terça-feira, 23 de dezembro de 2014

NOTAS SOBRE VIOLÊNCIA

Andar pelas ruas de qualquer bairro da cidade de Juazeiro do Norte, atualmente, é constatar a sensação de insegurança que paira sobre seus moradores. Além da desestrutura do trânsito, da precária infraestrutura, da péssima administração que arrasa a cidade, assaltos constantes destroem a paz de espírito da população.
Um passeio rápido pelo centro da cidade e é possível perceber que as pessoas têm olhos amedrontados, apavorados, desesperados. E a sensação de insegurança é ampliada se o passeio for realizado na periferia da cidade.
Será que é exagero meu? Será que minha percepção é tão sensacionalista quanto alguns jornais criminalistas que vivem a divulgar o excesso de violência a que a população é submetida? Creio que se trata mais de constatação do que drama...
A má distribuição de rendas causa a onda de assaltos que presenciamos diariamente em Juazeiro? O crescimento desordenado da cidade tem causado tal expansão da violência? A péssima administração do atual prefeito impulsiona as discrepâncias sociais que têm estimulado o cenário de violência que tolhe o desenvolvimento da cidade? Ou a falta de respeito ao próximo, problema grave e recorrente, tem atingido seu grau máximo de tensão por aqui?
Confesso que não sei de fato qual a causa, ou causas, de tanto desassossego, porém percebo que temos perdido lamentavelmente a tranquilidade. As pessoas andam apavoradas, qualquer pessoa é suspeita, qualquer gesto efetivado é causa de olhares atemorizados e desconfiança. 
Não somos ingênuos a ponto de considerarmos tal condição como algo novo para a cidade – Juazeiro do Norte tem seus históricos de violência. O que não podemos aceitar é que estamos à mercê da própria sorte a ponto de não podermos mais andar em paz enquanto o poder público finge que nada ocorre, e não otimiza suas ações contra o que tem ocorrido às pessoas. Na maioria das vezes, as vítimas dos assaltantes são pessoas que trabalham incansavelmente para obter um objeto específico - o que não é aceitável é que elas trabalham para dispor de um objeto que, por vezes, sequer poderão aproveitar, porque o direito de ir e vir já não lhes é concedido.   
Quando o assalto não ocorre de modo direto, notícias são dadas de que casas foram saqueadas por ladrões incapazes de perceber que muitas das casas que eles invadem são de pessoas a quem o sonho da casa própria virou um pesadelo: de que adianta conseguir ter, finalmente, uma casa própria se nela não se poderá deleitar paz de espírito e segurança?
O que os direitos humanos poderiam fazer para que os trabalhadores dessa cidade fossem assistidos, uma vez que estes não podem aproveitar da cidade senão neuroses, traumas, temores e abusos? O que podemos fazer para tentar reverter o quadro indigesto em que a população se encontra? Ligar para o Ronda do Quarteirão, ou gritar pela Guarda Municipal seria um bom caminho? Ou seria melhor sair daqui no primeiro "pau-de-arara"?
A sensação que tenho, neste momento, é a de que a população está de mãos atadas ante a falta de segurança e o desrespeito com que esta é tratada seja pelos assaltantes, seja pelo poder público que age com indiferença ante essa situação. Espero que algum dia – dia não muito distante, diga-se de passagem – as pessoas que tanto lutam no cotidiano para conseguir ter alguma dignidade sejam, de fato, protegidas e passem a andar sem o olhar amedrontado que tem se espalhado pela cidade. O que mais queremos, sinceramente, é que a paz exista nessa terra de valores históricos incomensuráveis e de gente trabalhadora. 



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