segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

RESUMO: "POR QUE (NÃO) ENSINAR GRAMÁTICA NA ESCOLA?" (SÍRIO POSSENTI)


CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

Este livro está dividido em duas partes: 1) na primeira parte, o autor elabora dez teses sobre o ensino de gramática e 2) na segunda, estão expostos conceitos de gramática e reflexões que apontam para seu ensino no espaço escolar.

OBJETIVOS DO AUTOR:


  • *   Discorrer sobre um conjunto de princípios destinado a provocar reflexão sobre o ensino de gramática da língua portuguesa;


  • *     Propor teses sobre o ensino da língua materna sem, com isto, cair no plano das experiências que transformam, por vezes, o aluno em objeto de experimentos;


  • *     Refletir sobre a concepção de língua e de ensino de língua na escola.

PRIMEIRA PARTE

“Em que consistiria o domínio do português padrão? Do ponto de vista da escola, trata-se em especial (embora não só) da aquisição de determinado grau de domínio da escrita e da leitura”. (p. 19)

“Uma das medidas para que esse grau de utilização efetiva da língua escrita possa ser atingido é escrever e ler constantemente, inclusive nas próprias aulas de português”. (p. 20)

TESES
TESE 01

O objetivo da escola é ensinar o português padrão, ou, mais exatamente, o de criar condições para que ele seja aprendido.

TESE 02

Damos aula de que a quem? Para que um projeto de ensino de língua seja bem sucedido, uma condição deve necessariamente ser preenchida, e com urgência que haja uma concepção clara do que seja uma língua e do que seja uma criança (na verdade, um ser humano, de maneira geral).

TESE 03

Não há línguas fáceis ou difíceis. Todas as línguas são estruturas de igual complexidade. Não existem línguas simples e línguas complexas, primitivas e desenvolvidas. O que há são línguas diferentes.

TESE 04

Todos os que falam sabem falar. Saber falar uma língua significa saber uma gramática. Saber gramática não significa saber de cor algumas regras que se aprendem na escola, ou saber fazer análises morfológicas e sintáticas. Saber uma gramática é saber dizer e saber entender frases.

TESE 05

Não existem línguas uniformes. Neste sentido: a) todas as línguas variam, isto é, não existe sociedade ou comunidade na qual todos falem da mesma forma; b) a variedade linguística é o reflexo da variedade social e, como em todas as sociedades existe alguma diferença de status ou de papel entre indivíduo ou grupos, estas diferenças se refletem na língua c) os principais fatores de diferenciação são: geográficos, de classe, de idade, de sexo, de etnia, de profissão, etc.

TESE 06

Não existem línguas imutáveis. Nenhuma língua permanece uniforme. 

TESE 07

Falamos mais corretamente do que pensamos. É relativamente pequena a diferença entre o que um aluno (ou outro cidadão qualquer) já sabe de sua língua e o que lhe falta saber para dominar a língua padrão.

TESE 08

Língua não se ensina, aprende-se. Não se sabe muito bem o que se passa na mente humana, o fato observável é que todos falam, e muito, e bem, a partir de três anos de idade. Não se aprende por exercícios, mas por práticas significativas. 

TESE 09

Sabemos o que os alunos ainda não sabem? Os programas anuais poderiam basear-se em levantamento do conhecimento prático de leitura e escrita que os alunos já atingiram e, por comparação com o projeto da escola, uma avaliação do que ainda lhes falta aprender. 

TESE 10

Ensinar língua ou gramática? O domínio efetivo e ativo de uma língua dispensa o domínio de uma metalinguagem técnica. É possível aprender uma língua sem conhecer as regras com as quais ela é analisada. 

SEGUNDA PARTE

ENSINO DE GRAMÁTICA:

Estudo de regras mais ou menos explícitas de construção de estruturas (palavras ou frases). Um exemplo dessa primeira atividade é o estudo das regras ortográficas, regras de concordância e de regência, regras de colocação dos pronomes oblíquos etc.

Análise mais ou menos explícita de determinadas construções. Exemplos são os critérios para a distinção entre vogais e consoantes, critérios de descoberta das partes da palavra (radical, tema, afixos), análise sintática da oração e do período, especialmente se isso se faz com a utilização de metalinguagem.

CONCEITO DE GRAMÁTICA:

A palavra gramática significa “conjunto de regras”:

1) conjunto de regras que devem ser seguidas (normativa ou prescritiva);
2) conjunto de regras que são seguidas (descritiva);
3) conjunto de regras que o falante da língua domina (internalizada).

CONCEPÇÃO DE LÍNGUA:

A cada uma das definições de gramática apresentadas acima corresponde uma concepção diferente e compatível de língua:

1) Para a normativa, a língua corresponde às formas de expressão observadas produzidas por essas pessoas cultas, de prestígio.
2) Para a descritiva, encara a língua falada ou escrita como sendo um dado variável (não uniforme), e seu esforço é o de encontrar as regularidades que condicionam essa variação.
3) Para a internalizada, a língua deve ser compreendida como conhecimento interiorizado.

REFERÊNCIAS:

POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1996.




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