segunda-feira, 17 de março de 2014

CRÔNICA: OBVIEDADES SOBRE UMA CIDADE, UM ESTADO, UM PAÍS...

Juazeiro do Norte - CE

Sobre minha cidade, meu estado, meu país falarei o que me vier à mente. Portanto, certo de que tenho visões pouco animadoras sobre tudo, não espere palavras apologéticas.  

Nascido e criado em Juazeiro do Norte, terra de valor histórico incomensurável, terra de Maria de Araújo – a santa sem sepulcro –, acompanho com olhar mais crítico a administração de minha cidade apenas há alguns anos. A “lucidez” só nos vem com certa idade – falo por mim e por alguns, apenas, porque gente há que sequer tal “lucidez” foi capaz de fazê-la acordar.  

Esgoto a céu aberto na maior parte das ruas, terrenos baldios que funcionam como lixões, bairros que necessitam de obras de drenagem, bairros – maior parte da cidade – que não têm saneamento, praças carcomidas e desmatadas e sujas, ausência de lixeiro em quase todos os espaços de maior movimentação, falta d’água diária em alguns bairros – sobretudo em época de romaria –, centro da cidade desestruturado e vitimado por poluição sonora e visual, impostos gritantes e abusivos pouco revertidos em melhoria para a população, decadência de escolas, defasagem dos vencimentos do funcionalismo público, desrespeito explícito contra os visitantes que vêm para a cidade em época de romaria, desrespeito diário aos moradores da cidade que vivem à mercê da própria sorte ante a crescente violência, ruas com péssimas camadas de asfaltos, cultura pouco valorizada, o universo artístico pouco incentivado, em decorrência da chuva um mundo de enchentes e ampliação ou abertura de novos buracos, deficiência mordaz e vergonhosa da saúde, assaltos, assassinatos, transporte público indigno, desestrutura total e absoluta e absurda do trânsito, vereadores em sua maioria omissos, prefeitos – desde que eu nasci – absolutamente negligentes e apáticos à causa do povo e tirânicos e opressores e frágeis de caráter e sem inteligência e pútridos em suas condutas (des) administrativas...

 Nascido e criado no estado do Ceará, terra de grandes literatos e pensadores e artistas a quem eu presto minha mais fidedigna homenagem, somente após tornar-me funcionário público do estado – perdoem-me por ter deitado no “berço esplêndido” da ignorância por tanto tempo! – pude entender com que grau de indignidade este trata os seus.

Esgoto a céu aberto em várias ruas de vários municípios, terrenos baldios que funcionam como lixões, cidades que necessitam de obras de drenagem, cidades – maior parte do estado – que não têm saneamento, obras públicas inconclusas, valores culturais em esquecimento, o universo artístico desassistido, áreas de preservação desmatadas e sujas, falta d’água diária em várias cidades – sobretudo em épocas de estiagem –, cidades maiores desestruturadas e vitimadas por poluição sonora e visual, impostos gritantes e abusivos pouco revertidos em melhoria para a população, decadência de escolas e hipocrisia personificada em números fajutos e demagogia que outorga a criação de projetos copiados de outros países e que não se aplicam à realidade-pouco-animadora-local, ódio severo contra o funcionalismo público, desrespeito explícito contra a condição do professor, desrespeito diário contra os moradores de todas as cidades que vivem à mercê da própria sorte ante a crescente violência, desrespeito aos turistas que se iludem pensando que é possível ter momentos de lazer e deparam-se com a sujeira e os recorrentes furtos e os preços exorbitantes das cidades turísticas, ruas com péssimas camadas de asfaltos, em decorrência da chuva um mundo de enchentes e ampliação ou abertura de novos buracos, deficiência mordaz e vergonhosa da saúde, assaltos, assassinatos, transporte público indigno, desestrutura total e absoluta e absurda do trânsito, shows de “celebridades” – amparadas  pela medíocre mídia – pagos com o dinheiro público, deputados em sua maioria omissos, governadores – desde que eu nasci – absolutamente negligentes e apáticos e tirânicos e opressores e medíocres e estúpidos e frágeis de caráter e sem inteligência e pútridos em suas condutas (des) administrativas.

Nascido e criado no Brasil, sobre esta terra – de grandes artistas, pensadores e literatos, que merecem reverência e admiração – prefiro não comentar muito, para repetitivo não ser. Basta, sobre esse país, dizer que ele foi colonizado para fins de exploração, que nele houve um regime escravocrata, que nele houve – dentre outros vergonhosos motes políticos – uma ditadura militar e que, sempre que tentam sobre ele falar, assomam o futebol e o carnaval como seus símbolos por excelência. Não sou contra futebol nem carnaval – até reconheço seus valores –, mas dizer que o Brasil restringe-se a estes elementos é uma injúria contra tantos outros valores a serem considerados, porque por aqui tivemos grandes personalidades dignas de serem lembradas.  

A propósito de minhas críticas contra o Brasil, um ser humano que sequer mereceria o ar atmosférico respirar, disse-me que se eu não gostava do Brasil eu deveria sair dele. O ser dado a vilanias retomou, na segunda década do século XXI, desavisadamente, a legenda: “Ame-o, ou deixe-o!” E eu, que vermelho fiquei, esperei para dar uma resposta à pessoa desalmada em outra ocasião de menor fúria... 

Sobre a minha cidade, o meu estado e o meu país, lamentavelmente, é tudo o que eu quero dizer no momento...
Texto de: Émerson Cardoso
16/04/14


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