segunda-feira, 26 de agosto de 2013

MEMORIAL - PRIMEIRO ENCONTRO COM A LEITURA...

O Memorial é uma espécie de autobiografia que descreve, analisa e critica acontecimentos sobre a trajetória acadêmico-profissional e intelectual de um indivíduo. Geralmente deve ser escrito com distribuição de seções que devem privilegiar tópicos específicos que o autor deseja destacar. O texto deve ser redigido em primeira pessoa, o que dará abertura para que este realize um texto marcadamente subjetivo em que suas impressões, dificuldades, reflexões, questionamentos e o percurso que o conduziu à aprendizagem devem ser expostos como se aparecessem numa página de diário. Caracteriza-se, também, como um método criativo de autoavaliação. Em alguns casos, dependendo da instituição de ensino em que o indivíduo estuda, o Memorial pode ser cobrado seguindo alguns padrões estipulados especificamente para a finalidade com que ele é realizado.



A LEITURA É UM ENCONTRO ÍNTIMO CONSIGO MESMO

Quando comecei a estudar fui logo para uma primeira série – não passei por um processo de alfabetização em séries específicas para esse tipo de ensino. Lembro-me de que, ao entrar na escola, no entanto, já dispunha de algumas informações que me possibilitaram aprender a ler poucos meses depois do início das aulas.
Na infância eu era, por opção, muito preso em mim mesmo, costumava ter sempre em mãos livros e cadernos velhos. E aprendi a ler, que acontecimento inexplicavelmente feliz de toda uma existência, com histórias em quadrinhos da Turma da Mônica. Certa vez, sentado na calçada da minha avó, vi umas páginas rasgadas de uma revistinha da Turma da Mônica soltas a voar pela rua e, mais que depressa, corri e as peguei. Eram cenas de um velório da Turma do Penadinho – fiquei fascinado tanto pela revistinha quanto pelo cenário cemitérico até hoje! 
Tempos depois, uma vizinha me emprestou cinco revistinhas que foram adquiridas por meio de uma promoção dessas em que, para se obter um certo produto, é necessário juntar uma quantidade específica de tampinhas de refrigerante. Eu as folheei como se as lesse – embora ainda não soubesse ler. A minha angústia infantil: tive que devolvê-las e nunca mais, numa existência inteira, tive condições de reuni-las novamente. 
Na primeira série do ensino fundamental, para meu êxtase, uma das muitas professoras que tive ao longo do ano letivo levava revistas da Turma da Mônica para sala de aula. Ela as deixava sobre a mesa, estrategicamente, e quem se interessasse poderia pegá-las à vontade. Eu vivia, em sala de aula, com as revistinhas nas mãos mesmo sem conseguir ler.  Foi tão grande o desejo de entender a fala das personagens que não demorou e eu aprendi: realizei, portanto, minhas primeiras leituras com histórias em quadrinhos. Ler foi a mágica de existir em plena força: lia de tudo desesperadamente, exaustivamente, infatigavelmente.
Quando ainda não sabia ler, recordo-me de umas primas mais adiantadas nos estudos lendo a história de uns brinquedos que ganhavam vida na loja em que viviam – uma das personagens chamava-se Polichinelo. Eu ficava tão incomodado por ouvir as histórias sem que pudesse eu mesmo realizar a leitura. Nesse período, assisti a um filme de animação que, quando o trago à mente, vivencio a mesma sensação, hoje, que fora experimentada na infância. O filme era Dumbo  e me comoveu tanto! Meus desenhos animados favoritos, a propósito, eram Os cavaleiros do zodíaco, As aventuras de Tintim e Caverna do dragão  costumava pesquisar tudo o que dissesse respeito às personagens do filme citado e dos meus desenhos animados favoritos. Despertei, assim, meu instinto de pesquisador. 
A minha professora da primeira série foi, sem dúvidas, uma grande influência que tive para tornar-me um leitor, tendo em vista que em casa não havia estímulo. Minha infância foi totalmente diferente da infância de crianças comuns: eu era muito isolado, passava o dia a desenhar, criar narrativas, tinha poucas amizades e muito medo de sair de casa. Recordo – e isto não quero ampliar aqui – que havia em mim uma sensação de perda, medo e tristeza constante na infância que me sufocava: eu ia para a escola, brincava sozinho em casa e pouco assistia. Gostava muito de encontrar pessoas que contassem histórias, que lessem comigo aquilo que eu gostava de ler...
Lembro-me de que em meus livros da escola apareciam alguns poemas que eu lia exaustivamente. Decorei o poema A porta, de Vinicius de Moraes, na segunda série do fundamental – nunca o esqueci. Num outro livro havia a canção Peixe vivo, que minha mãe cantou diversas vezes para mim e eu ficava inexplicavelmente emocionado.
Eu comecei a escrever muito cedo – minha irmã ganhava agendas e/ou diários e os esquecia: eu me aproveitava da falta de interesse dela e apropriava-me deles. Escrevia, fazia colagens, desenhava personagens que eu inseria em histórias sempre trágicas. Amava ver figuras nos livros. Quando tinha uns doze anos, com sacrifício, iniciei uma coleção de revistinhas da Turma da Mônica, mas me desfiz dela de uma hora para outra quando percebi que não conseguia reunir as cinco revistinhas que eu tanto desejei na infância.
O primeiro romance clássico que eu li foi O Seminarista, de Bernardo Guimarães. Após esse livro, li tudo o que pude de José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida, Joaquim Manuel de Macedo e de Bernardo Guimarães – minha formação foi predominantemente romântica. Uma professora me emprestou Amor de perdição, de Camilo Castelo Branco, e eu fiquei enlevado. Posteriormente, li uma obra intitulada Madame Lewinsk Antropofágica, que tinha um viés Naturalista – passei a ler, neste período, tudo o que pude do Naturalismo: Dona Guidinha do Poço, de Manuel de Oliveira Paiva, e Luzia Homem, de Domingos Olímpio, foram os meus preferidos.
Depois de muitas e muitas leituras, cheguei às obras do Modernismo. Um colega havia me vendido por uma quantia baixíssima – era o que eu conseguiria pagar – um livro de Literatura de José de Nicola – conservo-o até hoje – e, lendo os muitos trechos, deparei-me com algo comovente: uma família que saía em retirada para encontrar novas possibilidades de vida em outras terras: era a obra O Quinze, de Rachel de Queiroz.
Minha melhor amiga da adolescência o conseguiu para mim – ela o pegou emprestado na escola. Eu li O Quinze como se pudesse terminar em uma tarde, mas protelei o término e o li em duas tardes: a sensação de quem encontrou algo que desejava há séculos e que, finalmente, poderia sentir como se fosse uma posse inigualável – mesmo que por tão pouco tempo. Eu lia uma página, parava, olhava para o nada, lia novamente, parava, olhava para mim mesmo, lia novamente e respirava comovido como se tivesse saído inexplicavelmente de mim. Como explicar o que senti?
           Quando criança, passei minha vida entre a minha cidade natal  Juazeiro do Norte  e um sítio localizado na cidade vizinha  Crato , próximo ao distrito de Santa Fé, onde moravam meus primos maternos. As viagens para lá eram fabulosas para minha mente infantil cheia de imaginação. Numa das viagens que fiz, mexendo em um baú antigo, que era de um dos meus primos, encontrei um livro de poesia intitulado Solilóquios, escrito no mesmo ano em que eu nasci por Willian Brito e seu irmão Weberth Brito. Quando abri o livro, havia uma dedicatória que iniciava assim: "Ao meu irmão Emerson com muito carinho, um feito imperfeito, mas humilde no seu jeito de ser." Claro que eu não era o Emerson a quem ele se referia, mas considerei aquilo uma imensa coincidência. Não consegui me desgrudar mais do livro e meu primo resolveu que deveria doá-lo para mim. Na escola, perguntei à professora o que significava a palavra "solilóquio". E foi imensa minha surpresa quando ela disse que "solilóquio" era o mesmo que falar consigo mesmo, era uma palavra relacionada à solidão. A palavra mais linda da minha língua é, sem dúvidas, a palavra "Solidão". Nem preciso dizer o quanto aquele livro a mim ofertado, com direito a dedicatória e tudo, me causou felicidade! 
Depois, tive acesso aos poemas de Cecília Meireles  ela que foi minha grande paixão na poesia, ainda hoje tenho poemas decorados do tempo em que li Viagem e Vaga Música. Depois li tudo de Florbela Espanca – ainda hoje sou perdido de amores por ela. E passei a viver Augusto dos Anjos, Vinicius de Moraes, Jorge de Lima, Manuel Bandeira e Patativa do Assaré. No conto e na crônica, veio o desejo de ler sempre mais e mais e mais: Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Caio Fernando Abreu, Fernando Sabino, Moreira Campos, Ignácio de Loyola Brandão, Luís Fernando Veríssimo...
Quero destacar, em seguida, a leitura de livros que marcaram minha vida profundamente. Do ensino médio à universidade, marcaram minha existência as obras: Meu pé de laranja lima, Quando florescem os ipês, O escaravelho do diabo, Sonhar é possível?, O Alienista, Dom Casmurro, Negrinha, Emília no país da gramática, A hora da estrela, Laços de família, A paixão segundo G. H., Água viva, Ana Terra, Fogo Morto, São Bernardo, Vidas secas, Grande sertão: veredas, Manuelzão e Miguilim, Noites do sertão, Navalha na carne, Venha ver o pôr do sol e outros contos, Verão no aquário, A confissão de Leontina e outros contos, Nove, novena, As três Marias, Dora, Doralina, A Beata Maria do Egito e Memorial de Maria Moura – obra que esperei dois anos para ler e que transformei em minha monografia na graduação.
Privilegiei sempre os autores nacionais, mas também li e amei desesperadamente as obras: Sem família, Felicidade e outros contos, Os miseráveis, Crime e castigo, Os Irmãos Karamazov, A metamorfose, Um artista da fome e outros contos, A cor púrpura, Crepusculário, Alexis ou o tratado do vão combate, A náusea, Entre quatro paredes, O muro, Os Maias, Romanceiro cigano e Cem anos de solidão, dentre muitos outros – estas últimas obras proporcionaram-me leituras inexplicáveis.
Tive o privilégio de ler obras que discorriam sobre a espiritualidade de alguns santos, como: A solidão em Santa Teresinha do menino Jesus, História de uma alma, Escritos de Santa Clara, Francisco de Assis, e outros mais que me deram uma relação profícua com a minha espiritualidade. Ressalte-se, neste itinerário, a Bíblia – com ênfase nos livros poéticos que são os meus preferidos.  
Em algumas escolas, às vezes, o prazer da leitura é destruído pela imposição de obras que ao aluno nem sempre são atrativas. O prazer da leitura, diferente do que ocorreu comigo, infelizmente não acontece naturalmente para alguns alunos - deve ser por isso que alguns professores utilizam-se do "método mais prático": a imposição. De acordo com os tais PCN’s, o aluno deve criar habilidades e competências como falante da língua e a leitura, como se pode constatar, é essencial para que isso ocorra. Eu leio muito e sempre: quando não leio me sinto vazio. Leio obras teóricas, ficcionais e creio que viver sem ler é uma condição insuportável à condição humana.
Para encerrar minha história de excessivo envolvimento com a leitura, que espero dure o tempo em que sobre a terra eu, tristemente, estiver, quero compartilhar um poema de Fernando Pessoa a quem não posso deixar de fazer menção, nem que seja apenas já na conclusão deste memorial simplório. Parece irônico citá-lo, depois de tanto falar em leitura, mas quero apresentá-lo com a intenção de mostrar o quanto ler deve ser uma ação vista sempre como um privilégio, um prazer, um ato de valor inestimável e não como uma obrigação. Ler é para seres de alma ampla, então... Leia e reflita:

LIBERDADE

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro pra ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha quer não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca.

Fernando Pessoa - 16/3/1935





segunda-feira, 19 de agosto de 2013

RESUMO DA LITERATURA INFORMATIVA (CHEGAMOS AO BRASIL)



MOMENTO SOCIOCULTURAL: 

  • É O MOMENTO DAS GRANDES NAVEGAÇÕES E DESCOBERTAS: EM BUSCA DE RIQUEZAS, AS NAÇÕES EUROPEIAS ENVIAM EXPEDIÇÕES MARÍTIMAS QUE AS PÕEM EM CONTATO COM OUTRAS CULTURAS. PORTUGAL É UMA DAS PRINCIPAIS POTÊNCIAS MARÍTIMAS E POSSUI COLÔNIAS OU RELAÇÕES COMERCIAIS NA AMÉRICA, ÁSIA E ÁFRICA.
  • DOIS OBJETIVOS DISTINTOS (E ATÉ CONTRADITÓRIOS) GUIAM AS NAVEGAÇÕES PORTUGUESAS: A EXPANSÃO DO CRISTIANISMO E O DESEJO DE CONQUISTAS E DE ENRIQUECIMENTO.

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS:

  • A LITERATURA PRODUZIDA NO BRASIL DO SÉCULO XVI NÃO POSSUI TRAÇOS PRÓPRIOS. APENAS DESCREVE AS CARACTERÍSTICAS DO TERRITÓRIO RECÉM-DESCOBERTO. É UMA LITERATURA SOBRE O BRASIL E NÃO UMA LITERATURA DO BRASIL.
  • DESTACAMOS NESSE PERÍODO: A LITERATURA INFORMATIVA (TAMBÉM CHAMADA LITERATURA DOS CRONISTAS E DOS VIAJANTES) QUE SE BASEAVA NA DESCRIÇÃO DA TERRA EM TOM DE DESLUMBRAMENTO, E A LITERATURA JESUÍTICA QUE PRODUZIA OBRAS QUE EXALTAVAM A FÉ CRISTÃ COM A INTENÇÃO DE CONVERTER OS NATIVOS.

AUTORES E OBRAS:

  • PERO VAZ DE CAMINHA: AUTOR DA "CARTA", DOCUMENTO DE INESTIMÁVEL IMPORTÂNCIA POR SER A PRIMEIRA DESCRIÇÃO DO BRASIL.
  • PADRE MANUEL DA NÓBREGA: IMPORTANTE FIGURA DO INÍCIO DA COLONIZAÇÃO E DA CATEQUIZAÇÃO DOS NATIVOS, ESCREVEU "CARTAS DO BRASIL" E "DIÁLOGO SOBRE A CONVERSÃO DO GENTIO".
  • JOSÉ DE ANCHIETA: PRINCIPAL HUMANISTA CLÁSSICO DO BRASIL, ESCREVEU POEMAS RELIGIOSOS QUE EXALTAVAM A COLONIZAÇÃO E A PRIMEIRA GRAMÁTICA DO TUPI. OBRAS: "NA FESTA DE SÃO LOURENÇO", "ARTE DE GRAMÁTICA DA LÍNGUA MAIS USADA NA COSTA DO BRASIL". 
  • PERO MAGALHÃES GÂNDAVO: "HISTÓRIA DA PROVÍNCIA DE SANTA CRUZ  A QUE VULGARMENTE CHAMAMOS BRASIL".




E POR FALAR EM LITERATURA INFORMATIVA...

A "Carta de Pero Vaz de Caminha", apesar de caracterizar-se mais como um relato, uma crônica de viagem, possui muitas qualidades literárias, as quais influenciaram inúmeros poetas modernistas. Caminha foi o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral que fora incumbido de relatar o "descobrimento" da nova terra. A seguir, poderemos escutar essa carta tida como a primeira obra de caráter literário do Brasil. Confira...







terça-feira, 13 de agosto de 2013

UM BREVE COMENTÁRIO SOBRE "REFAZENDA", DE GILBERTO GIL


REFAZENDA

Abacateiro
Acateremos teu ato
Nós também somos do mato
Como o pato e o leão

Aguardaremos
Brincaremos no regato
Até que nos tragam frutos
Teu amor, teu coração

Abacateiro
Teu recolhimento é justamente
O significado
Da palavra temporão

Enquanto o tempo
Não trouxer teu abacate
Amanhecerá tomate 
E anoitecerá mamão

Abacateiro
Sabes ao que estou me referindo
Porque todo tamarindo tem
O seu gosto azedo
Cedo, antes que o janeiro 
Doce manga venha ser 
Também

Abacateiro
Serás meu parceiro solitário
Nesse itinerário 
Da leveza pelo ar

Abacateiro
Saiba que na refazenda
Tu me ensina a fazer renda
Que eu te ensino a namorar

Refazendo tudo
Refazenda
Refazenda toda
Guariroba.

(Gilberto Gil)


Ficcionalidade, intencionalidade estética, polissemia e desvio poético são mais que perceptíveis na letra da canção "Refazenda", de Gilberto Gil. Esses elementos caracterizam a literariedade desse texto que ora pretendemos discutir com a intenção mais de colocar em destaque uma singela canção da nossa Música Popular Brasileira, do que realizar ampla análise, tendo em vista que pretendemos uma breve explanação. 
     Composta por oito estrofes, a canção "Refazenda" apresenta versos marcados por uma evidente musicalidade – embora os versos sejam brancos, há recorrência de rimas no interior de alguns deles.
         O título, construído pelo processo derivacional parassintético da formação da palavra (prefixo / radical / sufixo), indica a ideia de que algo que existia por algum motivo se desfez e agora suscita uma reconstrução, renovação de um universo em que o eu lírico – representado por uma voz lírica excessivamente saudosista – personifica o abacateiro e o transforma em seu interlocutor-confidente.
          O eu lírico parece, ao invocar o abacateiro, se conformar com o fato de que o fruto de sua árvore só pode ser oferecido em um tempo específico, como tudo na natureza. Ele parece compreender que não adianta exigir da natureza o que dela queremos ou necessitamos: ela parece reproduzir o proposto em Eclesiastes (Ec 3: 01): "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu."
Ao dizer: "Abacateiro, / acataremos teu ato / nós também somos do mato / como o pato e o leão" o eu lírico, longe de querer fazer “birra” infantil, se subordina ao tempo e mostra-se conformado com a demora que o tempo estabelece para que o fruto do abacateiro possa ser apreciado: ele, assim como o pato e o leão, também se coloca na mesma condição do abacateiro: o tempo é quem determina quando tudo deve acontecer.
Ao comparar-se ao "pato" e ao "leão", o eu lírico traz à tona o fato de que ao ser humano é evidente sua natureza animal e, desse modo, também se submete às mesmas leis naturais, conforme ele mesmo reconhece: "Nós também somos do mato". O "pato" é um animal domesticável, o "leão" um animal selvagem: essa símile nos remete ao fato de que, embora o ser humano em seu desenvolvimento cognitivo consiga chegar a uma consciência que o torna "superior" aos animais, ele traz em si a condição de ser "domesticado", educado, civilizado, solidário, capaz de ceder às necessidades do outro, mas pode ser também capaz de, para sobreviver, agir de acordo com seu egocentrismo e, é óbvio, feroz e cruelmente.
Podemos perceber ao longo do texto a recorrência da consoante linguodental / t / e as bilabiais / p / e / b / sugestivas de ruídos mais intensos, barulho e, consequentemente, poderiam sugerir a sonoridade de passos em movimento que, se relacionarmos a uma representação do universo infantil, nos remeteria à correria de crianças que brincassem num lugar em que a natureza provavelmente se mostraria em todo seu vigor: uma fazenda, por exemplo. 
O eu lírico, em seguida, afirma: "Aguardaremos / brincaremos no regato / até que nos tragam frutos teu amor, teu coração". A imagem do regato (pequeno córrego, riacho, ribeiro), que nos remete à fluidez da água, poderia sugerir a fluidez da própria vida: enquanto espera frutos, o eu lírico diz que brincará – esta metáfora pode nos indicar a infância como período da vida em que o indivíduo (o fruto ainda verde) se desenvolve, amplia seu conhecimento e prepara-se para a fase adulta (fase madura, portanto de colheita), com as responsabilidades que isto implica.
Nos versos: "Abacateiro, / teu recolhimento é justamente / o significado / da palavra temporão", podemos perceber que o termo "temporão" (que significava "prematuro" e hoje admite também a conotação de algo "tardio") corresponde a algo que vem fora do tempo, é o que ocorre, de acordo com o eu lírico, com o fruto do abacateiro – subordinado à natureza, ele prefere recolher-se, tornar-se, portanto, tardio, porém maduro e deleitável.
O eu lírico diz ao abacateiro: "Enquanto o tempo / não trouxer teu abacate / amanhecerá tomate / e anoitecerá mamão." Os frutos de outras plantas poderiam supri-lo, portanto, durante a espera. Talvez a imagem mais bela da letra dessa canção esteja nesses versos. A sonoridade do verbo "amanhecerá" (que muito se aproxima do advérbio "amanhã" que poderia aparecer seguido do verbo "será"), num criativo jogo de palavras, indica a esperança de um futuro em que aquilo que se deseja poderá finalmente se efetivar. O mesmo ocorre com o termo "anoitecerá".
Essa imagem é ampliada pelo uso dos termos "tomate" e "mamão" em contexto incomum. Enquanto o tempo certo que o eu lírico espera não acontece, o vermelho do tomate – metaforizando o vermelho do sol no amanhecer – e o laranja do mamão – metaforizando o pôr do sol – serão utilizados como subterfúgio, ou seja, o eu lírico parece aceitar o clichê: nem tudo o que se quer, se pode ter. Com isso, o dia nasce, outro morre e o tempo, mais cedo ou mais tarde, para o eu lírico, passará – e isso poderá trazer seu bem-estar e satisfação.
Nos versos: "Abacateiro, / sabes ao que estou me referindo / porque todo tamarindo tem / o seu agosto azedo / cedo, antes que o janeiro / doce manga venha ser / também", podemos perceber novamente a menção a frutos e, nesse caso, há a metaforização dos dissabores, angústias e frustrações representados pelo "tamarindo", e seu azedume. Mas, apesar dos percalços, o eu lírico acredita que o “janeiro doce manga venha ser”.  A manga, e sua doçura, metaforiza a esperança de dias melhores.
Os meses "agosto" e "janeiro", por sua vez, surgem também relacionados, no caso do mês de agosto (oitavo mês do ano e tido, pelo imaginário popular, como o mês do desgosto, macabro, funesto) representado pelo "gosto azedo", enquanto janeiro (primeiro mês do ano e que, pelo imaginário, representaria a possibilidade de reinício da vida, auspicioso) aparece simbolizado pela doçura da “manga".
Na estrofe seguinte, o eu lírico confidencia ao abacateiro que ele será seu "parceiro solitário” durante a espera – espera que associamos a uma alusão à infância e que compreendemos aparecer no texto metaforizada pela expressão: “leveza pelo ar". A infância, nesta perspectiva, estaria vinculada a um período leve, sem conflitos existenciais e de intensa liberdade imaginativa.
         Logo após, o cancioneiro popular é visitado através de um trecho da canção “Mulher rendeira”. O eu lírico segreda ao abacateiro: “Saiba que na refazenda / Tu me ensina a fazer renda / Que te ensino a namorar”. O abacateiro, confidente do eu lírico, também é cúmplice das divagações infantis deste. No imaginário do eu lírico, ainda vinculado aos encantos da infância, ele espera que lhe venham os amores futuros. O trocadilho realizado com um trecho retirado do cancioneiro popular nos indica a relação da infância com os imperativos do tempo, ou seja, o abacateiro deveria ensiná-lo a fazer algo que exige paciência e determinação, enquanto ele ensinaria algo que exige maturidade e experiência.
       O vocábulo “refazenda”, evocado no título, é retomado nesta estrofe e na última de modo repetitivo, em trocadilho com o vocábulo “refazendo” e remete-nos à ideia de que o tempo poderá refazer-se, recompor-se de modo cíclico como a própria natureza sugere (da semente nasce a árvore que dá fruto e lança sobre a terra a semente refazendo seu ciclo natural).
       No último verso, é destacado o vocábulo “guariroba”. Guariroba vem do tupi e significa “indivíduo amargo”. É uma árvore nativa do Brasil e produz um fruto de coloração verde-amarela que possui uma amêndoa comestível. Pode atingir até vinte metros e é típica de cerradões.
         A Guariroba é uma árvore de estirpe solitária, talvez por isso haja a identificação do eu lírico com essa planta, e que é cultivada por meio de sementes. O eu lírico parece envolvido com elementos do campo semântico das plantas e utiliza-os para expressar sua condição de espera, solidão e resignação ante as impossibilidades que a natureza impõe tornando-se parte dessa mesma natureza com a qual precisa ser condescendente.
         Em suma, se pensarmos como a infância é representada no texto em discussão, poderemos observá-la a partir da constante menção à natureza e ao tempo. A vida, sempre passível de sofrer a efemeridade temporal, na infância está em seu início. Mas a fugacidade do tempo, que subjuga a existência humana, não é vista, neste caso, como algo deplorável. Antes, a fugacidade do tempo conduzirá o indivíduo à vivência de experiências inúmeras que poderão proporcionar satisfações – natureza e tempo estão unidos para tornar viável a obtenção dos frutos por parte de quem entende a necessidade de esperar.  
         Nisto, percebemos a fundição simbólica do eu lírico com o abacateiro – ambos não estão sob o jugo da mesma natureza? Ao abacateiro cabe, já que nasceu: crescer, reproduzir, dar frutos, envelhecer e um dia morrer; ao homem o mesmo ciclo não parece tão diferente. Por isso, a intensa identificação perceptível no discurso do eu lírico que tanto recorre, por meio de um discurso que denota passividade e resignação, ao abacateiro que provavelmente o “entenderia” em suas inquietações.
       Algumas leituras que preferem utilizar a biografia do autor e o período histórico em que este viveu (o que não é nosso caso, uma vez que preferimos fazer distinção entre eu lírico e autor), fazem uma leitura de modo a buscar na letra (que fora produzida em 1975, na década de chumbo da ditadura militar) elementos que denotariam uma crítica severa contra o sistema político predominante no país daquela época.
      Por exemplo, o abacateiro seria, de acordo com essa leitura, nas camadas profundas do texto, uma alusão ao militarismo por lembrar a coloração da farda do exército brasileiro. Ao dizer “acataremos teu ato”, o verso estaria em verdade dizendo, ironicamente, que se iria acatar o Ato Institucional de número 5 (AI-5), embora na esperança de dias melhores. Essa especulação seria reforçada por outros versos indicativos da sensação de insatisfação, mal-estar e do “gosto azedo” que o cidadão brasileiro experimentava.
       Recordações de um passado infantil em que suportar a passagem do tempo brincando é uma solução, ou alusão ao período ditatorial que cerceou o Brasil por vários anos?
     Preferimos ler o texto pelo viés do eu lírico do que fazer menção ao que o autor propôs quando escreveu e compôs a obra em pauta. Mas isso não descarta as duas possibilidades de leitura.
      Certos de que esta breve análise não conseguiu esgotar as leituras que este polissêmico texto comporta, encerramos com a intenção de apenas apontar algumas pistas que podem nos auxiliar numa tentativa de compreensão. Sem dúvidas Gilberto Gil, ao desenvolver esta canção, conseguiu realizar uma das mais belas que a Música “Popular” Brasileira tem conhecimento.

Texto de: Émerson Cardoso


sábado, 10 de agosto de 2013

"CONFIA EM MIM", POIS ESTE ESPETÁCULO É MARAVILHOSO!!!

 


Ternura, leveza, beleza e encantamento poderiam (muito restritivamente, porque faltam adjetivos elogiosos) denotar a grandeza do espetáculo "Confia em mim", criado e dirigido por Brino Correia - que também nele atua. No elenco, surge uma tríade de atores (formada por Wládia  Torres, Dyego Steffan e Brino Correia) que, sem uma palavra, literalmente, comove, promove bem-estar e amplia a alma de quem se dispõe a contemplá-la. 
      Atuando, ou realizando a arte do sapateado, os atores desse espetáculo são em todos os sentidos ousados, intensos e profissionais. A competência cênica dos atores ultrapassa qualquer expectativa. São perceptíveis, durante todo o espetáculo, a sincronia dos passos do sapateado que executam; a expressividade da utilização da mímica, no sentido mais lírico, belo e original do termo; a utilização de instrumentos de percussão que dão ritmo às cenas sempre hilárias e criativas além de uma trilha sonora que foi muito bem escolhida.
       Será exagero tanto encômio devotado ao espetáculo em pauta? Não é exagero: eu, espectador adulto, mais que me comovi, me emocionei muito nas duas vezes em que tive o privilégio de assistir ao espetáculo; crianças que assistiram ao espetáculo desejavam assistir novamente - e muitas o fizeram - profundamente desejosas de reencontrar aquelas personagens tão (não) silenciosas e que, por nada falarem, diziam tanto. 
       Há cenas específicas que não serão fáceis de sair da memória: por exemplo, a cena em que o Músico (Dyego Stefann) e o Sapateador (Brino Correia) tentam calçar o sapato na Palhacinha (Wládia Torres), e a cena em que a Palhacinha e o Sapateador "congelam" e, hilariamente, são manipulados pelo atrapalhado e circense Músico, são inesquecíveis. 
      Creio que o maior grau de envolvimento afetivo do público ocorre (e isto se deve a um conjunto de fatores que desperta, ao longo do espetáculo, a cumplicidade deste) em dois momentos: quando o Músico se enfurece com o Sapateador e o expulsa da cena com a intenção de ajudar a Palhacinha e, como consequência do medo que desperta no Sapateador, olha para o público como se dissesse: "Quem é que manda aqui agora?!" E também quando - e esta cena é de um lirismo profundo -, ao irem embora, a Palhacinha e o Sapateador deixam para trás o Músico. É uma cena de fato emocionante (que seja destacada a expressão facial do ator Dyego Stefann: ele devassa a alma de qualquer espectador porque seu olhar perpassa a capacidade de mera comunicação). Mas os seus amigos voltam e o levam consigo. Ele, por sua vez, esquece a avezinha de brinquedo (que na minha concepção também é uma personagem marcante no espetáculo), mas, quando o público achava que o Músico havia esquecido de fato seu amiguinho de brinquedo, ele retorna à cena e o toma nas mãos ternamente. E o espetáculo encerra - encerra lamentavelmente - e deixa o público fascinado. 
      Poucas vezes um espetáculo mexeu tanto comigo. A arte faz isto com a gente! E, para suportarmos viver neste mundo de conflitos e fragmentações, encontrar espaços para a experiência que a arte nos proporciona é, por excelência, algo mais que necessário. Desejo que a tríade do espetáculo "Confie em mim" salve, por meio da arte que propaga, muitas almas adultas e infantis que também precisam de leveza para melhor viver. 

Texto de: Émerson Cardoso



Da esquerda para a direita: Juninho,
Yáshila e Paulo Henrique com o ator Dyego Steffan

Wládia Torres e eu...

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

PINTURA II: NOTAS SOBRE "MONA LISA", DE LEONARDO DA VINCI

Gioconda (Da Vinci)

O ardiloso sorriso,
alonga-se em silêncio
para contemporâneos e pósteros 
ansiosos, em vão, por decifrá-lo.
Não há decifração. Há o sorriso.

(Carlos Drummond de Andrade)


Mona Lisa, 1503
Leonardo da Vinci (1452 - 1519)
óleo sobre madeira de álamo, 77 x 53 cm
Musée du Louvre, Paris, França. 

CARACTERÍSTICAS:
  • Expressão introspectiva e um pouco tímida, sorriso contido, corpo com o padrão de beleza da época;
  • Pintura figurativa, a modelo é vista acima do busto tendo, ao fundo, uma paisagem distante visível em plano de fundo com cores obscuras e intensas;
  • A obra tem uma composição em pirâmide e, no centro, a modelo que aparenta ser calma e serena, tem nas mãos, pescoço, regaço e face uma luz que, com simetrias subjacentes de esferas, acentuam seu sorriso;
  • Na paisagem que aparece ao fundo, se percebe uma ponte, um caminho ondulante que aponta para uma montanha mesclada por tons escuros e claros que delineiam uma ampla desigualdade na paisagem que parece indicar a presença humana;
  • O tom verde-escuro parece transmitir uma representativa força que se opõe à calmaria do verde mais claro que aparece mediado pela presença de focos de luz;
  • As curvas dos cabelos e da roupa da modelo encontram eco nos rios ondulantes da paisagem subjacente;
  • Alguns elementos chamam atenção: 1 - Harmonia entre aspectos da natureza e a representação da condição humana, entre a claridade e os tons escuros, a recorrência das cores vermelho e verde (cores da alquimia: vermelho = vida, energia; verde = ser, essência); 2 - Imagens simbólicas que nos remetem, por exemplo, ao esoterismo (a Mona Lisa exibe nove dedos apenas, e não dez: nove, no tarô, representa a carta "o eremita, o solitário" que é a carta do conhecimento, da inteligência, da ciência; nove também é a quantidade de personalidades do eneagrama criado pelos antigos sofistas) e, como obra renascentista que é, coloca em destaque a busca intermitente pelo conhecimento, pela sabedoria; 
  • Alguns estudos especulam essa obra dizendo que o autor reproduziu sua própria mãe, ou sua profunda relação com a figura materna; além disso, alguns a associam à imagem de um dos supostos casos amorosos de Leonardo da Vinci (Andrea Salaino);
  • O que parece mais cabível é a especulação de que o pintor reproduziu a esposa de Francesco del Giocondo, Lisa Gherardini. 


CURIOSIDADES:

  • Leonardo da Vinci nasceu em 15 de abril de 1452 e faleceu em 02 de maio de 1519; foi pintor, matemático, arquiteto e cientista;
  • A "Mona Lisa" foi produzida entre os anos de 1503 a 1506;
  • Depois da Revolução Francesa, foi exposta no Museu do Louvre;
  • No dia 02 de agosto de 1911, uma russa jogou uma xícara de café no quadro; no dia 22 do mesmo mês, foi roubada por um funcionário do museu (Vicenzo Peruggia); tempos depois, a obra foi recapturada e um psicopata atirou ácido sobre ela;
  • Dizem que em decorrência do uso da perspectiva, técnica que Da Vinci utilizou com perfeição, de qualquer ângulo em que a pessoa que a contempla estiver, a imagem estará a olhá-la com seu ar irônico e enigmático, o que causa desconforto em algumas pessoas;
  • Mais famoso e caro quadro do mundo (se estivesse à venda, essa obra poderia ser vendida, facilmente, por aproximadamente 670 milhões de dólares), é o quadro mais reproduzido e especulado da arte pictórica. 


sábado, 3 de agosto de 2013

PINTURA I: A ARTE DE VER PARA ALÉM DO QUE NOS MOSTRA O OLHAR

PINTURA

A arte de aplicar cores sobre superfícies para criar uma imagem de desenho figurativo, imaginário ou abstrato. Por meio de técnicas desenvolvidas em períodos históricos e socioculturais diferentes, a Pintura pode se manifestar de diferentes formas. Vejamos alguns exemplos:

Pintura Figurativa: 

Quando o artista pretende pintar num quadro uma realidade que é familiar, natural e sensível ou interna; a pintura é essencialmente a representação pictórica de um tema. O tema pode se ruma paisagem (natural ou imaginada), uma cena mitológica ou cotidiana, mas independente disto a pintura se manifestará como um conjunto de cores e luz. Esta foi praticamente a única abordagem dada ao problema em toda a arte ocidental até meados do século XX.

"A negra", de Tarsila do Amaral

Pintura Abstrata:

Quando o artista percebe que não precisa lidar apenas com a realidade externa, mas com os elementos próprios da pintura como a cor, a luz e o desenho. É um tipo de pintura que não procura retratar objetos ou paisagens, pois está inserida em uma realidade própria. Enquanto a pintura figurativa busca uma certa racionalidade e expressa apenas as relações estéticas do quadro, a pintura abstrata é geralmente caótica e expressa o instinto e as sensações do artista.

"Fuga", de Wassily Kandinsky

Pintura de Gênero: 

Desenvolvido no século XVII, na região atualmente conhecida como Holanda, a pintura de gênero apresenta cenas do dia a dia, com pessoas fazendo tarefas domésticas e paisagens da região onde viviam os artistas.

Pintura Naturalista:

Bastante apreciada na segunda metade do século XIX, a pintura naturalista mostrava cenas da vida cotidiana no campo, os temas rurais e despretensiosos do dia a dia. Os artistas pintavam ao ar livre, observando a natureza e buscando criar imagens fiéis que mostrassem a luz, as cores e formas vistas durante a realização da obra.

Pintura Histórica:

Tipo de pintura que mostra fatos históricos, como batalhas, coroação de reis e outros momentos épicos de um povo.

"A liberdade guiando o povo", de Eugène Delacroix

Pintura de Paisagem:

Artistas de diferentes épocas disseram que paisagem é tudo aquilo que vemos, o que nossa visão alcança. A pintura que mostra lugares também é chamada de paisagem. 

LEGENDA

Abaporu, 1928
Tarsila do Amaral (1886 - 1973)
óleo sobre tela, 85 x 73cm
Malba - Museu de Arte Latino
Americana de Buenos Aires, Argentina

Corresponde a etiquetas que são colocadas abaixo das obras para que quem a contemple obtenha informações básicas sobre, por exemplo, o título da obra, o ano em que foi realizada, o nome do autor, o ano em que este nasceu e morreu, a técnica de pintura ou material utilizado para produzir a obra, medidas da obra (altura x largura) ou (altura x largura x profundidade) e a quem a obra pertence. 

Na obra "História em quadrões com a Turma da Mônica - 2", Mauricio de Sousa, em trabalho direcionado ao público infantil, dá as seguintes dicas para quem pretende apreciar uma pintura:

"A arte conta muitas histórias. Ao observar as obras de grandes artistas, é possível descobrir lugares, objetos e hábitos do passado - como as formas de vestir, os jogos, as brincadeiras e as atividades esportivas. Muito do que sabe-se (sic) hoje sobre os antepassados baseia-se nas obras produzidas por esses mestres. 

Depois de conhecer as pinturas e esculturas deste livro, é importante aprender a observá-las. Primeiro, é preciso pensar no que mais chama a atenção nelas: as cores, o assunto, o modo de pintar, o tamanho, o material. A partir disso pode-se iniciar uma pesquisa sobre a vida do artista e seus trabalhos, sobre os diversos gêneros de pintura, as técnicas, os materiais, enfim muitos dados e fatos que ajudam a conhecer as infinitas histórias da arte.

As respostas podem vir de detalhes das obras e da maneira como o artista representa as coisas, somadas às suas lembranças e à sua imaginação. Algumas pistas estão nas informações colocadas abaixo das obras, conhecidas como etiquetas [...]. Nelas estão o nome da obra e o ano em que foi feita, quando e onde elas podem ser encontradas atualmente."

TEXTO RETIRADO DE:

SOUSA, Mauricio de. História em quadrões com a Turma da Mônica - 2. São Paulo: Globo, 2010. p. 62 - 63.

GALERIA DAS MINHAS PINTURAS PREFERIDAS


"A coluna partida", de Frida Kahlo

"Anonimato", de Edward Hopper

"Os retirantes", de Portinari

"A tentação de Santo Antão", de Salvador Dalí


"As duas Fridas", de Frida Kahlo


"Autorretrato", de Vincent Van Gogh

"A devoção ao avô ", Albert Anker

"A vendedora de flores", de Diego Rivera


"Criança geopolítica assistindo
ao nascimento de um homem", de Salvador Dalí

"O grito", de Edvard Munch 


"A cama do defunto", de Edvard Munch

"A ponte dos ingleses", de Van Gogh
















"Na porta da eternidade", de Van Gogh