Do Latim "fabula" (narrativa, jogo, história e, literalmente, "o que é dito") a "Fábula" corresponde a composições literárias que apresentam, como personagens,
animais antropomorfizados, personificados (ou seja: possuem características humanas). Uma das principais características da "Fábula" é o sentido pedagógico que se manifesta através de um ensinamento moral, instrutivo e que leva o leitor à reflexão. Sobre a origem da "Fábula", leiamos:
"A fábula é um gênero que surgiu no Oriente, mas foi particularmente desenvolvido por Esopo, autor que viveu no século VI a. C., na Grécia Antiga.
A Esopo foi atribuído um conjunto de pequenas histórias, de caráter
moral e alegórico, cujos papéis principais eram desenvolvidos por
animais. Por meio dos diálogos entre os bichos e das situações que os
envolviam, ele procurava transmitir sabedoria de caráter moral ao homem.
Assim, os animais, nas fábulas, tornam-se exemplos para os seres
humanos. Cada animal simboliza algum aspecto ou qualidade do homem como,
por exemplo, o leão representa a força; a raposa, a astúcia; a formiga,
o trabalho etc. É uma narrativa inverossímil, com fundo didático.
Quando os personagens são seres inanimados, objetos, a fábula recebe o
nome de apólogo. A temática é variada e contempla tópicos como a vitória
da fraqueza sobre a força, da bondade sobre a astúcia e a derrota de
preguiçosos. La Fontaine foi outro grande cultor do gênero, imprimindo à fábula grande refinamento. George Orwell, com sua "Revolução dos Bichos" (Animal Farm), compôs uma fábula (embora em um sentido mais amplo e de sátira política)."
Essa informação saiu daqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/fabula
EXEMPLO:
O ESCORPIÃO E A RÃ
(Rubem Alves)
Um dia a floresta pegou fogo. E incêndio não tem medo de rabo de
escorpião. Só havia um jeito de fugir da morte: era atravessando o rio,
para o outro lado. Os bichos que sabiam nadar pulavam na água, levando
seus amigos nas costas. Mas o escorpião nem tinha amigos nem sabia
nadar. E não havia ninguém que se arriscasse a oferecer-lhe carona.
O escorpião então, valentia e coragem sumidas ante o fogo que se aproximava, foi forçado a se humilhar. Dirigiu-se com voz mansa à rã, que se preparava para a travessia.
- Por favor, me leve nas suas costas - ele disse.
- Eu não sou louca. Sei muito bem o que você faz a todos que se aproximam de você - replicou a rã.
- Mas veja - argumentou o escorpião -, eu não posso picá-la com o meu ferrão. Se o fizesse você morreria, afundaria, e eu junto, pois não sei nadar.
A rã ponderou que o raciocínio estava certo. Podia ser que o escorpião fosse muito feroz, mas não podia ser burro. Todo mundo ama a vida. O escorpião não podia ser diferente. Ele não iria matar, sabendo que assim se mataria... E como tinha bom coração resolveu fazer esta boa ação.
O escorpião então, valentia e coragem sumidas ante o fogo que se aproximava, foi forçado a se humilhar. Dirigiu-se com voz mansa à rã, que se preparava para a travessia.
- Por favor, me leve nas suas costas - ele disse.
- Eu não sou louca. Sei muito bem o que você faz a todos que se aproximam de você - replicou a rã.
- Mas veja - argumentou o escorpião -, eu não posso picá-la com o meu ferrão. Se o fizesse você morreria, afundaria, e eu junto, pois não sei nadar.
A rã ponderou que o raciocínio estava certo. Podia ser que o escorpião fosse muito feroz, mas não podia ser burro. Todo mundo ama a vida. O escorpião não podia ser diferente. Ele não iria matar, sabendo que assim se mataria... E como tinha bom coração resolveu fazer esta boa ação.
- Muito bem - disse a rã ao escorpião. - Suba nas minhas costas. Vou
salvar sua vida...
O escorpião se encheu de alegria, subiu nas costas lisas da rã, e começaram a travessia.
Que coisa - ele pensou -, é a primeira vez que me encosto em alguém de corpo inteiro. Antes era só o ferrão... E até que não é ruim. O corpo da rã é bem maciinho...
Enquanto isso, a rã ia dando suas braçadas tranquilas, nado de peito, deslizando sobre a superfície.
O escorpião se encheu de alegria, subiu nas costas lisas da rã, e começaram a travessia.
Que coisa - ele pensou -, é a primeira vez que me encosto em alguém de corpo inteiro. Antes era só o ferrão... E até que não é ruim. O corpo da rã é bem maciinho...
Enquanto isso, a rã ia dando suas braçadas tranquilas, nado de peito, deslizando sobre a superfície.
- E como é
gostoso navegar - continuou o escorpião nos seus pensamentos. - Estes
borrifos de água, como são gostosos. É bom ter a rã como amiga...
Estavam bem no meio do rio. O escorpião olhou para trás e viu a floresta em chamas.
Estavam bem no meio do rio. O escorpião olhou para trás e viu a floresta em chamas.
- Se não fosse a rã, eu estaria morto neste momento.
E um
estranho sentimento, desconhecido, encheu seu coração: gratidão. Nem
sempre veneno e ferrão são a melhor solução. A vida estava com a rã,
macia e inofensiva, que não inspirava medo a ninguém...
Sentiu seu corpo
descontrair-se. Achou que a vida era boa... Era bom poder baixar a
guarda e descansar.
Voltou-se de novo para trás para olhar a floresta incendiada. Mas, ao fazer isto, viu-se refletido, corpo inteiro, na água do rio que brilhava à luz do fogo. E o que viu o horrorizou: seu rabo, dantes ereto, agora dobrado, desarmado. Escorpião de rabo mole... Todos ririam dele. E sentiu um ódio profundo da rã.
- Espelho, espelho meu, existe bicho mais terrível que eu?
Voltou-se de novo para trás para olhar a floresta incendiada. Mas, ao fazer isto, viu-se refletido, corpo inteiro, na água do rio que brilhava à luz do fogo. E o que viu o horrorizou: seu rabo, dantes ereto, agora dobrado, desarmado. Escorpião de rabo mole... Todos ririam dele. E sentiu um ódio profundo da rã.
- Espelho, espelho meu, existe bicho mais terrível que eu?
A resposta estava
naquele rabo mole, refletido no espelho da água. E a única culpada era a
rã...
Sem um outro pensamento enrijeceu o rabo e o enfiou nas costas da rã.
A rã morreu. E com ela o escorpião.
Sem um outro pensamento enrijeceu o rabo e o enfiou nas costas da rã.
A rã morreu. E com ela o escorpião.
A estupidez do poder é maior que o amor à vida.
ALVES, Rubem. O escorpião e a rã. São Paulo: Loyola, 1989. p. 10.
todos se concentram no escorpiao como reflexao da moral da historia, mas e a ra ? acho que a moral da historia esta na ra,ela pensou que aquele escorpiao poderia ter uma natureza diferente dos outros , poderia modar se fosse ajudado e decidiu acreditar nele. a moral da historia sera que nao se deve acreditar que alguem que nunca foi bom um dia o ira ser e que nao se consegue mudar alguem .
ResponderExcluiralexandra ramos
Sim, Alexandra!!! Você tem razão em olhar essa fábula por outro ângulo de visão e considerar a moral a partir do comportamento evidenciado pela rã!!! Numa visão mais humanista, por exemplo, crer que o homem é dotado de uma índole apta à possibilidade de mudança é sempre uma forma muito peculiar de ver o mundo - e não deixa de ser uma visão mais otimista, coisa cada vez mais rara ante a realidade tão caótica em que vivemos... Ótima ideia, a sua!!!
ResponderExcluirÉ verdade , a história foi baseada no pensamento de que o escorpião é culpado,mas se olhar por outro ângulo vemos que a rã foi tola em achar que uma pessoa muda de uma hora pra outra
ResponderExcluirVerdade, Isaque! Concordo plenamente! Abraço!
ExcluirAss Isaque fernandes
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