Felipe D'Castro é um poeta paraibano que desenvolve poemas notáveis - tanto pelo
trabalho com a linguagem, quanto pelas temáticas que explora! Imagens bem
delineadas, fruto da compreensão de mecanismos que podem estruturar o poema
artisticamente engendrado, são recorrentes em sua poesia. A grandeza de seu
talento pode ser confirmada pelos textos que colhi do seu perfil do facebook e copiei aqui, neste blog, que tem a
pretensão de divulgar e, mais que isto, homenagear esse jovem poeta com
sensibilidade artística inconteste.
O
primeiro deles é o meu preferido. Não digo o preferido dentre os que esse poeta
escreveu, mas o meu preferido dentre os poemas que já li na vida. Felipe D'Castro, que tive o privilégio de conhecer e conviver numa época feliz de
minha existência, precisa ser reconhecido e apreciado, afinal é de grandes
artistas que precisamos neste mundo conturbado e ainda pouco afeito à beleza e à
sensibilidade artística.
A FARDA
(Felipe D'Castro)
(Felipe D'Castro)
veste a palavra
porque dela foge como
o sol da noite
quando entarda
cubo de gelo decerto
degela se penetrada
a farda, que não é roupa
mas jaula
degela se penetrada
a farda, que não é roupa
mas jaula
mas cala a língua e
empala a cor, o brilho
a onda batendo no olho
não é farda
mas ferrolho.
RETRATO
(Felipe D'Castro)
o céu manchado
de jambo aberto
[rinocerontes também
sonham algodão]
a boca dela
abrindo-se corola
a hora aberta
em um alçapão
/
o braço dele
caverna quente
a tarde ainda
vermelhidão
a praça a asa
abraça os dois
o amor acaba
carmim e não:
AOS TEUS PÉS
(Felipe D'Castro)
um poema
para amamentar a noite
e adotar estrelas
um poema
para ecoar tambores
dentro das costelas
um poema
para guardar a praia
dentro da concha
um poema
que lembre os teus pés
sobre o lençol da cama
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