quinta-feira, 24 de outubro de 2019
HORA DO SONETO ("O ADORMECIDO DO VALE", DE ARTHUR RIMBAUD)
HORA DO SONETO (TRÊS POEMAS DE GREGÓRIO DE MATOS)
estando o poeta para morrer
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
CRÔNICA: "A FESTA"
Convidaria para uma festa as minhas
professoras do Ensino Fundamental e Médio, que estariam diante de mim com o que
consegui resguardar delas. O que diria a elas? Que foram relevantes para minha
vida? Que as estimava com devoção?
Na surpresa do reencontro, ririam
as simpáticas. As mais sérias permaneceriam em silêncio. Eu passearia a vista
pelo ambiente e começaria a identificá-las. Não atentaria para a ordem em que elas
apareceram em minha vida.
Em sobressalto, aquela que apertou
minha mão, levando-me aos curativos quando me feri na escola, respondeu: “Não,
eu nunca vou te esquecer!” Era o último dia de aula quando a pergunta foi
feita. Ela permaneceu comigo, para sempre, através de sua letra que imito até
hoje.
A primeira que nos impediu de
chamá-la de Tia, ensinou à turma duas canções inesquecíveis. A primeira, trilha
sonora do filme A noviça rebelde, ensina as notas musicais. A segunda,
meu Deus, traz em sua melodia a face inteira dessa professora: “Já podeis da
pátria, filhos, ver contente a mãe gentil...” Ela atirou-se da janela de um
hospital psiquiátrico. Lecionava em três turnos e era um ser humano com uma
vida pessoal. Eu fui para seu velório. Diante dela, eu fiquei em profundo
silêncio.
Outra, de muitos cabelos e pouca
sensibilidade nas palavras, me acusou de rir demais. Talvez ela não tenha
entendido que, para não morrer, diante de uma vida indigna, rir era tudo o que
eu tinha.
Outra professora, muito humana, sorriu
com minha promessa: eu disse que um dia, ao reencontrá-la, iria dizer:
“Professora, eu também sou Professor!” Ela me deixava ajudá-la com as provas na
hora da correção e dizia que já havia conhecido quase todas as capitais do
Nordeste. Eu, em minhas viagens para capitais, sempre me lembrei de me
perguntar: “Ela já veio aqui?”
Uma professora, após a morte do
pai, vestida de luto, com muita angústia no fundo dos óculos espessos, entrou
na sala, sentou-se à mesa e permaneceu calada, sofrida, estática. O que nunca saiu de minha mente foi a
capacidade que essa professora teve de dizer tanto em silêncio tão cortante.
Outra, muito loira, vaidosa,
esotérica, preocupada em combinar as cores das roupas com as cores dos
acessórios, disse em sala de aula que a empregada lhe havia perguntado se dava
para fritar ovo em micro-ondas. Ela gargalhou sem refletir que poderia haver
alunos ali cujas mães (iguais à minha) também poderiam ser empregadas
domésticas.
Duas outras professoras eu as quero
lembrar a partir da simplicidade e simpatia delas. Uma era baixinha, usava
óculos, tinha um cabelo amarrado com rigor e lecionava como se estivesse
declamando. Eu amava escutá-la. A outra, também baixinha, fazia a turma se
movimentar, pois surgia sempre com um trabalho novo para ser apresentado em
sala. Todas as vezes que escuto a palavra Greenwich
essa professora me vem inteira.
Tive uma professora que me
emprestava livros. Lembro que o primeiro livro que ela me emprestou foi Amor
de perdição, de Camilo Castelo Branco. Eu lhe perguntei, ainda no Ensino
Fundamental: “O que eu devo fazer se eu também quiser ser Professor?” Ela
disse: “Faça Letras!” E eu iniciei uma larga marcha, desde esse dia, em busca
do curso para o qual nasci.
Por falar em literatura, tive uma
professora que era insana na aparência e apaixonada por essa área do
conhecimento que tanto amo. Ela portava uma garrafa azul em todas as aulas e os
meus colegas de turma, os mais irreverentes, diziam que a garrafa estava cheia
de uma “poção mágica” que explicava seu aspecto alucinado. A ela mostrei meus
primeiros contos. Recebi dela o melhor em estímulos.
Outra professora passou uma
produção textual que iniciava: “Naquele dia, eu me sentia diferente, pois...” E
eu completei: “...era meu aniversário”. No texto, coloquei as sensibilidades de
minha alma confusa de adolescente. A professora escreveu na folha de redação
palavras tão humanas, e depois me procurou e ensinou, com um gesto, o que uma
professora deve ser e fazer diante da existência anônima de um aluno
angustiado.
Uma professora de História, em
certa aula, para controlar a turma, contou sobre as dificuldades que viveu e as
lutas que empreendeu para superar as limitações da vida. Em certo ponto, ela
começou a chorar sem controle. A turma silenciou diante de seu testemunho
comovido e eu, que não era dado a abraços, me levantei e a abracei.
Minhas professoras de Matemática
foram poucas. Uma tinha um sotaque carioca irreverente. Com ela aprendi a
desenhar formas geométricas. A outra ensinava, com propriedade, os números que
eu detestei a vida toda. Seu método tornava a Matemática uma marcha difícil
para mim, porém tão aprazível, pois seu tom de voz e pacificidade eram
admiráveis.
Tive uma professora que ministrava
aula olhando só para mim. Havia algo forte que eu admirava nessa professora,
mas eu nunca soube dizer exatamente o quê. O que eu admirava nela, Deus, seus
olhos verdes e incisivos, ou sua beleza e inteligência tão peculiares?
Certa professora, esta muito
sóbria, racional e de vasto conhecimento, tinha a melhor das posturas. Era respeitável,
competente, exigente e de um tom de voz perfeito. No mundo, uma profissional
como ela é uma raridade. Foi essa senhora discreta e fina quem me fez o maior
elogio que um dia recebi, e receberei, na vida: “Você é um grande ser humano!”
Eu luto todos os dias para estar à altura do elogio. Creio que, em verdade, o
grande ser humano nesta história é ela, de voz inconfundível que eu escuto como
se tivesse gravado cada sílaba pronunciada.
Lembro-me afetuosamente da
professora que passou um estudo sobre o poema de Manuel Bandeira: Poema
tirado de uma notícia de jornal. Lembro-me de sua voz dizendo: “João
Gostoso”. E os seus lábios ficavam excessivamente arredondados. Escrevi um
poema, dei-lhe de presente e ela guardou com carinho. Sua serenidade é
inesquecível.
Ainda hoje reflito sobre o modo de
ser de uma professora que eu conheci. Ela mostrava nos olhos uma espécie de
fuga. Ela desejava, mas o quê? Demonstrava medo, insatisfação, silêncio, mas às
vezes ria com riso discreto. Quem era aquele ser humano fantasiado de
professora? Quais eram suas feridas existenciais?
Pois bem, antes de parar de falar
delas, das professoras da minha vida, devo me lembrar da primeira professora
que me ensinou sem estar em sala de aula. Ela morava num cubículo e ministrava
aulas para os meninos da vizinhança. Ela era tão triste, sozinha, abandonada...
Depois dela, me veio a escola com
as duas primeiras professoras oficiais de minha vida. A primeira, que ficou
pouco tempo, tinha cabelos curtos, óculos presos por um fio prateado e
seriedade extrema. A segunda, que acolheu a turma em seguida, com os cabelos
sempre assanhados, trazia revistas em quadrinhos e as espalhava sobre a mesa,
para minha felicidade de leitor iniciante.
Estive em sala de aula com várias
professoras. As tradicionais, carrascas, foram poucas. As marcantes, humanas,
foram muitas. Embora eu tenha querido citar todas, talvez tenha me esquecido de
alguma, o que não quer dizer que todas não sejam significativas. Agora, por
exemplo, me veio a imagem da única professora que me forçou a realizar Educação
Física. Eu ia à igreja pela manhã e ela, ao me ver passar com a farda da
escola, me raptou e disse: “Primeiro a obrigação, depois a devoção!” Até ela,
que só vi uma vez, ficou para sempre em mim através deste lugar-comum.
Queria nessa festa dizer às minhas
professoras o quanto a vida foi difícil. Estudar, sem estímulo em casa, e
sofrendo toda sorte de bullying, não é coisa tranquila de se
vivenciar. No auge das dificuldades, no entanto, sempre houve uma delas que me
dizia como superar as limitações. Elas me davam forças até quando silenciavam.
No pátio da memória, vou revendo as
faces afixadas nas paredes do que sou. A imagem de cada uma delas compõe a alma
que tenho construído. Ficará em mim, enquanto houver memória, a existência
profunda dessas mulheres que me ensinaram sobre a vida. Com umas, aprendi como
ser um profissional exemplar. Com outras, aprendi como reivindicar meus
direitos, como superar os momentos de conflito, como ser gente, como utilizar a
palavra para entender e enfrentar o mundo.
Por falar em palavras, as que
escrevo passam a ter peso de chumbo, porque estão perpassadas por um tempo que
não volta. Não sei onde encontrar minhas professoras para uma demonstração de
afeto. Não sei se estão bem. Não sei de suas vidas ou mortes. Não sei. Eu as
quero felizes sempre.
quarta-feira, 25 de setembro de 2019
CRÔNICA: SETEMBRO AMARELO, QUE EM VERDADE FOI CINZA!
Discorrer sobre suicídio em campanha, numa tentativa de combate, será um meio eficaz de reverter esse quadro? Em minha cidade ocorreram, desde o começo deste ano, tantos suicídios que eu não me recordo de ter visto, desde que nasci, tantas notícias sobre o assunto. Talvez a falta de horizontes políticos, os desesperos existenciais movidos pela perda de direitos, as angústias do cotidiano com suas dores inevitáveis tenham vindo com força total neste ano de 2019 que, como tenho mencionado, é um ano funesto.
Depois de ouvirmos notícias diversas sobre o assunto, ao longo do ano, fomos informados a respeito do suicídio de dois adolescentes em uma mesma escola. Morreram de suicídio, neste mês de "setembro amarelo", um rapaz e uma moça com pouco tempo de um para o outro. O rapaz deixou uma carta, que eu li e deixou-me completamente reflexivo. Primeiro, pela sobriedade do texto; segundo, pela sensação de profunda identificação que eu tive com ele. Eu era um adolescente sensível e angustiado, assim como ele, e nunca escrevi carta de despedida, mas escrevi contos cujas personagens sempre cometiam suicídio. A vontade de me livrar da vida, que tanto me ocorria na adolescência, felizmente, foi sublimada.
Eu, assim como ele, também assisti, na escola, ao filme "Sociedade dos poetas mortos". Com este filme, senti o quanto ser eu mesmo poderia causar transtornos para o espaço social em que eu estava inserido. Ao mesmo tempo, esse filme me deu a grande lição de minha vida: é preciso não se deixar aprisionar, é necessário estar aberto ao que é novo, é urgente estar vivo com tudo o que o viver implica. Aprendi, com esse filme, a resistir, a sobreviver, a continuar, a prosseguir, apesar das adversidades. O rapaz que escreveu a carta talvez tenha se fixado demais em uma das personagens - e quem poderá criticá-lo por isto?
Desde sempre, quando vejo notícias de suicídio, paro e fico reflexivo. Os autores que morreram de suicídio sempre me chamam atenção, porque eles não suportaram as dores da vida apesar de tentarem sublimá-las, como eu fiz e continuo a fazer. Para mim, por muito tempo, havia certo lirismo neste tipo de morte. Hoje, quando vejo tantos que se destruíram porque se desiludiram com a vida, eu sinto tristeza e vontade de dizer a eles o quanto as coisas podem mudar, caso a gente tenha um pouco de paciência e teimosia.
No suicídio está implícita uma imensa vontade de viver. O que torna essa vontade de viver um espectro de autodestruição é a impossibilidade de viver aquilo que a alma tanto aspira. Os cerceamentos, os falsos moralismos, os desrespeitos, dentre outros fatores, criam gatilhos que levam o ser humano a querer se matar, porque nem todo mundo tem força, apoio, saúde psicológica, possibilidades de reverter quadros depressivos etc.
Quanto ao tal "setembro amarelo", eu sou totalmente contra. A hipocrisia reina nesse tipo de campanha. Digo isto porque o mesmo ser humano que pode triturar os outros com palavras, ou desrespeitos outros, pode também confeccionar fitinhas amarelas às pampas para distribuir com falsidade.
Penso que não devemos fazer campanhas contra o ato de tirar a vida, que se mostra uma opção para quem já não suporta os sofrimentos cotidianos e seus correlatos. Devemos fazer campanhas, em verdade, a favor de uma maior humanização em casa, nas escolas, nas ruas, no Brasil e no mundo. Devemos fazer as pessoas considerarem possível estar vivas. Olhá-las, ouvi-las, buscar compreendê-las em suas singularidades. Não digo isto com tendência utópica, porque sei que o convívio humano é complexo e, portanto, doloroso. Olhar com mais sensibilidade para a realidade dos outros, porém, pode ser bem mais útil do que ficar exibindo fitinhas amarelas para mostrar que se importa com o outro. Penso que é desafiador, sim, tentar ser empático, sobretudo em alguns contextos, mas deveríamos ao menos tentar.
Como professor que sou, fico impressionado com o modo como o âmbito escolar tem sido um espaço cada vez mais contraditório. Fala-se em educação para a cidadania, para a vida e coisa e tal, no entanto, o que se faz muito é: amontoar quarenta e tantas vidas em uma mesma sala de aula, incentivar constantemente o estudante à competitividade, exigir em várias instâncias hierárquico-burocráticas resultados e mais resultados, cercear a capacidade criativa e humana e sensível do estudante com pressões psicológicas que atendem a uma matriz curricular (que ainda denominam grade curricular, para fazerem jus ao teor de presídio das escolas), dentre outros pontos.
Se pensarmos a realidade do professor, então, é melhor não entrar em detalhes, porque me estenderei demais e terminarei por expor, ainda que parcialmente, o porquê de meu colega de trabalho ter cometido suicídio quando ele era, pelos discursos contraditórios da educação, o mais apto a lidar com os diversos conflitos que fazem parte do métier da profissão. Há tantos professores e professoras querendo morrer nas salas de aula deste país sem educação, enquanto há tanta gente indiferente preocupada apenas em cumprir ordens que vêm de funcionários que sabem pouco, ou nada, sobre o que é estar em sala de aula! E há tanta gente inapta que odeia professor sem tentar entender suas misérias humanas, seus conflitos, suas dores!
Enfim, o suicídio é algo sério, não tenho como alongar mais o texto na tentativa de explaná-lo, porque falar sobre ele tem me causado uma sensação de angústia sem precedentes. E, para concluir, creio que o suicídio seja a grande problemática da existência, porque, ainda que de forma generalizante, o ser humano tem apenas duas opções neste mundo: 1) querer estar vivo, embora com a consciência de que estar vivo é lidar com as dores e seus universos, ou 2) decidir se quer, definitivamente, morrer. Assim é a vida: tomar decisões e implorar para que essas decisões sejam as mais acertadas.
domingo, 15 de setembro de 2019
CRÔNICA: VIDA E TENTATIVAS DESNECESSÁRIAS DE CONCEITUAÇÃO
A vida é assim: tomar uma decisão acertada é o melhor caminho. Se quem toma a decisão comete um equívoco, e lhe é dada uma oportunidade para consertá-lo, a realidade pode ser alterada e as próximas decisões poderão ser mais corretas.
A vida é assim: quando se está frente a um abismo, sem poder retroceder, se faz necessário criar, para si, coragem. Coragem é artefato complexo, porque é difícil de adquirir, é luxo que não é todo mundo que pode ostentar, é construção que precisa ser reconfigurada sempre.
A vida é assim: quando se tem medo demais, a vida se esvazia e corre para caminhos pouco profundos. Medo é mortalha cortada para corpo já putrefato. E há tanto medo no mundo!
A vida é assim: uma obra cinematográfica que pode ter roteiros os mais diversos. Depende muito dos componentes a serem articulados. Há elencos que se entregam à trama, há elencos que não. E o papel está em branco exigindo tinta.
A vida é assim: poema que não pode esperar preocupações com a forma para realizar-se em puro fôlego. Às vezes, a gente não pode se dar ao luxo de perder o ímpeto. O mundo gira e não espera disciplina e regras a serem construídas quando surge resquício de lirismo.
A vida é assim: o leite derramado sempre apaga o fogo. Não tê-lo vigiado já passou, agora é seguir em frente e esperar melhores momentos para ter mais cuidado com o que é fervura. Olhar com dedicação é encontrar caminhos para o cuidado nunca disperso.
A vida é assim: o sol que se põe hoje, por mais que semelhante aos anteriores, para sempre não se repetirá no gesto. Tampouco será igual quem o olha, ou mesmo a tonalidade que o arrebol desenha. E o que é ou foi nunca mais será, porque tudo é singularidade no sol que se põe em cada final de tarde.
A vida é assim: quatro paredes de solidão e cruz. Se em silêncio se busca o barulho no outro, estando com o outro se busca o silêncio com sofreguidão. Esta aventura é para os fortes, pois entregar ao outro o que temos nas mãos é profundidade perigosa demais para um mergulho.
A vida é assim: não dá para conceituá-la, defini-la, porque, enquanto o ser vivo existir em pleno fôlego, a vida poderá levá-lo para caminhos tão diversos e mudanças tantas que não seria possível querer defini-la em sua totalidade. A vida só pode ser definida depois que o ser morre. Na morte, quem vivo estiver, poderá delimitar o que foi a vida de alguém, mas, estando em vida, uma pessoa não terá como definir, de modo preciso, o que é sua própria vida. A vida é o estar vivo com todas as suas possibilidades e dores. Não seria melhor que nos preocupássemos apenas em viver? Definir o que é a vida nos tornará mais vivos ou felizes? A vida, pelo que tenho notado, exige coragem e a necessidade de sobreviver às pequenas angústias que o cotidiano nos oferece em bandeja de ferro e copo de cólera.
terça-feira, 3 de setembro de 2019
CRÔNICA: PÔR DO SOL EM JOÃO PESSOA (ou: epifania de final de tarde)
28/08/2019
terça-feira, 23 de julho de 2019
CONTO: "A CARNE"
CRÔNICA: ISABEL ALLENDE, POR QUE SOU DESLOCAMENTO?
Nas mãos de quem o parece comportar, meu corpo morre. Não sinto vida quando tateiam do meu corpo a palidez e o desajuste. Quando me permito a isso, estou sem chão, estou sem mim. O mundo não me pertence, nem eu a ele. Estou sozinho em exílio estranho. Preciso de luz nas trevas do que ainda sou, mas não me encontrarei comigo mesmo enquanto eu não conseguir dizer NÃO para o que é o SIM do mundo. Estou cansado de tentar adequações. Será que meu lugar de paz não está exatamente no deslocamento que me define e, sinceramente, me amplia? Será que meu destino não é organizar meu mundo para melhor lidar com o espaço externo a ele tão violento e trágico? O mundo, disso estou certo, não me comporta!