quinta-feira, 27 de junho de 2013

NOTAS SOBRE COERÊNCIA, COESÃO E CONSTRUÇÃO DO PARÁGRAFO...



Definição:
O parágrafo é a unidade de composição do texto que apresenta uma ideia básica à qual se agregam ideias secundárias, relacionadas pelo sentido. Em geral, a cada parágrafo, desenvolve-se uma ideia importante sobre o assunto que o autor explana. A sua extensão é variável, podendo conter apenas uma frase ou alongar-se por uma página inteira. O ideal é a intercalação de parágrafos curtos e de média extensão. 

Qualidades do Parágrafo: 
1 – Unidade: apenas uma ideia central deve emergir do parágrafo;

2 – Coerência: ordenação lógica de ideias;

3 – Concisão: os desdobramentos da ideia central são apresentados sem redundâncias;

4 – Clareza: a escolha das palavras é adequada ao contexto, tornando a leitura inteligível ao leitor.

Estrutura do Parágrafo:
1 – Tópico frasal: apresenta a ideia principal, o núcleo do parágrafo;

2 – Desenvolvimento: desdobra o tópico frasal expondo as ideias nele apresentadas;

3 – Conclusão: encerra a ideia central do parágrafo.

Identificando a Estrutura do Parágrafo:

Pode-se transformar o sistema imunológico, ao mudar a forma de pensar. (TÓPICO FRASAL) Para isso, é preciso desenvolver uma autoimagem  positiva, amando a si mesmo e dispondo-se a abandonar o passado e a perdoar. O corpo  sempre reflete o estado da consciência em determinado momento. À medida que as crenças são mudadas, o ser humano transforma-se tanto física como emocionalmente. Ao mudar, muitas vezes, não precisa mais da antiga doença. (DESENVOLVIMENTO) Tudo isso contribui para que as pessoas se tornem completas e se curem de seus males. (CONCLUSÃO)



Coerência:
1 – É o resultado de um processo de construção de sentido feito pelos interlocutores, numa situação de interação. Ela permite que uma sequência linguística constitua-se em um texto, pois estabelece relações entre os seus elementos (palavras, expressões, frases, parágrafos, capítulos).

2 – Constitui a textualidade, ou seja, faz da sequência linguística um texto e não um amontoado aleatório de frases e palavras.

3 – A coerência e a coesão estão intimamente relacionadas.

Coerência Textual: 
Texto Coerente
É verdade que a cada geração ficamos mais altos?


Sim, principalmente nos países desenvolvidos. Apesar de o crescimento ser limitado pela genética, a melhora na dieta e nas condições de saúde sempre traz centímetros a mais. “O consumo de proteínas estimula a produção de células dos tecidos ósseos e musculares, acelerando o crescimento”, diz a nutricionista Flora Spolidoro

Texto Coerente sem elementos coesivos


Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
Pomar amor cantar
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Êta vida besta, meu Deus.

(Carlos Drummond de Andrade)

Texto Incoerente 
Pessoas que tomam café da manhã todos os dias correm menos riscos de ter infecções, conforme estudos realizados. As infecções são comuns em crianças que frequentam a escola pela primeira vez. Por isso, a escola tem como filosofia o desenvolvimento de um processo de ensino-aprendizagem construtivista.

Fatores de Coerência : 



 Elementos Linguísticos
Os elementos linguísticos, como os itens lexicais e as estruturas sintáticas, desempenham papel importante para a compreensão textual, uma vez que ajudam a ativar os conhecimentos armazenados na memória do leitor e os sentidos dos enunciados que compõem o texto. Desse modo, o contexto linguístico, contemplado pelos elementos de coesão, é determinante na constituição da coerência.

 Conhecimento de mundo
A coerência de um texto tem estreita relação com a experiência de mundo do sujeito que o lê. Está relacionada ao conhecimento sobre o assunto por parte do interlocutor. Se o leitor não está informado sobre a temática do texto, este lhe poderá parecer incoerente, pois falta-lhe o conhecimento para apreender o sentido.

Implícitos
Os implícitos são aquelas informações que necessitam de um ato de interferência ou de pressuposição para o entendimento, pois não aparecem explicitamente no texto. A inferência é uma afirmação implícita que pode ser negada pelo texto, já que é o leitor que a constrói. Exemplo: A faculdade vai comprar o Patativa do Assaré?

OBS.: A pressuposição é uma afirmação implícita que não pode ser negada pelo texto, porque há um elemento linguístico que a comprova. Exemplo: João parou de jogar. (O verbo parou pressupõe que João jogava.)













Intertextualidade 
Para o entendimento de um texto, frequentemente, acessa-se o conhecimento prévio, decorrente de leituras anteriores. A intertextualidade ocorre quando o autor utiliza conteúdos referidos direta ou indiretamente de outros textos.


“Não só de repolhos, nabos e batatas viverá o homem, mas também de violetas, orquídeas e rosas.” (Rubem Alves)















Coesão:
1 – A coesão textual diz respeito às relações de sentido que ocorrem no interior do texto, por meio das quais uma sentença se liga à outra. Essa ligação dá-se através do emprego de elos coesivos na organização textual, permitindo a concatenação das suas partes.

2 – A coesão possibilita a ligação dos elementos que constituem o texto e gera uma interdependência interna organizada. Ela se realiza na conexão de vários enunciados, a partir das relações de sentido que existem entre eles, expressos por certas categorias de palavras, chamadas de conectivos. 

3 – A rede de relações de um texto, responsável pela construção do sentido global, pode ser estabelecida por dois grandes conjuntos: o da Coesão Referencial e o da Coesão Sequencial. 



Coesão Referencial
Seus principais fatores são: a substituição, a referência, a coesão lexical, a elipse e a conjunção. Realiza-se pela referência de elementos do próprio texto. Para efetivá-la, são usados Pronomes Demonstrativos, Possessivos, Pessoais ou Advérbios e expressões adverbiais que indicam a localização.
Exemplos:
Ana é uma excelente profissional. Ela é muito humana.
Pedro comprou um anel para oferecê-lo à esposa.

Coesão por Substituição
Consiste em utilizar conectivos ou expressões para sintetizar e retomar substantivos, verbos, expressões e partes já referidas. 
Exemplos:
Os brasileiros esquecem facilmente as ofensas. Por essa razão, os políticos corruptos são reeleitos.
Ana e João foram para Recife e João Pessoa, respectivamente.
Ou expressões como: Diante do que foi exposto / A partir do que foi exposto / Após essa explanação breve...


Coesão Lexical
A coesão lexical de um texto depende de um certo grau de redundância, através da qual retoma-se as ideias e parte delas, utilizando-se de palavras já ditas, sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos ou palavras do mesmo campo semântico. Exemplos:
O aluno entrou na sala. O aluno estava atrasado. (repetição)
O aluno entrou na sala. O estudante estava atrasado. (sinônimo)
Ana desenhou círculos, quadrados e retângulos. As figuras geométricas desenhadas por ela estavam corretas. (nome genérico)
Grupos de refugiados (hipônimo = sentido específico) chegam diariamente do sertão castigado pela seca. São pessoas (hiperônimo = sentido amplo) famintas, maltrapilhas, destruídas.
A escola estava aberta. Dezenas de alunos e professores circulavam nos corredores. (palavras do mesmo campo semântico)

Coesão por Elipse
Na construção de um texto, muitas vezes, certas palavras, expressões e até frases podem ser omitidas, evitando-se o sentido. A elipse pode estar marcada por vírgula e os pronomes, os verbos, os nomes e as sentenças podem estar implícitos. 
Exemplo:
Eles acordaram e viajaram. (elipse do pronome Eles)
Eu comprei livros, minha namorada flores. (elipse do verbo – Comprou)
Esta questão foi a mais difícil da prova. (elipse do nome – Questão.


Coesão por conjunção
A conjunção estabelece relações significativas específicas entre os elementos.
Porque                   Ou                            E
Que                        Logo                         Ora
À medida que         Mas                          Pois
À proporção que     Embora                    Nem
Portanto                  Porém                      Como
Assim                      Todavia                    Se

Referências: 
FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação. 10. ed. São Paulo: Ática, 1996.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. As inter-ação pela   linguagem. 3. ed. São Paulo: Contexto, 1997.

KÖCHE, Vanilda Salton. Prática textual: atividades de leitura e escrita. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

_____  A coesão textual. 7. ed. São Paulo: Contexto, 1994.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. 5. ed. São Paulo: Contexto, 1989.

_____ Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2008.





domingo, 23 de junho de 2013

UMA BREVE LEITURA DE "ANONIMATO", DE EDWARD HOPPER

Automat, 1927. Edward Hopper (1882 - 1967)
Óleo sobre tela, 71.4  cm x  91.4 cm. Des Moines Art Center.

A obra "Anonimato", de Edward Hopper, pintor norte-americano que realizou obras delineadas sobretudo pela recorrente explanação da solidão, apresenta uma personagem feminina sentada num "café" que, perdida em seus pensamentos, parece olhar mais para dentro de si mesma do que para a xícara que tem nas mãos. 
Produzida em 1927, tendo por título original a palavra "Automat", essa obra, considerada uma das mais importantes de Hopper, expõe uma personagem típica do seu universo composicional realista imaginativo.
A personagem traja roupas típicas dos anos 20 – roupas que nos indicam a classe social a que esta pertence –, está sentada, discretamente, tomando algo – provavelmente um café – tendo uma mão protegida com luva e a outra não. Usa um casaco verde com bordas marrons – que nos indica vestimenta usual para épocas do ano em que é comum a baixa temperatura do ambiente – e, por baixo do casaco, um vestido vermelho. A moça usa, também, um chapéu amarelo. Pálida, está sentada diante de uma cadeira vazia e, por trás, é visível a escuridão de uma rua que possui pontos luminosos – provavelmente postes – numa sequência que lembraria uma “alameda” (no caso, uma “alameda” de luzes elétricas bem ao gosto dos tempos modernos que o pintor costumava retratar em seus trabalhos).
A melancolia do cenário reforça o forte apelo psicológico que o autor emprega ao retratar essa moça de olhos baixos, protegida do frio, sozinha num espaço evidentemente de pouca movimentação. Na mesa em que ela está sentada, podemos observar apenas duas cadeiras: a moça ocupa uma e tem a outra à sua frente. Poderíamos supor, na simbologia da cadeira vazia, a ausência de alguém.  
O vazio, a solidão, o mal-estar proporcionado pela ausência de comunicação e o tom obscuro do cenário é quebrado, de certa forma, pelas cores quentes amarelo e vermelho que aparecem em alguns objetos importantes para o cenário. O amarelo surge em alguns detalhes da parede que dá sustentáculo à janela, na sequência de luzes, nos objetos de decoração do “café” e no chapéu da moça. O vermelho é perceptível no vaso que aparece por trás dela, e em seu vestido (que o casaco oculta).
Sem querer extrapolar nossa leitura, claro, poderíamos associar a recorrência de cores quentes como indicativo de certo teor erótico que surge na cena e que pode ser reforçado pela significativa imagem da exibição das pernas da moça – quem a observasse em sua excessiva solidão não poderia desconsiderar a claridade de suas pernas contrastando com a semiobscuridade da mesa e da cadeira em que ela está, introspectivamente, sentada.  
Segundo Otavio Paz*, poeta e ensaísta mexicano, Edward Hopper "é um grande realista” que não “é grande só por seu realismo, e sim por ter sido o pintor de uma visão intensamente moderna do homem e do tempo." Esta personagem sobre a qual nos remetemos é mais uma das muitas mulheres que (assim também como os homens que o pintor cria) surge na obra de Hopper presa a um tempo de vazios e silêncios. Ela cai, inevitavelmente, nas sendas de um realismo, como nos diz Otavio Paz, "mental e reticente" e "inquietante não pelo que diz, mas pelo que cala."
A grande cidade moderna – cafés, escritórios, motéis, postos de gasolina, quartos e janelas – é a paisagem preferida de Hopper. Seu tema, por excelência, na pintura em pauta, como em todas as suas demais pinturas, desenvolve-se pelo isolacionismo de homens e mulheres perdidos em excessiva melancolia e solidão. Octavio Paz o considera, ainda, o "pintor do tempo que passa." E esse tempo é, sem dúvidas, "um tempo vazio."


*PAZ, Octavio. Convergências: ensaios sobre arte e literatura. Trad. Moacir Werneck de Castro. Rio de Janeiro: Rocco, 1991. p. 230.


TEXTO: ÉMERSON CARDOSO








sexta-feira, 21 de junho de 2013

GRAMATIC (ARTE): FIGURAS DE LINGUAGEM NAS LETRAS DE CANÇÕES DO "LEGIÃO URBANA"

Chama-se Figura de Linguagem ao recurso de expressão que consiste no emprego da linguagem em um contexto inesperado, seja no que diz respeito ao sentido, à posição ou à combinação das palavras. Há quatro tipos de Figuras de Linguagem: Figuras de Palavras (ou Tropos); Figuras de Pensamento; Figuras de Construção (também chamadas de Figuras de Sintaxe) e Figuras Sonoras.

Para fins de exemplificação, pesquisaremos nas canções do Legião Urbana as Figuras de Linguagem que estudaremos. Uma das mais marcantes bandas que o Brasil teve o privilégio de conhecer, o Legião Urbana se imortalizou pelas canções inconfundíveis que colocam em destaque nuanças de uma juventude que busca, num país perpassado por diversas problemáticas sociais, a reivindicação por meio da Arte e apreciação do que ainda pode ser belo nas relações humanas. Tendo recebido reconhecimento já no fim da década de 70, a voz de Renato Russo (o vocalista da banda) continua imponente, ainda neste início de século, por ter destacado temas que ainda nos atormentam e sensibilizam. E continuará ecoando por muitos anos e anos e anos, por meio de suas canções, porque elas são atemporais como toda obra que se pretende Arte.




FIGURAS DE PALAVRAS (ou TROPOS): Caracterizam-se pela transposição do sentido literal das palavras para o sentido figurado.

COMPARAÇÃO - Ocorre quando, por meio de um termo comparativo explícito, se estabelece uma relação de semelhança entre dois seres diferentes a que se pode atribuir algo em comum. Normalmente, a comparação é estabelecida por uma conjunção comparativa (como, tal qual, assim como).

"VOCÊ PERDEU A SUA VIDA, MEU IRMÃO
VOCÊ PERDEU A SUA VIDA, MEU IRMÃO
ESSAS PALAVRAS VÃO ENTRAR NO CORAÇÃO
EU VOU SOFRER AS CONSEQUÊNCIAS COMO UM CÃO..."
(FAROESTE CABOCLO)

METÁFORA - É o emprego de uma palavra fora do seu sentido próprio, podendo ter como base uma comparação subentendida, em que o elemento comparativo está implícito.

"SEM ESSA DE QUE: "ESTOU SOZINHO".
SOMOS MUITO MAIS QUE ISSO
SOMOS PINGUIM, SOMOS GOLFINHO.
HOMEM, SEREIA E BEIJA-FLOR
LEÃO, LEOA E LEÃO-MARINHO
EU PRECISO E QUERO TER CARINHO, LIBERDADE E RESPEITO
CHEGA DE OPRESSÃO:
QUERO VIVER MINHA VIDA EM PAZ..."
(VAMOS FAZER UM FILME)

CATACRESE - É a utilização de um termo fora de seu sentido literal, por não haver uma palavra apropriada para expressar o que se pretende. Nesse caso o uso da palavra já está incorporado à língua, para suprir a falta de um termo exato.

"MAS SE VOCÊ QUISER ALGUÉM
PRA SER SÓ SEU
É SÓ NÃO SE ESQUECER
EU ESTAREI AQUI...

OU ENTÃO NÃO TERÁS JAMAIS
A CHAVE DO MEU CORAÇÃO..."
(EU ERA UM LOBISOMEM JUVENIL)

METONÍMIA - É o emprego de um termo por outro, com o qual mantém uma relação de contiguidade, de inclusão, de interdependência ou de coexistência.

"CHEGA! VOU MUDAR A MINHA VIDA
DEIXA O COPO ENCHER ATÉ A BORDA
QUE EU QUERO UM DIA DE SOL
NUM COPO D'ÁGUA."
(A MONTANHA MÁGICA)

ANTONOMASIA ou PERÍFRASE - É o emprego de uma expressão que identifica coisa ou pessoa, salientando suas qualidades ou um fato notável pelo qual ela é conhecida.

"JHONN ROBERTO ERA O MAIORAL
O NOSSO JOHNNY ERA UM CARA LEGAL

ELE TINHA UM OPALA METÁLICO AZUL
ERA O REI DOS PEGAS NA ASA SUL

E EM TODO LUGAR..."
(DEZESSEIS)    

SINESTESIA - Consiste na mistura de sensações que produzem forte sugestão tátil, olfativa, visual, palatal e auditiva.

"O GOSTO PERFUMADO QUE RETÉM MINHA LÍNGUA
É ENGANO INSTALADO E NÃO DESFEITO
SEUS OLHOS CHISPANTES PODEM RETALHAR MINHA PELE BÁRBARA
FORÇAR TODA GRAVIDADE A IR EMBORA."
(CANÇÃO RETORNO PARA UM AMIGO À MORTE)


FIGURAS DE PENSAMENTO: Ocorrem quando empregamos, intencionalmente, ideias diferentes daquelas que normalmente a palavra ou expressão sugere na frase. 

ANTÍTESE - É o destaque de uma ideia ou de um conceito por meio de palavras de sentido oposto. Em geral, seu objetivo é enfatizar a diferença entre os termos.

"EU QUIS O PERIGO
E ATÉ SANGREI SOZINHO
ENTENDA!
ASSIM PUDE TRAZER
VOCÊ DE VOLTA PRA MIM
QUANDO DESCOBRI
QUE É SEMPRE SÓ VOCÊ
QUE ME ENTENDE 
DO INÍCIO AO FIM."
(ÍNDIOS)


PARADOXO OU ou OXÍMORO - Trata-se de uma antítese com maior intensidade no contraste de ideias, e que mais reúne (ou associa) do que opõe as ideias contrastantes.

"O AMOR É O FOGO QUE ARDE SEM SE VER;
É FERIDA QUE DÓI E NÃO SE SENTE;
É UM CONTENTAMENTO DESCONTENTE;
É DOR QUE DESATINA SEM DOER."
(MONTE CASTELO, RELEITURA DO SONETO DE CAMÕES)

EUFEMISMO - Consiste na suavização da linguagem, evitando-se o emprego de palavras ou expressões consideradas desagradáveis por quem enuncia o discurso.

"SÓ QUE VOCÊ FOI EMBORA CEDO DEMAIS
EU CONTINUO AQUI
MEU TRABALHO E MEUS AMIGOS
E ME LEMBRO DE VOCÊ 
DIAS ASSIM, DIAS DE CHUVA, DIA DE SOL
E O QUE SINTO NÃO SEI DIZER
VAI COM OS ANJOS, VAI EM PAZ..."
(LOVE IN THE AFTERNOON) 

IRONIA - Consiste em se dizer o contrário do que se pensa, o oposto do que se quer dizer, normalmente com intenção sarcástica.

"QUE BELÍSSIMAS CENAS
DE DESTRUIÇÃO
NÃO TEREMOS PROBLEMAS
COM A SUPERPOPULAÇÃO...

VEJA QUE UNIFORME LINDO
FIZEMOS PRA VOCÊ
LEMBRE-SE SEMPRE
QUE DEUS ESTÁ
DO LADO DE QUEM VAI VENCER..."
(A CANÇÃO DO SENHOR DA GUERRA)

HIPÉRBOLE -  Caracteriza-se pelo exagero da linguagem, a fim de intensificar uma ideia.

"SEMPRE FAÇO MIL COISAS AO MESMO TEMPO
E ATÉ QUE É FÁCIL ACOSTUMAR-SE COM MEU JEITO
AGORA QUE TEMOS NOSSA CASA
É A CHAVE QUE SEMPRE ESQUEÇO".
(O MUNDO ANDA TÃO COMPLICADO)

PERSONIFICAÇÃO, PROSOPOPEIA ou ANIMIZAÇÃO - Ocorre quando se atribuem ações, sentimentos, qualidades e linguagem próprios do ser humano a seres inanimados.

"JÁ NÃO SEI DIZER SE AINDA SEI SENTIR
O MEU CORAÇÃO JÁ NÃO ME PERTENCE
JÁ NÃO QUER MAIS ME OBEDECER
PARECE AGORA ESTAR TÃO CANSADO QUANTO EU
ATÉ PENSEI QUE ERA MAIS POR NÃO SABER
QUE AINDA SOU CAPAZ DE ACREDITAR
ME SINTO TÃO SÓ
E DIZEM QUE A SOLIDÃO ATÉ QUE ME CAI BEM."
(MAURÍCIO)

GRADAÇÃO - Caracteriza-se pela organização de uma sequência de palavras ou expressões que exprimem a redução ou intensificação progressiva (crescente ou decrescente) de uma ideia.

"EDUARDO E MÔNICA FIZERAM NATAÇÃO, FOTOGRAFIA,
TEATRO, ARTESANATO, E FORAM VIAJAR
A MÔNICA EXPLICAVA PRO EDUARDO
COISAS SOBRE O CÉU, A TERRA, A ÁGUA E O AR."
(EDUARDO E MÔNICA)


APÓSTROFE - É a invocação ou chamamento de alguém ou de alguma coisa. Corresponde estilisticamente ao vocativo.

"COMEÇO A FICAR LIVRE
ESPERO. ACHO QUE SIM.
DE OLHOS FECHADOS NÃO ME VEJO E,
VOCÊ SORRIU PRA MIM
CORDEIRO DE DEUS QUE TIRAI OS PECADOS DO MUNDO,
TENDE PIEDADE DE NÓS.
CORDEIRO DE DEUS QUE TIRAI O PECADO DO MUNDO,
TENDE PIEDADE DE NÓS.
CORDEIRO DE DEUS QUE TIRAI O PECADO DO MUNDO,
TENDE PIEDADE DE NÓS."
(SE EU FIQUEI ESPERANDO O MEU AMOR PASSAR)