Franco
Rabelo “maldito”
Com
sua tamanha ambição
Tirou
dos Acióli o mito
Da
mais alta posição
Quis
ser o governador
E
seu nome sustentou
Rugindo
como um leão.
Mas
um problema havia
Na
cidade de Juazeiro
Pois
quem governar iria
No
lugar do tal Rabelo
Era
o firme governante
Padim
Ciço bom amante
Do
sertão e do romeiro.
O
governo agora estava
Com
seus dois governadores
Franco
Rabelo gritava
Com
muita raiva e temores:
“Do
caminh’eu vou tirar
O
tal santo vou matar
E
também seus seguidores.”
Da
capital se mandou
Tropa
de soldado ruim
Foi
então que ele pensou:
“De
Juazeiro vou dar fim!”
A
guerra se preparava
Todo
mundo lamentava:
“O
que vai ser do Padim?”
Quando
a guerra aconteceu
Tirando
a paz de Juazeiro
Padim
Ciço se benzeu
Protegido
por romeiro
Era
homem e mulher
Todo
mundo tinha a fé
Pra
salvar o milagreiro.
E
foi nessa estripulia
Que
surgiu uma figura
Tinha
por nome Luzia
De
alma santa e candura
Uma
beata valente
Forte
como pouca gente
Era
bonita, era pura.
Luzia
de Deus um soldado
Com
um bando de Beata
De
vestido maltratado
Gritava:
“Por Deus, combata!”
A
guerra crescia, crescia
Com
a muita valentia
De
romeiros e beatas.
A
arma do Juazeiro
Eram
a fé e oração
A
tropa do tal Rabelo
Carregava
até canhão
Mas
o medo não havia
Na
cidade se dizia:
“Franco
Rabelo é do cão!”
Foi
durante o vil combate
Que
a sangue e fogo ocorria
Que
se deu o disparate
No
coração de Luzia
Um
musculoso soldado
De
fardamento trajado
Que
pra ela um riso ria.
Não
conseguia entender
Aquele
soldado ruim
Tentou
correr pra não ver
O
inimigo do Padim
Entre
fogo aberto ia
Pra
fugir da covardia
Do
riso do cabra enfim.
Mas
o soldado bisonho
Correu
atrás da Beata
Disse
num grito medonho:
“Tão
bonita em guerra ingrata!”
Segurou
com rapidez
Como
quem pega de vez
Animal
que se arrebata.
A
Beata pesarosa
Enquanto
a guerra crescia
Fechou
o rosto, raivosa,
Nada
na vida temia
Muito
menos um soldado
Com as feições de safado
Um
rancor nela surgia.
Carregou,
bem apressado,
Para
longe do conflito
A
Beata do sagrado
Com
o coração aflito
Como
pôde conhecer
Numa
guerra uma mulher
De
semblante tão bonito?
Distante
da guerra forte
O
soldado cessou passo
Olhou
com furor de morte
E
falou com embaraço:
“Que
beleza tem você!
Como
posso conceber
Você
nesse descompasso!”
A
Beata agoniada
Com
o homem junto a si
Sentiu-se
desesperada
Pensou
em correr, fugir
Quando
escutou a desdita
Do
soldado rabelista
Sentiu
o sangue sumir.
O
soldado indolente
À
Beata se agarrou
E
deu-lhe um beijo indecente
E
depressa se formou
Uma
raiva angustiante
Que
se firmou no semblante
Luzia,
assim, se afastou.
O
vestido acinzentado
Que
servia de prisão
Foi
para longe atirado
Subiu
poeira no chão
A
Beata se despiu
Quando
o soldado lhe viu
Pensava
ser ilusão.
O
soldado atordoado
Nervoso
e co’afobação
Com
olhos arregalados
Quase
louco de paixão
Tocou
o corpo sereno
Sem
perceber o veneno
Que
chegou na conclusão.
Quando
Luzia percebeu
O
soldado rabelista
Que
sujo do chão se ergueu
Um
animal narcisista
Pegou
dentro do cabelo
Um
punhal que no Rabelo
Enfiou
sem dar na vista.
O
soldado desalmado
Caído
se viu no chão
Um
sangueiro desgraçado
Fugiu
do seu coração
A
Beata vitoriosa
Vestiu-se
mais corajosa
E
voltou à confusão.
Mas
a guerra terminava
Quando
chegou ao local
Do
conflito o que restava
Luta
do bem contra o mal
Foi
toda benevolência
A
santidade e inocência
Restou
a paz divinal.
A
cidade do Padim
Iluminada
brilhou
A
guerra chegou ao fim
Juazeiro
se salvou
Todo
o povo se sentiu
Como
quem se revestiu
Da
vida que começou.
Luzia
guerreira mais forte
Foi
uma mulher fiel
Fugiu
da possível morte
Com
os auxílios dos céus
Por
Juazeiro se arriscou
A
vida a Deus consagrou
E
fugiu dos escarcéus.
Cícero Émerson do Nascimento Cardoso
(22/10/05 – 05/10 /11)
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