domingo, 12 de julho de 2015

"ROMANCEIRO DO NORTE JUAZEIRO" (ROMANCE DA INDEPENDÊNCIA)


ROMANCE DA INDEPENDÊNCIA

TRÊS MOTIVOS PARA “O REBATE”

Liberdade nós queremos,
Nós queremos liberdade!

Juazeiro não precisava
Donativos dar ao Crato.

Liberdade nós queremos,
Nós queremos liberdade!

Pelo Monsenhor Tabosa
Juazeirenses insultados.

Liberdade nós queremos,
Nós queremos liberdade!

Antônio Luiz mandou
Batalhão de cobradores.

Liberdade nós queremos,
Nós queremos liberdade!

Criou-se mais que depressa
O informativo O Rebate.

Liberdade nós queremos,
Nós queremos liberdade!

Decidiu-se sem demora:
Juazeiro será cidade!

TRÊS FORÇAS PARA O COMBATE

Às regras vindas do Crato
Ninguém obedeceria.
Permitir ninguém iria
Do Crato humilhação.

Ricos sentiram o brio
Atirado contra o vento.
Pobres ergueram a fronte
Querendo retaliações.

Ante a fúria de Juazeiro,
Desperta num arrebol,
A Independência feroz
Resolveu reivindicar:

O Crato vislumbraria  
A desforra em recompensa.
Ergueria, a Independência,
Armas para combater.

Segurou as mãos sedentas
Do trio da aristocracia,
Segurou as mãos dolentes
Da população sofrida...

E escreveu austeras páginas
Em fulgentes pergaminhos.
Letras ornadas em sangue
D’uma gente combativa.

Gritos, vozes, urros, passos:
Procissão enfurecida...
Passos, gritos, vozes, marchas:
Juazeiro será cidade!

E pelas ruas indormidas
Retumbavam o refrão:
Liberdade nós queremos!
Nós queremos liberdade!

Mesmo que o Crato implorasse,
Que chorasse por perdão,
A Independência altiva
Não demonstraria clemência.
                                    
Professor José Marrocos
E Padre Alencar Peixoto,
Com Floro Bartolomeu,
Bradaram: “Independência!”

O poder de aristocratas
(Ideologia que estimula
O povo a quebrar os dentes
À frente de seus conflitos)

Fez da liberdade um fato
E o povo marchou bisonho,
A esperar melhores dias
Em passarela de mitos.

APOLOGIA À LIBERDADE

Homens, venham vislumbrar
Os desvelos desta dama!

Esqueçam Luzia e Glória,
Deixem sozinhas a ambas.

Quem precisa de bordel
Tendo em mãos a mais astuta?

A dama que não se vende,
A que se dá resoluta.

A cujo corpo se doa
Com flores de bons perfumes.

A cujas curvas se mostram,
A de olhar de mil veludos?

Homens, venham vislumbrar
Os desvelos desta dama!

Ela deita em qualquer corpo
E o adormece com suas chamas!

Quem quiser do seu abraço
Deve buscá-la, no entanto,

Nas sendas da confusão,
Na loucura do confronto.

Porque muitos amam dela
Seus braços de ouro impávido,

Seus lábios de prata em flor,
Seus olhos doces e cálidos...

Porque muitos amam dela
Sua facezinha purpúrea

E suas pernas alongadas
Dotadas de formosura...

Homens, combatam por ela!
Vocês devem resguardá-la!

Querem saber onde vive
Esta dama de preclaras?

Procurem e a encontrarão
Em noites de vis combates,

Quando a alma perde as forças
E deseja liberdade!

Liberdade, liberdade,
Em que beco encontraremos

Seus olhares, seus abraços?
Em que sonhos mais singelos?

A liberdade teremos
Nesta nascida cidade?

  Liberdade nós queremos!
Nós queremos liberdade!


CARDOSO, Cícero Émerson do Nascimento. Romanceiro do Norte Juazeiro. Pará de Minas, MG: VirtualBooks Editora, 2014. p. 32 - 38. 

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