uma criança que odeia silêncio e está no mundo dos jogos virtuais (com barulhos e mais barulhos) desde que o bendito avião achou por bem virar tuiuiú (quem assiste "Pantanal" entenderá a referência).</p><p style="text-align: justify;">Comecei a pensar numa coisa: parece que não tenho mais o que escrever. Mal pensei nisso e o avião começou com a famigerada turbulência amedrontadora de almas mais propensas ao grito. Eu, agora sob efeito de "Rivotril", nada senti. Estou anestesiado. Aí, enquanto escrevia, nos bancos de trás surgiu um casal com discurso do tipo: aqui tem mais espaço, aqui é melhor etc. Melhor mesmo, em verdade, seria estar em terra firme, não acha?</p><p style="text-align: justify;">Agora, depois de tudo isso, meus dedos enregelados começaram a doer. Vou ter que parar a escrita. Depois, se a minha compulsão de escrever me incitar, retomarei o texto. Se não, vou me despedindo. Em São Paulo voltarei a conversar sobre essa minha viagem que começa agora, mas já me rendeu aventuras incomensuráveis.</p><p style="text-align: right;">13.07.2022</p><p>SÃO PAULO: DE AÇÃO E DE CONCRETO</p><p style="text-align: justify;">Quando o avião tocou o solo da primeira cidade que pisei fora do Nordeste, "Wave" (seguida de "Garota de Ipanema") tocava em som instrumental. Bossa Nova para comprovar que ainda se está vivo é de uma sofisticação sem precedentes.</p><p style="text-align: justify;">Ao chegar, não foi difícil me perceber envolto em atmosfera de expectativas. Queria encontrar gente amiga, porque cidade corresponde ao nicho de amizades construídas em torno dela. </p><p style="text-align: justify;">A alma, ainda confrangida, voltou ao corpo somente quando pisei em terra firme. Tive crise de riso enquanto andava pelos corredores do aeroporto (a máscara me salvou de não parecer lunático?). Insegurança e nervosismo sempre fazem de mim um parque de diversões.</p><p style="text-align: justify;">Depois, andei pelas ruas e avenidas, cheguei ao hotel, encontrei a poeta Jovina Benigno (minha conterrânea jovial e espirituosa) e organizei meus pertences no quarto com janela para o cinza de um prédio (cinza é minha cor preferida, hein!).</p><p style="text-align: justify;">À noite, com frio agradável, fui ao lançamento do meu livro de contos na "Ria Livraria". Pessoas do mundo virtual se materializaram diante dos olhos.</p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;">Conversa vai, riso vem, a noite fria de São Paulo se converteu em acolhida e em realização concreta de um desejo que </span><span style="text-align: left;">pensei não ter coragem de realizar. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;">Estou em São Paulo. Desde que coloquei o pé aqui, Tom Zé canta em meu ouvido "São São Paulo". Na infância, essa cidade era luxo sempre ao alcance dos outros. Na adolescência, era perigo que não me instigava. Hoje, na adultez-não-consolidada, é desafio possível e proposta de alegre fuga.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;">Impossível não me lembrar de um ponto, ao olhar para São Paulo em sua concretude: acorreram a essa cidade, no passado, tantos conterrâneos meus em busca de melhores dias. A "Nova Califórnia", hoje, mudou de "status". Ela comporta valores, mas já não é riqueza à vista. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;">São Paulo, devo confessar, assusta à primeira vista. Apesar do susto, ela amplia nosso mundo com seu movimento que não cessa. Aí me questiono: é bonito tudo isso? A pergunta é retórica, porque, sim, há beleza em tudo, basta olhar nas minúcias. </span></p><p style="text-align: right;"> 13.07.2022</p><p style="text-align: justify;">MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA E PINACOTECA</p><p style="text-align: justify;">O "Museu da Língua Portuguesa" dispõe de amplo material audiovisual. Gostei de conhecê-lo, mas não posso dizer que ele me deixou a maior das impressões. Impacto mesmo tive ao entrar na "Pinacoteca". </p><p style="text-align: justify;">Após subir degraus, atravessar passadiços e salões, finalmente vivenciei o primeiro impacto da visita: dirigindo-me a uma ponte estava, logo à direita, na parte baixa, a escultura "Musa Impassível", que Brecheret realizou em homenagem a Francisca Júlia. Esta poeta parnasiana, uma das minha preferidas, criou dois sonetos intitulados "Musa Impassível" (este se tornou um epíteto da autora). </p><p style="text-align: justify;">Estava à minha direita, aos meus pés, a escultura que sonhava conhecer. Como estava sozinho, recorri a uma moça que realizou algumas fotografias para mim. Ficaram exatamente como eu as queria. Uma delas me apresenta sentado aos pés da "Musa Impassível": bela, lírica e singular. </p><p style="text-align: justify;">Em seguida, vivenciei outro impacto: numa das salas estava o quadro "Antropofagia", de Tarsila do Amaral. Ver essa obra me causou sensações ainda difíceis de mensurar. Primeiro, fiquei perplexo. Depois, veio-me a incredulidade. Em seguida, alegria mal disfarçada, estupefação e deslumbramento. Vivi minutos de completa imersão. A alma estava em alegria tão ampla que palavras não poderiam expressá-la. </p><p style="text-align: justify;">Após essa experiência, vieram tantas outras. Obras artísticas somente tateadas nas páginas dos livros estavam ao alcance do olhar. Dizer como me senti não constituiria tarefa fácil, pois fiquei arrebatado. </p><p style="text-align: justify;">Além dessa obra de Tarsila do Amaral, outras foram distribuídas nos diversos salões do prédio. Assim, me deparei com obras de: Portinari, Anita Malfatti, Di Cavalcante, Cícero Dias, Sérvulo Esmeraldo, Adriana Varejão (cuja obra estava em exposição das mais lindas), Brecheret, Rodin (sim, Auguste Rodin), além de tantas outras grandezas artísticas, estavam próximas de mim. </p><p style="text-align: justify;">Obras grandiosas do Brasil e do mundo para contemplar em tão pouco tempo, Deus, foi um crime. Eu ficaria um dia inteiro passeando pelos salões e galerias. </p><p style="text-align: justify;">Depois de um dos mais marcantes acontecimentos de minha vida de professor-escritor (cuja alma aprendeu a amar devotadamente a arte), tive que ir embora. </p><p style="text-align: justify;">Agora, exaurido pelas muitas emoções vividas, devo dizer que estou realizado. Há tanto a conhecer ainda em São Paulo, mas ficará para outro dia. Sim, porque irei embora já planejando viagem de retorno. </p><p style="text-align: right;">15.07.2022</p><p style="text-align: right;">Émerson Cardoso</p><p style="text-align: right;">17.07.2022</p><p><br /></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-29870855190352199082022-07-23T18:17:00.003-07:002022-07-23T20:00:34.307-07:00EXPOSIÇÃO DE VOLPI NO MASP (SANTOS E SANTAS)<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6vGCqIq7NVLGI83GRKhJ1aph14115aTTIz2zp7tChtade1B5RRKDLtzVLGvjbNjc5lUBb6WyphaW7ETHg6_5ysTk0E6O9GH3syLn-aLnzeQOV6rD4teqb_JnUVfdZ48MKgsDrFLjYMq8j6eltqQW1U6xK92JeYp-fQEfABATbDCr5rs0oIOpcMbIl0g/s960/IMG_20220718_234346_162.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="960" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6vGCqIq7NVLGI83GRKhJ1aph14115aTTIz2zp7tChtade1B5RRKDLtzVLGvjbNjc5lUBb6WyphaW7ETHg6_5ysTk0E6O9GH3syLn-aLnzeQOV6rD4teqb_JnUVfdZ48MKgsDrFLjYMq8j6eltqQW1U6xK92JeYp-fQEfABATbDCr5rs0oIOpcMbIl0g/s320/IMG_20220718_234346_162.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigma8--QtqU-00rtZpHe003gba4R6E5vyaQlqvG0eTRwt-9gPPg4-EO2kL8fGwV73s9RsJsItv8MeVzcgHJzCLRGspv4-KgSys_66h9SttaYUMKzxTdmIq3RJiK3GGt7wEDlQ4dRfFjBPfanygpeZfOmf0iv1WkFuVMb2S1tkCI7rAtaLqQZiYVQpykQ/s960/IMG_20220718_234346_156.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="960" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigma8--QtqU-00rtZpHe003gba4R6E5vyaQlqvG0eTRwt-9gPPg4-EO2kL8fGwV73s9RsJsItv8MeVzcgHJzCLRGspv4-KgSys_66h9SttaYUMKzxTdmIq3RJiK3GGt7wEDlQ4dRfFjBPfanygpeZfOmf0iv1WkFuVMb2S1tkCI7rAtaLqQZiYVQpykQ/s320/IMG_20220718_234346_156.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEin25VasoY--6tAieF2SV8IYQWUi4Pa5zF0Mn5HdjDvuCatBMSwXekDLkshKpLR8U4mxbL8TK9LzA4jLrUzTZ7qVpJTtmLLfNtjujkraKap0DBkQC1CthfcbYBrhq4DwtfXT0JgqLbZEiy2NUw5rFS4sCfkbLDZ-dRPrOO9bW89egU8B76-EfLOlyZidA/s960/IMG_20220718_234346_150.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="960" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEin25VasoY--6tAieF2SV8IYQWUi4Pa5zF0Mn5HdjDvuCatBMSwXekDLkshKpLR8U4mxbL8TK9LzA4jLrUzTZ7qVpJTtmLLfNtjujkraKap0DBkQC1CthfcbYBrhq4DwtfXT0JgqLbZEiy2NUw5rFS4sCfkbLDZ-dRPrOO9bW89egU8B76-EfLOlyZidA/s320/IMG_20220718_234346_150.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKu55delEHEOFQoUJUUV7YCHlHbsTQMVHL-dm0DU40QWbTxgn3uWZcfxi0gbKabJWih50Ptax5K0Sd9_pgffZ6AOnJCt9zBLOtAV_I-3QhpqtuerqUkuReUolbiH2GTvqloZCNVihnPK1tSBCJuA9etb00ec9TIhaaM7BwbleBxH7YE8v7YHGwlqa1Bg/s960/IMG_20220718_234346_144.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="960" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKu55delEHEOFQoUJUUV7YCHlHbsTQMVHL-dm0DU40QWbTxgn3uWZcfxi0gbKabJWih50Ptax5K0Sd9_pgffZ6AOnJCt9zBLOtAV_I-3QhpqtuerqUkuReUolbiH2GTvqloZCNVihnPK1tSBCJuA9etb00ec9TIhaaM7BwbleBxH7YE8v7YHGwlqa1Bg/s320/IMG_20220718_234346_144.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9ySstC_l3Pk8Zj1rQRRmARUlGYLnkYHLt6mCI8YbcmOXdlTbIqEduVAdkgG0k9Nci8GmSACOAZ4wBgicJmBQAXA9nq8XKMNSlMoiv_sUF6FzcI1caLNEJtqY6pyAG9I_v5YBoVGqHcsIdFQtu8HEvVEtonVoVlfsZLFnCB9cf_Ts65ptc3FYodI3bkA/s960/IMG_20220718_234346_139.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="960" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9ySstC_l3Pk8Zj1rQRRmARUlGYLnkYHLt6mCI8YbcmOXdlTbIqEduVAdkgG0k9Nci8GmSACOAZ4wBgicJmBQAXA9nq8XKMNSlMoiv_sUF6FzcI1caLNEJtqY6pyAG9I_v5YBoVGqHcsIdFQtu8HEvVEtonVoVlfsZLFnCB9cf_Ts65ptc3FYodI3bkA/s320/IMG_20220718_234346_139.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMgZo5twpZmo5Vjo7t9Jsv_pG_67CkcABLsfSFss9T-4rvvCa3Avz_PsS8VbCQxsjCjLnPxjWrLlR-7GVX98yg5B5CHmrn2iUdjdWv41qn6UAurzHQEjd9SlHuXU3Oi556gmfSiKbKefpVGQpzClQCBJg6CLmPZVCh6KETSW9Q5WTeZJX8QeSXwpWv4Q/s960/IMG_20220718_234346_131.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="960" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMgZo5twpZmo5Vjo7t9Jsv_pG_67CkcABLsfSFss9T-4rvvCa3Avz_PsS8VbCQxsjCjLnPxjWrLlR-7GVX98yg5B5CHmrn2iUdjdWv41qn6UAurzHQEjd9SlHuXU3Oi556gmfSiKbKefpVGQpzClQCBJg6CLmPZVCh6KETSW9Q5WTeZJX8QeSXwpWv4Q/s320/IMG_20220718_234346_131.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwTg2dhNGGRA0qKm_zliUhb1d_jgQh_ezkoSFjv7kKES1xMMpB8nRVaJJ8dQH2sszLCct-gFLxlUzC6zGp9SlpIXV6pNH0Yqmroh8c7CJ-XJdrb5bQ8CiaL6x9XdW7iUjGXfwHgpI_Mufr-QEr8l-iErlq3Dp-WW7zDHD8dabkhE-P4l2GVRRFCmBV4Q/s1080/IMG_20220718_234346_126.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwTg2dhNGGRA0qKm_zliUhb1d_jgQh_ezkoSFjv7kKES1xMMpB8nRVaJJ8dQH2sszLCct-gFLxlUzC6zGp9SlpIXV6pNH0Yqmroh8c7CJ-XJdrb5bQ8CiaL6x9XdW7iUjGXfwHgpI_Mufr-QEr8l-iErlq3Dp-WW7zDHD8dabkhE-P4l2GVRRFCmBV4Q/s320/IMG_20220718_234346_126.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixlcvEAQH7VeTqX3TqCZpS9Q6iD6vANoad5UX_l7kt__D-WVdvMNYQ_uiISNFeNR08jHc8nLFDu3V3nCHgS_8YP9CSdzT4r_63PnupaTrWQdo6ufKbTEcs8ZslJt2UYTgoCflre_Pb5Ay98ajdR4r4BK4IeTp8OpcipGS5-cYFsVvbzQuyZvIR03eJpw/s1080/IMG_20220718_234346_080.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixlcvEAQH7VeTqX3TqCZpS9Q6iD6vANoad5UX_l7kt__D-WVdvMNYQ_uiISNFeNR08jHc8nLFDu3V3nCHgS_8YP9CSdzT4r_63PnupaTrWQdo6ufKbTEcs8ZslJt2UYTgoCflre_Pb5Ay98ajdR4r4BK4IeTp8OpcipGS5-cYFsVvbzQuyZvIR03eJpw/s320/IMG_20220718_234346_080.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdJZSk6guRE8wr5AaxvZCeuRAOviYSZkgWjt730l9mzPYD_yfs_43brEbV86fAVK9QXAlb_yvbT5yIqGd8QyXQce4Kq4qSUSUxXAhNihmuwHoqLxGNH18OdA_LWCU0-vheKN-mc5s6bhazRKExrsTcKcV7AENHhw9mMPXUqH1GGALqhbQjCVWw4Te0IQ/s960/IMG_20220718_234346_165.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="960" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdJZSk6guRE8wr5AaxvZCeuRAOviYSZkgWjt730l9mzPYD_yfs_43brEbV86fAVK9QXAlb_yvbT5yIqGd8QyXQce4Kq4qSUSUxXAhNihmuwHoqLxGNH18OdA_LWCU0-vheKN-mc5s6bhazRKExrsTcKcV7AENHhw9mMPXUqH1GGALqhbQjCVWw4Te0IQ/s320/IMG_20220718_234346_165.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSP5uwx9sr_x4WCDc1JgctJ-wLbYSaPTx69FTTm5fRmjhCbVAm2t0MHm8d2ZfiL9g0kO4YpPF-n2N1VMeF4PjB-cqLPpzOMDdsn-cK337hHsUyJTosWMCkt-WU7obg-F98vMMZDyxPMfIOCAlQa8t80k33Y1jfjueiOXbAqGcT7K6ifG-URAwiP85lng/s960/IMG_20220718_234346_069.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="960" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSP5uwx9sr_x4WCDc1JgctJ-wLbYSaPTx69FTTm5fRmjhCbVAm2t0MHm8d2ZfiL9g0kO4YpPF-n2N1VMeF4PjB-cqLPpzOMDdsn-cK337hHsUyJTosWMCkt-WU7obg-F98vMMZDyxPMfIOCAlQa8t80k33Y1jfjueiOXbAqGcT7K6ifG-URAwiP85lng/s320/IMG_20220718_234346_069.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-6602109813726591732022-05-31T08:34:00.003-07:002022-06-16T06:06:35.200-07:00"O ÚLTIMO POEMA", DE MANUEL BANDEIRA, E "A ÚLTIMA CRÔNICA", DE FERNANDO SABINO<p style="text-align: justify;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWlWbWeXukw1GaQ7Yyo7ihGFzG1t0NVNGXCLBvfMgEQkbGjDtz-k6KhYUAb348_CZZr-hn-e-fYdrG0rc6RR4oNQd9226zvvEgOQxpp0vwsDVu76xexki_mceLGe0fstpx_g1l-_0XmOSMfe067g2JEb742xo3y8GF80lmYLYvm2e57-lm2osf7ZpwnQ/s1000/R.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1000" height="242" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWlWbWeXukw1GaQ7Yyo7ihGFzG1t0NVNGXCLBvfMgEQkbGjDtz-k6KhYUAb348_CZZr-hn-e-fYdrG0rc6RR4oNQd9226zvvEgOQxpp0vwsDVu76xexki_mceLGe0fstpx_g1l-_0XmOSMfe067g2JEb742xo3y8GF80lmYLYvm2e57-lm2osf7ZpwnQ/w242-h242/R.jpg" width="242" /></a></div><br /><p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O ÚLTIMO POEMA <o:p></o:p></span></b></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: right;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Assim eu quereria o meu último
poema<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Que fosse terno dizendo as coisas
mais simples e menos intencionais<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Que fosse ardente como um soluço
sem lágrimas<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Que tivesse a beleza das flores
quase sem perfume<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A pureza da chama em que se consomem
os diamantes mais límpidos<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A paixão dos suicidas que se matam
sem explicação.<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: right;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">(Manuel Bandeira)<a href="file:///C:/Users/%C3%89merson%20Cardoso/Documents/ESCOLA/2022/DISCIPLINAS/CRIA%C3%87%C3%83O%20LITER%C3%81RIA/TEXTOS%20PARA%20A%20DISCIPLINA%20DE%20ESCRITA%20LITER%C3%81RIA.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><sup><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></sup><!--[endif]--></span></sup></a><o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A ÚLTIMA
CRÔNICA<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A caminho
de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na
realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta.
Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do
pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher
da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que
a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta
perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de
uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a
noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café,
enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "Assim eu quereria o meu
último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último
olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ao fundo
do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de
mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção
de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de
seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se
instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os
olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno
à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém,
que se preparam para algo mais que matar a fome. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Passo a
observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do
bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão
um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel,
vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve,
concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher
suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua
presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O homem
atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho – um
bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha,
contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o
garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai,
mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa
de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma
caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um
animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">São três
velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do
bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as
velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e
sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito
compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos:
"Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as
velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as
duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com
ternura – ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe
cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se
convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a
observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido – vacila,
ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num
sorriso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Assim eu
quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.<o:p></o:p></span></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: right; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">(Fernando
Sabino)<a href="file:///C:/Users/%C3%89merson%20Cardoso/Documents/ESCOLA/2022/DISCIPLINAS/CRIA%C3%87%C3%83O%20LITER%C3%81RIA/TEXTOS%20PARA%20A%20DISCIPLINA%20DE%20ESCRITA%20LITER%C3%81RIA.docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><sup><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><sup><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></sup><!--[endif]--></span></sup></a><o:p></o:p></span></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/%C3%89merson%20Cardoso/Documents/ESCOLA/2022/DISCIPLINAS/CRIA%C3%87%C3%83O%20LITER%C3%81RIA/TEXTOS%20PARA%20A%20DISCIPLINA%20DE%20ESCRITA%20LITER%C3%81RIA.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> BANDEIRA, Manuel. O último poema.
<i>In</i>: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Libertinagem e Estrela da Manhã</i>.
14. ed. São Paulo: Editora Nova Fronteira, 2000. <o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><a href="file:///C:/Users/%C3%89merson%20Cardoso/Documents/ESCOLA/2022/DISCIPLINAS/CRIA%C3%87%C3%83O%20LITER%C3%81RIA/TEXTOS%20PARA%20A%20DISCIPLINA%20DE%20ESCRITA%20LITER%C3%81RIA.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman",serif;"> SABINO, Fernando. A última
crônica. <i>In</i>: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Elenco de cronistas modernas</i><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">. </b>21. ed. Rio de Janeiro: José Olympio,
2005. <o:p></o:p></span></p>
</div>
</div>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-81310290062280876652022-05-31T08:27:00.002-07:002022-11-18T07:31:39.514-08:00RESENHA CRÍTICA DO LIVRO "CRUVIANA", DE JOVINA BENIGNO <p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_2UzoJHJLbBxAibrVeUsD47gaAwBSif77JwcgJ8Q82MHWRbJg6V1uOHPDgnHxvt9rQP_48V_DUetbiROdzBOYbT0YTIVy4JP-ADpgGNFrr_PhMi6iagStwiMR1LDnfao7Nv7pQnswwsXaarJgTRw-VPai3yVZzmqt02JDv0V2DlQhvR7DeTFLKnR9dQ/s320/274698837_5397098273653002_1427911692862044771_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="212" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_2UzoJHJLbBxAibrVeUsD47gaAwBSif77JwcgJ8Q82MHWRbJg6V1uOHPDgnHxvt9rQP_48V_DUetbiROdzBOYbT0YTIVy4JP-ADpgGNFrr_PhMi6iagStwiMR1LDnfao7Nv7pQnswwsXaarJgTRw-VPai3yVZzmqt02JDv0V2DlQhvR7DeTFLKnR9dQ/s1600/274698837_5397098273653002_1427911692862044771_n.jpg" width="212" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">BENIGNO, Jovina. </span><b style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Cruviana</b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">. Fortaleza: OIA Editora, 2022.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O livro de poemas <i>Cruviana</i>, de Jovina Benigno, apresenta vinte e quatro poemas divididos em duas partes. A primeira parte é intitulada <i>Mergulho insepulto</i> (nela constam treze poemas). A segunda parte é intitulada <i>Memória sepultada</i> (nela constam onze poemas).<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Na primeira parte, a autora inicia seu versejar com o poema <i>Mergulho</i>. Nele, a voz lírica, autodenominada estrangeira do tempo, se deixa abandonar e encontra na palavra a liberdade de ser e de estar no mundo. Em <i>Erva de São Lourenço</i>, o tom metalinguístico invade a voz lírica em busca de afirmação poética. N’<i>O cheiro dos igarapés</i>, a autoafirmação se configura pela compreensão do ser mulher em todas as suas possibilidades lírico-existenciais. Nele, localizamos versos de uma ousadia poética digna de nota:<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Homens e mulheres,<o:p></o:p></span></i></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">beijo suas bocas<o:p></o:p></span></i></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">lambo seus sexos<o:p></o:p></span></i></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">sem olhos vendados.<o:p></o:p></span></i></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">(BENIGNO, 2022, p. 35)<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Isso também ocorre n’<i>Os alienistas</i>, que apresenta uma voz sem qualquer medo de ser considerada insana ante os julgamentos que a atiraram “em celas / sem capelas”. Em <i>Jacarés chegando</i>, há um tom de observação social que vê a realidade e o não alento para vidas percebidas à margem. Há nele, ainda, a crueza de palavras que leem a existência “na putrescência” do ser. Em <i>Olhos vazados, </i>as palavras também são cruas, mas nesse caso observam outro aspecto da condição humana: o amor que deixa a voz lírica “feito barco naufragando” ante impossibilidades.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">No poema <i>Rosa, na cabeceira</i>, temos as desventuras de um livro envelhecido e abandonado que exigia de sua leitora um processo de ressurreição. O livro, descobrimos, é de Guimarães Rosa e grita, em sua força expressiva, por um olhar de acolhimento. Em seguida, vem a leveza do <i>Balão fugindo</i> que, em verdade, busca liberdade e cura nas cores de chuva e de sol impregnadas de mar.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">No poema <i>Salvo, o dia</i>, fragmentos do passado e alusões a Manuel Bandeira dão a tônica. A leveza desse texto contrasta com <i>Foice volátil</i>, que traz como tema a morte e suas reverberações dolorosas. Também a morte está presente na desilusão do primeiro amor configurado pelo preterimento, que surge como tema no <i>Pão bolorento</i>. O preterimento amoroso, experimentado pela voz lírica com amargura, volta a ser tema no <i>Último desejo</i>. O lirismo pungente que constrói a beleza desse texto é uma das melhores realizações do livro.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A primeira parte da obra termina com mais um texto alusivo à morte. No caso, o poema <i>Versos mortos,</i> construído com a expressividade de imagens líricas retiradas de “vapores com cheiro de éter”, “presas cheirando a alho” e “baratas em festa”.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A segunda parte do livro inicia com o texto que lhe dá título: <i>Cruviana</i>. Nele, novamente nascem rememorações, tempos de chuva “na casa furada”, de “baldes cobrindo o peito”, de “telhas quebradas” e de infâncias que “brincam de roda”.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">N’<i>A mala, Juazeiro e a poeta</i>, a voz lírica relata uma viagem ao Cariri cearense, mais precisamente uma visita à cidade de Juazeiro do Norte, ocasião em que pode ver, na “sacola perdida”, o peso do “poema de uma vida”.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Serenata</span></i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">, que vem na sequência, retoma cenas e cenários de uma casa que ainda recebia canções de amor para moças na janela. Ainda no contexto imagético da casa, temos redutos de vida, memórias de cotidianos antigos e profundidade de experiências familiares reconstruídas n’<i>O suor na bacia, </i>que é dos textos mais emocionantes da autora.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O tom melancólico, apresentado anteriormente, dá espaço, em <i>Resenha</i>, a lembranças alegres e momentos felizes. <i>A queda da cachoeira</i> traz o tema do amor ausente, mas há nele a capacidade da voz lírica de “amar de novo”. Depois, em <i>O canto do xexéu</i>, temos um olhar novidadeiro sobre o pássaro e, ao mesmo tempo, sobre as claridades e levezas da vida.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">No meio da sala </span></i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">é doloroso, com imagens de chuva e de morte. Fala-se de perdas na infância e comenta-se sobre “vida após a morte”. Em seguida, <i>Prece aos mortos </i>retoma a compreensão da morte pelo ângulo de visão infantil: curiosidade, medo e constatação da ausência. Nele, localizamos uma das estrofes mais belas do livro:<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">A foice erra o coração<o:p></o:p></span></i></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">dos fenecidos fornidos de bem<o:p></o:p></span></i></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">deles me restam<o:p></o:p></span></i></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">o pesadume da exiguidade<o:p></o:p></span></i></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">a revelação nas cinzas<o:p></o:p></span></i></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">a profundidade das covas<o:p></o:p></span></i></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">o dilacerante amor<o:p></o:p></span></i></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">sem o consolo do coro dos corações.<o:p></o:p></span></i></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">(BENIGNO, 2021, p. 117)<o:p></o:p></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A morte é retomada em <i>Retrato póstumo</i>. Irrompem desse retrato imagens do pai, da mãe e dos irmãos, ausentes no tempo, mas presentes no tecer dos versos. E o livro termina com <i>Sabores e saberes</i>. O luar é um “magno presente” que observa “a noite e os notívagos”. A voz lírica confessa que não há “arrependimentos sob a luz da lua”. Existem, porém, “carícias orvalhadas” iguais a “um beijo cheio de luar” e, com isso, um universo poético se fecha nas páginas do livro para abrir-se na memória comovida de quem lê.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Consciente de seu fazer poético, Jovina Benigno trata, dentre outros temas, do erotismo, da condição da mulher, da praticidade da vida, das alegrias, da morte, das dores da alma e, sobretudo, da humanidade em seu sentido mais profundo. </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Esse livro é uma porta aberta para a brasilidade, é um encontro festivo com o simbólico, é uma viagem prazerosa (também dolorida) pelas terras áridas ou vívidas que se abrem à poesia do simples e à natureza do belo. Ele é recomendável pelo lirismo, pela profundidade, pela poeticidade e pela beleza. Há muito a ser vivido nessa obra de expressividade inconteste.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Jovina Benigno nasceu em Fortaleza–CE. Graduada em Letras e Direito, ela participou em diversas antologias e publicou, em 2020, o livro <i>Versus de uma vida</i>, pela Editora Scortecci. Em 2022, a autora publicou <i>Cruviana</i>, pela OIA Editora.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 16px; line-height: 24px; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Onde comprar o livro: </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px;">No i</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px;">nstagram: </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px;">@jovinagb</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm; mso-add-space: auto; mso-margin-bottom-alt: 10.0pt; mso-margin-top-alt: 0cm; text-align: justify;"><br /></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-22116841942638309842022-05-31T05:39:00.011-07:002022-05-31T08:41:51.978-07:00CARTA A LIDUÍNA BENIGNO XAVIER, AUTORA DO LIVRO "TECLADO DE AREIA"<p style="text-align: right;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9lAXJfhyGDEYKYEtJ5-XZ71dhtwg_Ai9OxmggJE4J0th26yeJZNtM19sQFYiCwZA1NVSej5_8twRs09jJvSZydBgurh9kClrll9TFOSxiE_1ewvCJFGrJNS2tg4hWcKhn7IWElwjJN4OpuiFCRCnFZ_SXc81tlgj9Aa4tSXsKriZCcuen4AW76PjNPQ/s4311/20220519_094650~2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4311" data-original-width="3174" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9lAXJfhyGDEYKYEtJ5-XZ71dhtwg_Ai9OxmggJE4J0th26yeJZNtM19sQFYiCwZA1NVSej5_8twRs09jJvSZydBgurh9kClrll9TFOSxiE_1ewvCJFGrJNS2tg4hWcKhn7IWElwjJN4OpuiFCRCnFZ_SXc81tlgj9Aa4tSXsKriZCcuen4AW76PjNPQ/s320/20220519_094650~2.jpg" width="236" /></a></div><br /><div style="text-align: right;"> Juazeiro do Norte - CE, 31 de maio de 2022</div><p></p><p style="text-align: left;">Caríssima Liduína Benigno Xavier, </p><p style="text-align: justify;">Na crônica <i>Sempre Rachel</i>, do seu livro <i>Teclado de areia</i>, publicado em 2022, você comenta que leu <i>Cartas exemplares</i>, de Gustave Flaubert, e alude ao fato de que o gênero epistolar descortina informações sobre os autores nem sempre encontráveis em manuais ou biografias. </p><p style="text-align: justify;">Você diz, ainda, que se sentiu privilegiada por poder entrar no universo de Gustave Flaubert (autor que pesquiso atualmente) através das correspondências dele. Além disso, você criou um parágrafo no qual afirma (XAVIER, 2022, p. 26): "E, sendo pessoa afeita a devaneios, logo me imaginei recebendo cartas de escritores e sendo envolvida na aura de inspiração que sempre exala de figuras modelares". </p><p style="text-align: justify;">Escrever e receber cartas, concordo, é um exercício instigante. Amo esse exercício. Ah! Compartilho de sua tendência a devaneios. Penso que isso nos torna escritor e escritora. Escrever, a propósito, é um ofício árduo, mas ele amplia tanto nossa existência, não acha? Escrever, para mim, é o ar que eu respiro. Sem poder escrever, acho que morreria. </p><p style="text-align: justify;">Por falar em devaneio, você, em seu devaneio-lucidez, imagina a possibilidade de enviar uma carta para algum talento da "constelação literária" que você tanto ama e escolhe a incrível Rachel de Queiroz, autora cuja obra pesquiso desde 2004 e que apresentarei por meio de estudos acadêmicos em livro que está em processo de revisão para ser publicado em breve. Pensei, em verdade, que você fosse escrever essa carta para Rubem Braga. Eu percebi seu amor devotado a ele em <i>Crônica de um amor que nunca houve, O velho Braga, Rubem Braga mora na minha estante, Moqueca de siri e Madeleines</i> e <i>Recado de verão</i>. Ele merece, certamente, esse amor. Que escritor grandioso! </p><p style="text-align: justify;">Ao escolher Rachel de Queiroz para enviar sua carta, essa autora cuja obra amo tanto, você, inteligente que é, inicia uma crônica na qual explana sua experiência de leitura de obras da autora e, desse modo, trata de características dessa obra trazendo, também, breves informações biográficas acerca da escritora cuja obra tem valor literário inconteste. Você é esperta, viu? Enquanto cria expectativas no leitor sobre uma carta que pretende escrever para Rachel de Queiroz, você escreve uma crônica. Sim, uma crônica metalinguística (e seu livro traz exemplos incríveis de textos que exploram a metalinguagem, como é o caso de <i>Ofício de cronista, Uma crônica é uma crônica é uma crônica, Receita de crônica, Ser cronista</i> e <i>Crônica, eu te amo</i> etc.) que é uma louvação a essa mestra fundamental quando o assunto é a história da crônica no Brasil. </p><p style="text-align: justify;">Por falar em seu livro, acredita que o li, de fôlego, no primeiro dia que o recebi? Sou professor de Língua Portuguesa e Literatura, então levei crônicas suas para sala de aula. Eu tinha aulas planejadas sobre o gênero crônica na semana em que recebi seu livro e o incorporei de imediato em minhas aulas. Li em sala de aula: <i>Receita de crônica,</i> <i>Notas de</i> <i>aula no caderno novo </i>e <i>Louvação ao álcool gel</i> (como crônica traduz o cotidiano, esta me foi indispensável para tratar com estudantes sobre essa peculiaridade do gênero). </p><p style="text-align: justify;">Eu teria dificuldade de dizer qual foi a crônica de minha preferência. Em geral, seus textos são maravilhosos. Não entenda esse elogio como algo simplório, hein, porque li e reli seus textos com interesse. Sua prosa é simples, leve, imagética, lírica e tem a peculiaridade de construir uma linguagem acessível sem, contudo, perder em qualidade literária. Agora, a crônica que me deu um nó na garganta foi <i>Precisamos falar dos mortos</i>. A morte é um tema doloroso, mas envolvente. Essa crônica me fez entrar em contato com a tragédia que vivemos recentemente: ainda caminhamos sobre os escombros da pandemia. Perdi pessoas queridas para a Covid-19. Seu texto me foi catártico à medida que me levou a pensar e repensar essas perdas tão dolorosas vividas por mim e pelo mundo. </p><p style="text-align: justify;"><i>Teclado de areia</i> é um livro de metalinguagens e reflexões sobre o ofício de escrever. Não estranhe se alguns textos seus forem retomados em atividades de escrita literária, porque eles seriam exemplos criativos do que é postar-se diante do papel em busca de algo a ser escrito. </p><p style="text-align: justify;">Para concluir, devo dizer: você escolheu Rachel de Queiroz para destinatária de sua carta, e eu escolhi você. Sim, eu escreveria uma carta para você. Eu diria nela o quanto seu texto é criativo, valoroso e repleto de qualidades. Seus textos são um exercício de pensar, de sentir, de ver o mundo com sensibilidade e, sobretudo, de construir novos horizontes quando a ideia é expurgar pela escrita o que a alma resguarda. </p><p style="text-align: justify;">Você precisa escrever uma carta para Rachel de Queiroz, Liduína Benigno Xavier, e eu precisava escrever essa carta para você. Nela, vai o meu abraço comovido. Espero nos encontrarmos para um café literário dia desses, pois quero ouvi-la dizer sobre o processo de escrita desse livro que recebeu prêmio e tudo, merecidamente, viu? </p><p style="text-align: justify;">Cordialmente, </p><p style="text-align: justify;">Émerson Cardoso</p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-36722469390391711232022-02-26T04:28:00.006-08:002022-02-26T05:06:31.920-08:00CRÔNICA: "FAZENDO AS PAZES COM A ACADEMIA"<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg5MwaO-39qIXVzi1msgkYbgZHaLZhKSvNuRMFV0Qj2RcVhOuia2htEMo5mQ9hxLMiUkG2Wqj-j2JL2_X4YNhzsO2fIzYXyzm66sKffHf5KARGtEwk0dqYStOLXrAC6Poj-dygwKXVNBgtQKkhfbQBZo_geyzXMHw9CX5tgSv8Cju4uqtoeOsOwumukQg=s1280" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg5MwaO-39qIXVzi1msgkYbgZHaLZhKSvNuRMFV0Qj2RcVhOuia2htEMo5mQ9hxLMiUkG2Wqj-j2JL2_X4YNhzsO2fIzYXyzm66sKffHf5KARGtEwk0dqYStOLXrAC6Poj-dygwKXVNBgtQKkhfbQBZo_geyzXMHw9CX5tgSv8Cju4uqtoeOsOwumukQg=s320" width="320" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">Eu sempre considerei as academias (de ginástica, de musculação etc.) espaços inabitáveis. Acontece que o mundo gira e nossas percepções a respeito de certas práticas podem mudar. Foi assim comigo em relação a esses espaços que eu denominava templos da superficialidade e da falta-do-que-fazer. </div><p></p><p style="text-align: justify;">Não deixo de observar o quanto, para algumas pessoas, realmente a academia pode ser um templo não só da superficialidade, mas da vaidade exacerbada e do culto à aparência aos moldes do padrão construído e propagado contemporaneamente. Nesse sentido, é engraçado observar alguns seres caricatos e, por vezes, patéticos na constante tentativa de se sentirem bem diante dos espelhos que lhes fustigam o ser-estar-no-mundo. Minha visão sobre as academias, no entanto, saiu desse olhar preconceituoso e passou a enxergar outras possibilidades.</p><p style="text-align: justify;">A academia pode ser um espaço extremamente agradável ao proporcionar descobertas. A primeira descoberta, creio, é sobre o corpo. A musculação e as demais atividades criam uma percepção mais aguçada do corpo e, com isso, reduz a ansiedade, melhora o humor, restitui a saúde, produz melhores condições de sono, proporciona a organização do pensamento, ajusta a postura, promove sociabilidade e minimiza a depressão. </p><p style="text-align: justify;">Enumerei esses itens porque falo de minha experiência, mas é provável que existam outras benesses para quem se dispõe a enfrentar o cotidiano das academias. Eu costumo brincar dizendo que os aparelhos são instrumentos de tortura medieval (alguns realmente parecem), no entanto é divertido descobrir meus limites na possibilidade de uso desses objetos capazes de moldar os corpos não só esteticamente, mas no que há de saudável e lúdico da fisiologia e da psicologia do ser humano. </p><p style="text-align: justify;">Eu, que antes criticava, descobri o quanto pode ser saudável realizar exercícios físicos em espaço construído para essa finalidade. A sensação que tenho, quando estou lá, é a de que não preciso me preocupar se pareço ou não ridículo quando realizo os exercícios. Quem está naquele ambiente vê com naturalidade o que é realizado e, consequentemente, se compreende parte de um todo em busca da vida pelo corpo em movimento. </p><p style="text-align: justify;">Quanto à minha experiência, existe uma indumentária criada para o evento. Existe uma ritualística engraçada no processo de ir, chegar, entrar, permanecer e sair. A ida é um desafio. O retorno é a sensação de missão cumprida. O movimento durante o ato parece exacerbar em alegria estranha. Tudo se torna caminho de endorfina e serotonina revisitadas. </p><p style="text-align: justify;">Eu gosto mais de exercícios aeróbicos, porém não me fecho às demais possibilidades. Tenho gostado da experiência e quero construir a disciplina necessária para prosseguir nessa prática recém-descoberta por mim com estranhamento. Cada pessoa deve encontrar um prazer particular na academia. Eu encontrei bicicleta, esteira, corda e dança. Sim, para minha surpresa, também se aprende a dançar na academia. Incrível como tenho me desconstruído com essa experiência. </p><p style="text-align: justify;">Na luta para viver, para se manter de pé no caos, para construir espaços de existência em plenitude, creio que a academia (e tantas outras formas de exercitar a mente e o corpo) pode ser muito útil. Eu, por mim, estou rendido. Os instrumentos de tortura medieval contemporâneos são mais atrativos do que eu poderia imaginar. Vivendo e mudando a visão sobre as coisas... Por que não? </p><p style="text-align: right;">Émerson Cardoso</p><p style="text-align: right;">26/02/2022</p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8457411040957583378.post-28746026190507813262022-02-26T03:39:00.013-08:002022-02-28T11:16:17.368-08:00RESENHA CRÍTICA: "ENQUANTO A CHUVA CAÍA E OUTRAS HISTÓRIAS", DE JEAN PAULINO <p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg-eYRwyy3_HHO-kWUABhE53xDGFEjhj0iJyp3z_1Nuksu-5yeyhfX1-Ah1w5UNWfZ3220hpkzsOSW9VH2u6X-uua-HqQfQKN__x27fwE4juQrbZ05f5AQ0yuc7qSPqRSpwKO_2X1PwZaEof6eBiEJDd_-WWoGbElgfAHOTnUi-orVGYCyw3S-nD5EEVA=s708" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="708" data-original-width="526" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg-eYRwyy3_HHO-kWUABhE53xDGFEjhj0iJyp3z_1Nuksu-5yeyhfX1-Ah1w5UNWfZ3220hpkzsOSW9VH2u6X-uua-HqQfQKN__x27fwE4juQrbZ05f5AQ0yuc7qSPqRSpwKO_2X1PwZaEof6eBiEJDd_-WWoGbElgfAHOTnUi-orVGYCyw3S-nD5EEVA=s320" width="238" /></a></div><br />SOUZA, Francisco Jean Paulino de. <b>Enquanto a chuva caía e outras histórias</b>. São Paulo: All Print Editora, 2021. <p></p><p style="text-align: justify;">O livro "Enquanto a chuva caía e outras histórias" apresenta dezesseis contos e cinco microcontos. Entre enredos românticos e cômicos, temos nesse livro uma passarela de personagens invariavelmente bem construídas.</p><p style="text-align: justify;">No primeiro conto, Jeremias (em verdade, Jairo Messias cujo nome prenuncia o tom paródico que se desenvolve em torno do atual presidente do Brasil) aproveita-se de certa posição de privilégio e arquiteta uma realidade mentirosa para a população de uma cidade. O contexto é de pandemia. A gripe espanhola, que assolava a Europa no início do século XX, se aproxima do Rio de Janeiro e da cidade interiorana na qual Jeremias é carteiro. Ele se esforça para criar uma atmosfera de aparente tranquilidade ante a notícia alarmante de um vírus mortal que, na concepção negacionista dele, não passa de uma "gripezinha". Assim, de carteiro a pastor, de pastor a prefeito, ele alcança <i>status </i>e credibilidade, mas termina por ser vítima da gripe espanhola que ele tanto quis esconder e negar. O texto lembra, em vários aspectos, o universo de Lima Barreto, seja no trato irônico que configura as personagens, seja no tom de parábola satírica que configura o enredo. </p><p style="text-align: justify;">Da pertinente crítica social, o autor vai para o romance rasgado. No conto <i>O caso da moça da fotografia</i>, o protagonista se apaixona por uma moça encontrada numa foto, em um cemitério, e fica obcecado por ela. Depois, ele morre. Um desencontro de almas gêmeas se dá, porque uma jornalista (com as características da moça da foto), anos após a morte do rapaz, também se apaixona pela foto dele. Temos nesse texto uma atmosfera novelesca, melodramática e gótico-romântica. </p><p style="text-align: justify;">Um romance também configura o conto <i>Lembranças da Lene</i>. Neste caso, um rapaz inconformado com a perda de seu grande amor não suporta qualquer alusão a ela, o que o torna uma personagem patética em sua busca desenfreada para fugir daquilo que tanto o massacra afetivamente. O humor caracteriza esse texto de perda e desilusão, sobretudo porque na tentativa de fugir de sua amada ele está cada vez mais preso a ela. Além disso, o rapaz não contava com a capacidade de vingança do primo Juca, personagem que é responsável pelo desfecho cômico do texto que tem perspectivas de anedota. O desfecho inusitado que conduz ao riso confirma essa possibilidade de diálogo com o gênero anedota. </p><p style="text-align: justify;">Em seguida, o texto <i>Deixa eu ir "no" banheiro </i>confirma a inclinação do autor para a comicidade. O ambiente é a sala de aula e o contexto é um diálogo entre professor e estudantes durante uma sôfrega aula de Gramática da Língua Portuguesa. O alheamento dos estudantes só não é maior do que a paciência (com momentos de extrema impaciência) do professor na tentativa de obter da turma o conceito de verbo. Esse texto é dinâmico e, por meio do humor, recria o universo de caos ou alegrias que pode ser a sala de aula. Com esse conto percebemos que o autor é um fidelíssimo pupilo de Luís Fernando Veríssimo.</p><p style="text-align: justify;">No texto <i>A rosa, o muro e a flor </i>o autor cria uma espécie de apólogo que, através das personagens evocadas no título, apresenta a seguinte moral: é preciso valorizar o que se tem, é pertinente observar o entorno com gratidão (enquanto se tem possibilidades para isso), é preciso não permitir a construção de muros que possam representar distanciamentos e separações. O autor também é pupilo de Rubem Alves!</p><p style="text-align: justify;"><i>O presente de Lurdinha</i> segura a atenção do leitor em torno de um presente dado, por engano, para uma moça insegura e ingênua cuja grande angústia é ter que conviver com suas parentas amargas e escarnecedoras. O texto poderia retomar a comicidade que tem sido a tônica de alguns contos, mas termina por optar pelo teor folhetinesco ao criar no desencontro o encontro de almas afinadas. </p><p style="text-align: justify;">CONTINUA...</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Émerson Cardosohttp://www.blogger.com/profile/03213511831016836592noreply@blogger.com1