Com mil coisas a resolver na alma, enquanto a cabeça começa a viver uma dor sem precedentes, eu me deparo com o sol que vai se pondo em minha frente - e minha surpresa diante dele me fez levar a mão à boca! O gesto chamou atenção de uma mulher ao lado, que também olhou para o sol instigada por meu arroubo de perplexidade. Depois que o vi, não mais percebi o mundo à minha volta. O mundo tornou-se esfera alaranjada com tons de alívio. Ia-se rápida a esfera, é certo. Ia-se, no entanto, deixando em mim beleza tanta, que tive medo de nunca tê-lo fitado. Agora, seria difícil aceitar perder o inusitado êxtase que ele me proporcionava!
Não me recordo de ter sido arrebatado pelo sol com tanta veemência! O pôr do sol em João Pessoa não foi igual a qualquer outro que eu tenha visto. Unguento para feridas que o cotidiano engendra, mostrou-se o sol. Ou foi o fato de estar solitário em meio à multidão, estudante cansado que ainda não conseguiu estudar em paz de espírito, porque a burocracia do estado do Ceará não deixa, foi determinante para que o sol ficasse mais comovente ao meu olhar acostumado a amá-lo em sua despedida com arrebóis silentes?
Não sei, sinceramente, mas andar sem rumo e triste diante de crepúsculo tão peculiar, me deixou, nesta data de cansativas cores, comovido como nunca. A esperança ousou nascer em minhas mãos pedintes: "Quero estudar em paz, mundo complexo! Quero estudar em paz!"
Vou resistir, sim, porque estou acostumado com governantes do Ceará que odeiam professores que estudam! Vou resistir, claro, porque não tenho medo do governo deste país que odeia cultura, pesquisa e conhecimentos em suas mais amplas possibilidades! E aviso ao mundo: paciência tem limite, e a minha está se esgotando! Mas resistência eu serei sempre!
Émerson Cardoso
28/08/2019
28/08/2019
Meu amigo culto e inteligente! Orgulho de você. Que texto!
ResponderExcluirObrigado, Ana Cleide! Você é sempre gentil comigo! Abraço!
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