terça-feira, 6 de maio de 2014

SÍNDROME DE BURNOUT (PARTE II)


Transcrição de trechos de um dos artigos da revista Construir Notícias sobre a Síndrome de Burnout. Espero que minhas transcrições sejam úteis para quem busca conhecer um pouco mais sobre o tema, porém sugiro que, caso tenha interesse de utilizar o texto para algum trabalho mais amplo, procure ler o artigo na íntegra. Apresento a seguir a referência:

BARROS, Adriana. Síndrome de burnout em docentes: suas causas e estratégias para ser enfrentadas. In: Construir Notícias, n. 28 - 33, nov / dez. 2013.

Síndrome de burnout em docentes: suas causas e estratégias para ser enfrentadas

"Atualmente, compreende-se o sofrimento psíquico de professores como um sinal do mal-estar que se instalou na realização do trabalho pedagógico. Essa concepção é pensada segundo as questões conflitantes, geradoras e inibidoras da ação e do desejo do professor relacionados à sua prática. 

[...]

Tal fenômeno se deve, principalmente, à evolução das sociedades contemporâneas. Haja vista que já houve uma época em que o ato de ensinar era considerado um sacerdócio, uma vocação, a que os profissionais da Educação deviam dedicar-se quase heroicamente, na verdade a atitude heroica parece se fazer presente no contexto atual, já que o docente vem sobrevivendo frente a tantos infortúnios. Ser professor era motivo de grande orgulho profissional, uma vez que a profissão desfrutava de amplo prestígio social, além de uma realidade sociopolítico-econômica bem distinta da dos dias atuais, ou seja, as questões salariais, bem como as condições de trabalho, eram bem melhores que as de hoje.

Atualmente, o professor percebe-se cobrado a efetuar mudanças em um tempo muito pequeno. [...] A ele, é cobrado lidar com aspectos potencialmente estressores - como baixos salários, escassos recursos materiais e didáticos, classes superlotadas, tensão na relação com os alunos, excesso de carga horária, inexpressiva participação nas políticas e no planejamento institucional, comportamento disciplinador - com sorriso simpático, comunicação repleta de gentileza, inserção equilibrada de limites, coerência na avaliação e habilidade e capacidade na orientação aos alunos, bem como o estando sempre a postos para receber os pais, sinalizando o momento pedagógico e comportamental do seu filho, além dos compromissos burocráticos e das diferentes identidades das empresas/escolas em que atuam. Todavia, frente a essa lista que parece ser interminável, não pode sequer esquecer-se de olhar para si e se esforçar para lembrar que tem vida própria.

[...]

A partir do momento em que o indivíduo está inserido no contexto institucional, está sujeito a diversas variáveis que podem diretamente atingir o seu trabalho. Em muitas situações, a organização age pressionando o profissional, levando-o a estados de doença, de insatisfação e de desmotivação. Entre estes, encontram-se o estresse e a síndrome de burnout. 

O termo burnout consiste na composição de duas palavras da língua inglesa - burn = queima e out = exterior - e sugere que a pessoa, ao sofrê-lo, acaba ficando física e emocionalmente consumida, além de apresentar comportamento agressivo e irritadiço. (BALLONE, 2005)

Para Pereira (2002), burnout é um termo que remete a uma gíria da língua inglesa que se refere "àquilo que deixou de funcionar por absoluta falta de energia [...] uma metáfora para significar aquilo ou aquele que chegou ao seu limite e, por falta de energia, não tem mais condições de desempenho físico ou mental. (p. 21)

De acordo com Esteve (1999), significa morrer de tanto trabalhar, consumir-se em chamas, é um tipo de estresse ocupacional que se caracteriza por profundo sentimento de frustração e exaustão em relação ao trabalho desempenhado, sentimento que aos poucos pode estender-se a todas as áreas.

A definição mais aceita atualmente sobre a síndrome de burnout fundamenta-se na perspectiva sociopsicológica (Maslach & Jakson, 1981). Essa perspectiva considera a síndrome como uma reação à tensão emocional crônica causada por se lidar excessivamente com pessoas. 

[...]

Os profissionais da educação e da saúde são apontados como uns dos que mais sofrem dessa síndrome, já que estão em contato direto e excessivo com seus usuários. Sabe-se que pessoas que trabalham em profissões sociais são geralmente dotadas de grande idealismo, desejam intensamente ajudar os outros e esperam ter um alto índice de liberdade pessoal e autonomia em seu trabalho; em contrapartida, desejam reconhecimento pelo seu engajamento. A falta desse reconhecimento torna-se fator de predisposição para a síndrome de burnout."

(Adriana Barros é graduada em Psicologia, é especialista em Psicologia Clínica e é mestra em Ciências da Educação.) 







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