segunda-feira, 9 de novembro de 2015

SESSÃO DO (DEZ) APEGO: MINHA LISTA DE FILMES PREFERIDOS!

A afeição pelo cinema, que descobri ter sido uma paixão também do meu bisavô e avô paternos, que trabalharam por muitos anos em cinemas de Juazeiro do Norte e Iguatu, me veio desde sempre – estava no sangue? Veio-me, talvez, do mesmo modo como o amor que tenho pela literatura e como a admiração que tenho pela música – não sei como começou! Apenas aconteceu, felizmente!
            O Grupo de Estudos SÉTIMA de Cinema, composto por pessoas que tanto amam, como conhecem, esta manifestação artística das mais valorosas, foi um espaço enriquecedor para mim que, leigo no assunto, sempre senti a necessidade de aprender um pouco mais a este respeito.
            E houve um exercício instigante, no Grupo, que consistia em sugerir aos integrantes que cada um fizesse uma lista dos seus dez filmes preferidos. Eu, que tendo a gostar destes desafios, resolvi criar a lista da seguinte forma: constariam, nela, os dez primeiros filmes que me viessem à mente. Para surpresa minha, a lista ficou quilométrica, pois vieram à tona títulos inesquecíveis que eu não poderia desprezar. Os que também amam cinema sabem a que eu me refiro: excluir um ou outro filme parece-nos uma traição imperdoável!
            Após um turbilhão de dúvidas, finalmente decidi enumerá-los. Não pela importância, mas pela ordem do antigo para o mais recente. Eis, não sem choro e ranger de dentes, por saber que excluí muitas obras magnânimas, os meus filmes preferidos que, nesta simplória, e não muito convincente lista, em que apresento breves justificativas para a escolha, pedem passagem:



E O VENTO LEVOU (Victor Fleming, 1939) – Apresenta uma personagem feminina das mais densas e encantadoras da história do cinema, além de ser um filme tecnicamente, sobretudo para a época, grandioso. Scarlett O’Hara, desolada pelas consequências da guerra, faz um vestido com uma cortina e vai em busca de subterfúgio – sem admitir, claro, que estava arrasada por tanto lutar para conseguir manter sua propriedade que estava à míngua! Inesquecível!



CANTANDO NA CHUVA (Genne Kelly & Stanley Donen, 1952) – A cena mais bela, comovente e lírica que já vislumbrei num musical, e que me causa arrepios e alegrias e bem-estar todas as vezes que vejo.



CONTA COMIGO (Rob Rainer, 1986) – O filme que, além da excelente trilha sonora, e das atuações e fotografia inesquecíveis, melhor conseguiu mostrar o quanto uma criança pode sentir-se desvalorizada em suas potencialidades e que, apesar disto, por meio de amigos imperfeitos, mas verdadeiros, seria possível repensar a vida e, quem sabe, melhorá-la.   



A FESTA DE BABETTE (Gabriel Axel, 1987) – Talvez o filme que, até onde conheço, melhor discorra sobre o tema da fraternidade em seu sentido mais amplo. Seja pela temática abordada, seja pelos aspectos técnicos, é uma das obras cinematográficas mais líricas, bem delineadas e belas que já vi. Se um dia todos os filmes do mundo fossem destruídos, e eu pudesse salvar um deles, talvez eu salvasse este – porque, ao vê-lo novamente, eu poderia voltar a crer que há alguma esperança para o gênero humano! 



TUDO SOBRE MINHA MÃE (Pedro Almodóvar, 1997) – É, dentre as obras de Almodóvar, a que consegue mais me tocar, pelo modo com que as personagens femininas, frágeis, por um lado, e fortes, por outro, são apresentadas. Cores, diálogos, ritmo e atuações são impecáveis! 



CENTRAL DO BRASIL (Walter Salles, 1998) – Sóbrio, coerente e de atuações inesquecíveis, neste filme pude constatar que Fernanda Montenegro, com seu olhar expressivo, construiu as cenas mais intensas do cinema nacional.


A PROFESSORA DE PIANO (Michael Haneke, 2001) – A primeira vez que assisti a este filme tive um choque. O maior choque ao ver um filme. Um imenso e indescritível choque. Náusea, sofrimento, estranhamento e vontade de rever e rever e rever para me torturar com as imagens que a professora de piano, com seu olhar sério, agressivo, rancoroso, e de quem ama e odeia a própria mãe, me proporcionou. Isabelle Huppert se tornou minha atriz preferida em língua francesa!



PECADOS ÍNTIMOS (Todd Field, 2006) – Em língua inglesa, Kate Winslet é minha atriz preferida. Neste filme – e olhe que coleciono todos os filmes em que ela já atuou –, consegui adentrar, como nunca, no universo que esta atriz, por meio de atuações sempre intensas, nos apresenta. A alusão à Madame Bovary, de Flaubert, e a história de amor, tão simples que margeia o senso comum, dão uma tônica incrível ao filme. Há uma personagem, o pedófilo, que mostra a solidão humana como poucas vezes vi no cinema.



PIAF – UM HINO AO AMOR (Olivier Dahan, 2007) – Marion Cotillard, ao assumir a responsabilidade de interpretar Edith Piaf – minha cantora preferida! –, em filme biográfico, foi responsável pela melhor atuação de todos os tempos, neste gênero cinematográfico. 


MARY AND MAX: UMA AMIZADE DIFERENTE: (Adam Elliot, 2009) – A amizade, tema explorado em muitas películas, conseguiu ultrapassar, do meu ponto de vista, todas as expectativas. É minha animação preferida entre as preferidas. E devo confessar, embora isto me constranja, que nunca me foi possível assistir a este filme sem chorar desesperadamente – guarde segredo, s’il vous plaît! 


            No mais, só tenho pedidos de perdão a fazer aos demais filmes que amo e que, infelizmente, tive que preterir da minha lista. Foi um exercício interessante, mas uma sessão de desapego difícil de realizar!

Cícero Émerson do Nascimento Cardoso



           
           


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