domingo, 1 de novembro de 2020

DIVAGAÇÕES-MELÓDICAS-DIVAGAÇÕES



Quando gosto muito de uma música ou canção me pergunto interiormente: será que após a morte eu a poderei ouvir? Também me pergunto se as pessoas que eu gosto já a ouviram - desejo compartilhá-la. Claro que minhas preferências musicais são bem controversas, porque amo de Luiz Gonzaga a Cyndi Lauper, de Bach a Reginaldo Rossi, de Tulipa Ruiz ao Abba, de Caetano Veloso ao Falamansa, de Amelinha a Demis Roussos, de Elza Soares a Mercedes Sosa, passando por Edith Piaf, Perla (a paraguaia, obviamente), Raul Seixas, Belchior, Gilberto Gil, Mozart, Elba Ramalho, Supertramp, Chopin, Os Mutantes, Françoise Hardy, Diana, Beethoven, Chico César, Daniela Mercury, Ednardo, e tantas outras vozes. 


Meu ecletismo, não se engane, tem suas restrições. A música não pode ser em volume alto para que eu a aprecie, porque tenho sensibilidade auditiva. A música não pode ter sons que me causem desconforto mental, como algumas de Kenny G. A música não pode ser mera repetição de sons por falta de criatividade dos envolvidos na composição (eles não devem estar mais preocupados em criar um produto a ser vendido em grande escala, como ocorreu com o forró estilizado e o sertanejo universitário, do que preocupados com a música em sua força e expressão). 

A música em si, com sua melodia e seus componentes, é uma das maiores dádivas que o ser humano pode vivenciar. Deus, a Natureza ou o Universo, um deles, deve ter pensado no quanto a vida humana poderia ser árdua e disse: "Que se faça a música para dar alento à alma dos seres humanos!" Para mim, é exatamente isso que a música representa: alento para a alma. 

Quando a música vem com letra temos a canção. Aí, Deus, entramos em outro momento engrandecedor dessa arte. Há compositores e letristas que produzem poesia pura e as harmonizam colocando-a em melodias maravilhosas. A beleza, então, se faz. É desse tipo de coisa que gosto: a palavra deslizando na melodia enquanto me diz sobre mim, sobre o outro, sobre a vida, sobre a morte, sobre o mundo...

Não sei nem como me expressar sobre isso, porque me comovo, mas estou certo de que a música, a letra de canção, as vozes que me acompanham desde a infancia são tão vivas quanto a própria ideia de existência. No meu caso, especificamente, coleciono músicas e canções em minha memória como se elas fossem fotografias que me trazem sempre alguma pessoa, cenário, lembrança, dor ou alegria. A minha vida sem música poderia ser um vazio indescritível. Então, por saber que ouvir músicas e canções é uma dádiva grandiosa, eu fico comovido e agradeço a Deus: obrigado por me permitir escutar sons que, combinados por alguns artistas, se transformam em pura arte, porque aqueles que eu escolhi para mim tornam a minha vida menos vazia e infeliz. 

Émerson Cardoso
10/10/2020 





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