domingo, 12 de outubro de 2014

"ANDRÔMEDA" - SEGUNDO O DICIONÁRIO DE MITOLOGIA DE PIERRE GRIMAL

"Andrômeda acorrentada ao rochedo",
de Paul Gustave Doré, 1869

 Andrômeda é a filha de Cefeu, o rei da Etiópia, e de Casiopeia. A sua mãe pretendia ser mais bela do que todas as Nereidas. Ciumentas, estas pediram a Posídon que as vingasse de tal afronta. Para lhes agradar, Posídon fez aparecer um monstro que assolava o país de Cefeu. Interrogado pelo rei, o oráculo de Ámon predisse que a Etiópia ver-se-ia livre deste flagelo se a filha de Cassiopeia fosse exposta como vítima expiatória. Os Etíopes forçaram Cefeu a consentir no sacrifício e prenderam, então, a jovem a um rochedo. Perseu, no regresso da sua expedição contra Gorgo, viu-a, apaixonou-se por ela e prometeu a Cefeu que lhe libertaria a filha se ele consentisse em dar-lha como esposa. Cefeu aceitou. Perseu matou o monstro e desposou Andrômeda. Entretanto Fineu, um irmão de Cefeu, que já estivera noivo da jovem, sua sobrinha, conspirou contra Perseu. Mas este descobriu a conspiração e voltou contra os seus inimigos a cabeça de Gorgo, que os transformou em pedra. Quando deixou a Etiópia, Perseu levou consigo Andrômeda para Argos, e depois para Tirinte. Aqui, Andrômeda deu-lhe vários filhos e uma filha. 

Constelação de Andrômeda
Existe uma interpretação racionalista da lenda, referida por Cônon. Segundo esta versão, Cefeu reinava sobre o país que mais tarde se chamou Fenícia, mas que nesta altura se chamava Íope, do nome da cidade costeira homônima. O seu reino estendia-se desde o Mediterrâneo até à região dos Árabes e ao mar Vermelho. Cefeu tinha uma filha muito bela, Andrômeda, cortejada por Fênix, o epônimo da Fenícia, e pelo seu tio Fineu, o irmão de Cefeu. Após muita hesitação, Cefeu decidiu dar a filha a Fênix, mas não quis dar a entender que a recusava a seu irmão, e então simulou um rapto. Levariam Andrômeda para uma ilha onde ela habitualmente fazia sacrifícios a Afrodite. Fênix desempenhou-se disto, fazendo-a embarcar num barco a que dera o nome de A Baleia. Quanto a Andrômeda, como ignorava tratar-se apenas duma encenação para enganar o seu tio, gritava, pedindo socorro. Ora, por acaso, Perseu, o filho de Dânae, passava nessa altura. Viu a jovem a ser raptada e, ao primeiro olhar, apaixonou-se. Lança-se sobre a embarcação, volta-a, deixa os marinheiros paralisados com o susto e leva consigo Andrômeda, com quem casa. Depois disto, reina tranquilamente em Argos. 

GRIMAL, Pierre. Dicionário da mitologia grega e romana. Tradução de Victor Jabouille. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. p. 26

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