terça-feira, 6 de maio de 2014

LEITURA: "ÁGUA MORRENTE", DE CAMILO PESSANHA


Il pleure dans mon coeur
Comme il pleut sur la ville. 
(Verlaine)

Meus olhos apagados,
Vede a água a cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, sempre cair.

Das beiras dos telhados,
Cair, quase morrer...
Meus olhos apagados,
E cansados de ver.

Meus olhos, afogai-vos
Na vã tristeza ambiente.
Caí e derramai-vos
Como água morrente. 

TEXTO RETIRADO DE:

PESSANHA, Camilo. Clepsidra. São Paulo: Núcleo, 1989. p. 68

LEITURA: "ISMÁLIA", DE ALPHONSUS DE GUIMARAENS


Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu uma lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava perto do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

SIMBOLISMO NO BRASIL - UM RESUMO

Cruz e Sousa

MOMENTO SOCIOCULTURAL: 

  • O FIM DO SÉCULO XIX É DE PROFUNDO PESSIMISMO E DESÂNIMO. A CIVILIZAÇÃO INDUSTRIAL PRODUZ DESENCANTO E VAZIO, VAZIO ESTE QUE LEVA O HOMEM A PROCURAR O ESPIRITUAL E O ABSOLUTO.
CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS:

  • ESSA ÂNSIA PELO ABSOLUTO LEVA OS SIMBOLISTAS A TENTAR UNIFICAR MATÉRIA E ESPÍRITO POR MEIO DE UMA ARTE QUE É PURA SUGESTÃO, FLUIDEZ E MUSICALIDADE, NEGANDO A POESIA FRIA DOS PARNASIANOS.
  • PARA OS SIMBOLISTAS, A POESIA DEVE EXPRESSAR OS MISTÉRIOS DA ALMA E DA VIDA, MAS SEM NOMEÁ-LOS. DEVE APENAS SUGERI-LOS, UTILIZANDO O SOM E O SÍMBOLO.
  • EM SUMA, A POESIA SIMBOLISTA É MISTÉRIO E IMPRECISÃO.
AUTORES E OBRAS:

  • CRUZ E SOUSA: O MAIS IMPORTANTE SIMBOLISTA BRASILEIRO (E UM DOS MAIORES DO MUNDO). ESCREVEU "MISSAL" (1893), "BROQUÉIS" (1893), "FARÓIS" (1900), "ÚLTIMOS SONETOS (1905).
  • ALPHONSUS DE GUIMARAENS: AUTOR DE OBRA MÍSTICA E QUE IDEALIZA A AMADA MORTA. DEIXOU "SETENÁRIO DAS DORES DE NOSSA SENHORA" (1889), "KIRIALE" (1902), "A ESCADA DE JACÓ" (1938).
  • PEDRO KILKERRY: TENDO MORRIDO SEM PUBLICAR SUA OBRA POÉTICA, SEUS POEMAS FORAM RECOLHIDOS E PUBLICADO, POR AUGUSTO DE CAMPOS, APENAS EM 1968. 

SIMBOLISMO EM PORTUGAL - UM RESUMO

"A Ilha dos Mortos", de Arnold Bröcklin (1827 - 1901)

MOMENTO SOCIOCULTURAL:

  • EPISÓDIO DO ULTIMATO (1890) - RUPTURA DO PACTO ENTRE LIBERAIS E CONSERVADORES DO PERÍODO DA REGENERAÇÃO. SETORES DA BURGUESIA ADEREM AO PARTIDO REPUBLICANO, OPONDO-SE À ALTA BURGUESIA FINANCISTA E MONÁRQUICA. REVOLTAS NO PORTO. ASSASSINATO DO REI DOM CARLOS E DO PRÍNCIPE HERDEIRO.
  • PORTUGAL TENTA SE CONSOLIDAR E EXPANDIR-SE NA ÁFRICA, MAS SUAS PRETENSÕES SÃO INTERCEPTADAS PELA INGLATERRA.
CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS:

  • SUBJETIVISMO, NEGAÇÃO DA OBJETIVIDADE CIENTÍFICA DO REALISMO; O SIMBOLISMO QUER FIXAR O INEXPRIMÍVEL.
  • LINGUAGEM REPLETA DE SÍMBOLOS; USO REBUSCADO DAS FIGURAS DE LINGUAGEM (SINESTESIAS, ALITERAÇÕES);
  • VALORIZA A MUSICALIDADE DAS PALAVRAS, A IMAGINAÇÃO E A FANTASIA DO AUTOR;
  • BUSCA A ESSÊNCIA DOS SERES E COISAS, NEGANDO OS ASPECTOS EXTERIORES. 
AUTORES E OBRAS:

  • EUGÊNIO DE CASTRO: CONSIDERADO O INTRODUTOR DO SIMBOLISMO EM PORTUGAL, FOI AUTOR CRIATIVO E REBELDE. ESCREVEU "OARISTOS" (1890), "HORAS" (1891), "CONSTANÇA" (1900) E "O FILHO PRÓDIGO" (1906).
  • ANTÔNIO NOBRE: DEIXOU UMA OBRA QUE EXPRESSA SOFRIMENTO E DOR. ESCREVEU "SÓ" (1892), "DESPEDIDAS" (1902), "PRIMEIROS VERSOS" (1921).
  • CAMILO PESSANHA: CONSIDERADO O MAIOR NOME DO SIMBOLISMO PORTUGUÊS E UM DOS MAIORES POETAS DA LÍNGUA. DEIXOU APENAS "CLEPSIDRA" (1920).
  • RAUL BRANDÃO: PRINCIPAL NOME DA PROSA SIMBOLISTA. ESCREVEU EXTENSA OBRA, ONDE SE DESTACAM "A CEIA DOS CARDEAIS" (1902), "A FARSA (1903), "OS POBRES" (1906), "HUMUS" (1917).

SÍNDROME DE BURNOUT (PARTE II)


Transcrição de trechos de um dos artigos da revista Construir Notícias sobre a Síndrome de Burnout. Espero que minhas transcrições sejam úteis para quem busca conhecer um pouco mais sobre o tema, porém sugiro que, caso tenha interesse de utilizar o texto para algum trabalho mais amplo, procure ler o artigo na íntegra. Apresento a seguir a referência:

BARROS, Adriana. Síndrome de burnout em docentes: suas causas e estratégias para ser enfrentadas. In: Construir Notícias, n. 28 - 33, nov / dez. 2013.

Síndrome de burnout em docentes: suas causas e estratégias para ser enfrentadas

"Atualmente, compreende-se o sofrimento psíquico de professores como um sinal do mal-estar que se instalou na realização do trabalho pedagógico. Essa concepção é pensada segundo as questões conflitantes, geradoras e inibidoras da ação e do desejo do professor relacionados à sua prática. 

[...]

Tal fenômeno se deve, principalmente, à evolução das sociedades contemporâneas. Haja vista que já houve uma época em que o ato de ensinar era considerado um sacerdócio, uma vocação, a que os profissionais da Educação deviam dedicar-se quase heroicamente, na verdade a atitude heroica parece se fazer presente no contexto atual, já que o docente vem sobrevivendo frente a tantos infortúnios. Ser professor era motivo de grande orgulho profissional, uma vez que a profissão desfrutava de amplo prestígio social, além de uma realidade sociopolítico-econômica bem distinta da dos dias atuais, ou seja, as questões salariais, bem como as condições de trabalho, eram bem melhores que as de hoje.

Atualmente, o professor percebe-se cobrado a efetuar mudanças em um tempo muito pequeno. [...] A ele, é cobrado lidar com aspectos potencialmente estressores - como baixos salários, escassos recursos materiais e didáticos, classes superlotadas, tensão na relação com os alunos, excesso de carga horária, inexpressiva participação nas políticas e no planejamento institucional, comportamento disciplinador - com sorriso simpático, comunicação repleta de gentileza, inserção equilibrada de limites, coerência na avaliação e habilidade e capacidade na orientação aos alunos, bem como o estando sempre a postos para receber os pais, sinalizando o momento pedagógico e comportamental do seu filho, além dos compromissos burocráticos e das diferentes identidades das empresas/escolas em que atuam. Todavia, frente a essa lista que parece ser interminável, não pode sequer esquecer-se de olhar para si e se esforçar para lembrar que tem vida própria.

[...]

A partir do momento em que o indivíduo está inserido no contexto institucional, está sujeito a diversas variáveis que podem diretamente atingir o seu trabalho. Em muitas situações, a organização age pressionando o profissional, levando-o a estados de doença, de insatisfação e de desmotivação. Entre estes, encontram-se o estresse e a síndrome de burnout. 

O termo burnout consiste na composição de duas palavras da língua inglesa - burn = queima e out = exterior - e sugere que a pessoa, ao sofrê-lo, acaba ficando física e emocionalmente consumida, além de apresentar comportamento agressivo e irritadiço. (BALLONE, 2005)

Para Pereira (2002), burnout é um termo que remete a uma gíria da língua inglesa que se refere "àquilo que deixou de funcionar por absoluta falta de energia [...] uma metáfora para significar aquilo ou aquele que chegou ao seu limite e, por falta de energia, não tem mais condições de desempenho físico ou mental. (p. 21)

De acordo com Esteve (1999), significa morrer de tanto trabalhar, consumir-se em chamas, é um tipo de estresse ocupacional que se caracteriza por profundo sentimento de frustração e exaustão em relação ao trabalho desempenhado, sentimento que aos poucos pode estender-se a todas as áreas.

A definição mais aceita atualmente sobre a síndrome de burnout fundamenta-se na perspectiva sociopsicológica (Maslach & Jakson, 1981). Essa perspectiva considera a síndrome como uma reação à tensão emocional crônica causada por se lidar excessivamente com pessoas. 

[...]

Os profissionais da educação e da saúde são apontados como uns dos que mais sofrem dessa síndrome, já que estão em contato direto e excessivo com seus usuários. Sabe-se que pessoas que trabalham em profissões sociais são geralmente dotadas de grande idealismo, desejam intensamente ajudar os outros e esperam ter um alto índice de liberdade pessoal e autonomia em seu trabalho; em contrapartida, desejam reconhecimento pelo seu engajamento. A falta desse reconhecimento torna-se fator de predisposição para a síndrome de burnout."

(Adriana Barros é graduada em Psicologia, é especialista em Psicologia Clínica e é mestra em Ciências da Educação.) 







SÍNDROME DE BURNOUT (PARTE I)


A revista Construir Notícias, dos meses de novembro e dezembro de 2013, realizou uma edição cuja temática principal era a Síndrome de Burnout. Desta feita, inúmeros artigos assinados por vários autores discorriam sobre o assunto com ênfase na figura do Professor. Eu farei transcrições ou resumos do textos que essa revista apresenta, com a intenção de informar um pouco mais sobre essa síndrome que tanto maltrata alguns profissionais da educação. Abaixo, transcrevo na íntegra o texto do Dr. Dráuzio Varella sobre o assunto: 

VARELLA, Dráuzio. Síndrome de Burnout. In: Construir Notícias, n. 73, p. 05, nov / dez. 2013.  

SÍNDROME DE BURNOUT

"A síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito em 1974 por Freudenberger, um médico americano. O transtorno está registrado no Grupo V da CID - 10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). 

Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos, provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso. 

Profissionais das áreas de Educação, Saúde, Assistência Social, Recursos Humanos, além de agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada, correm risco maior de desenvolver o transtorno.

SINTOMAS

O sintoma típico da síndrome de burnout é a sensação de esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausências no trabalho, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa autoestima. 

Dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma e distúrbios gastrointestinais são manifestações físicas que podem estar associadas à síndrome. 

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico leva em conta a história do paciente e seu envolvimento e realização pessoal no trabalho.

Respostas psicométricas a questionário baseado na Escala Likert também ajudam a estabelecer o diagnóstico. 

TRATAMENTO

O tratamento inclui o uso de antidepressivos e psicoterapia. Atividade física regular e exercícios de relaxamento também ajudam a controlar os sintomas. 

RECOMENDAÇÕES

  • Não use a falta de tempo como desculpa para não praticar exercícios físicos e não desfrutar momento de descontração e lazer. Mudanças no estilo de vida podem ser a melhor forma de prevenir ou tratar a síndrome de burnout.
  • Conscientize-se de que o consumo de álcool e drogas para afastar as crises de ansiedade e a depressão não é um bom remédio para resolver o problema.
  • Avalie quanto as condições de trabalho estão interferindo em sua qualidade de vida e prejudicando sua saúde física e mental. Avalie também a possibilidade de propor nova dinâmica para as atividades diárias e os objetivos profissionais."