1 - Quanto ao número de Sílabas, as palavras são classificadas em:
MONOSSÍLABAS: quando possuem apenas uma Sílaba.
MAR / FLOR / DEUS / PAI / SÓ
DISSÍLABAS: quando possuem duas Sílabas.
BRASIL / PAÍS / MORTO / CASA / BAÚ
TRISSÍLABAS: quando possuem três Sílabas.
PALAVRAS / ESPOSA / CADEIRA / PÊSSEGO
POLISSÍLABAS: quando possuem mais de três Sílabas.
PASSAGEIRO / CAMINHONEIRO / EXCEPCIONAL
2 - Quanto à tonicidade, as palavras são classificadas em:
TÔNICAS: quando se dá maior intensidade sonora a uma Sílaba.
APÓS / AVÓS / CANÇÃO / PERDERAM / AUSTERO
ÁTONAS: quando se dá menor intensidade sonora a uma Sílaba.
AMOR / PLATÃO / BANQUETE / APOLOGIA
3 - Quanto à Sílaba tônica (sua localização na palavra), as palavras são classificadas em:
OXÍTONAS: quando o som de maior intensidade recai na última Sílaba da palavra.
SABIÁ / PORÉM / ALGUÉM / SACI / CAJU / JAMAIS
PAROXÍTONAS: quando o som de maior intensidade recai na penúltima Sílaba da palavra.
JANELA / MÓVEL / PARTO / PANELA / TÓRAX / LÁPIS
PROPAROXÍTONAS: quando o som de maior intensidade recai na antepenúltima Sílaba da palavra.
ÚLTIMA / SÚBITO / MÁGICA / TÓRAX / PÚRPURA / EXÉRCITO
MO-Í-DO / BA-Ú / SA-Í-DA
4 - Quanto à Divisão Silábica, devemos considerar algumas regras:
a - Não se separam as vogais de Ditongos e Tritongos:
PAI-XÃO / I-GUAIS
b - Separa-se Ditongo de Hiato quando aparecem juntos:
MEI-A / BOI-A / SA-IU
c - Separam-se as vogais dos Hiatos:
MO-Í-DO / BA-Ú / SA-Í-DA
d - Separam-se as consoantes do Dígrafos RR, SS, SC, SÇ, XC:
BAR-RO / PAS-SO / AS-CEN-DER / DES-ÇO / EX-CE-LEN-TE
e - Não se separam os Dígrafos LH, NH, CH, GU, QU:
GA-LHO / SO-NHO / CHA-PO-LIN / GUER-RA / BOS-QUE
f - Não se separam da Sílaba anterior as consoantes que não forem seguidas de vogais:
AP-TO / FLEUG-MÁ-TI-CO / AD-MIS-SÃO
g - Não se separam os Encontros Consonantais que iniciam palavras:
GNO-MO / PNEU-MÁ-TI-CO
h - Os prefixos (DES-, IN-, SUB-) desmembram-se para formar outra Sílaba quando seguidos de vogal:
DE-SU-NI-ÃO / I-NE-VI-TÁ-VEL / SUB-EN-TEN-DER
Para ilustrar a nossa discussão, observe a letra das canções abaixo e perceba com que criatividade elas foram produzidas. Em épocas diferentes e estilos específicos, os autores apresentam versos primorosos pela musicalidade e pela recorrência de rimas ricas - essas rimas são denominadas assim por serem formadas por palavras Proparoxítonas (antigamente denominadas palavras Esdrúxulas). Tente identificar, nas canções abaixo, onde se localizam as Sílabas Átonas e Tônicas e onde se encontram as Oxítonas, Paroxítonas e Proparoxítonas.
O DRAMA DE ANGÉLICA
(Alvarenga
e Ranchinho)
Ouve meu
cântico
quase sem ritmo
Que a voz de um tísico
Que a voz de um tísico
magro esquelético...
Poesia épica
Poesia épica
em forma esdrúxula
Feita sem métrica
Feita sem métrica
com rima rápida...
Amei
Angélica
mulher anêmica
De cores pálidas
De cores pálidas
e gestos tímidos...
Era maligna
Era maligna
e tinha ímpetos
De fazer cócegas
De fazer cócegas
no meu esôfago...
Em noite
frígida
fomos ao Lírico
Ouvir o músico
Ouvir o músico
pianista célebre...
Soprava o zéfiro
Soprava o zéfiro
ventinho úmido
Então Angélica
Então Angélica
ficou asmática...
Fomos ao
médico
de muita clínica
Com muita prática
Com muita prática
e preço módico...
Depois do inquérito
Depois do inquérito
descobre o clínico
O mal atávico
O mal atávico
mal sifilítico...
Mandou-me
célere
comprar noz vômica
E ácido cítrico
E ácido cítrico
para o seu fígado...
O farmacêutico
O farmacêutico
mocinho estúpido
Errou na fórmula
Errou na fórmula
fez despropósito...
Não tendo
escrúpulo
deu-me sem rótulo
Ácido fênico
Ácido fênico
e ácido prússico...
Corri mui lépido
Corri mui lépido
mais de um quilômetro
Num bonde elétrico
Num bonde elétrico
de força múltipla...
O dia
cálido
deixou-me tépido
Achei Angélica
Achei Angélica
já toda trêmula...
A terapêutica
A terapêutica
dose alopática
Lhe dei em xícara
Lhe dei em xícara
de ferro ágate...
Tomou num
fôlego
triste e bucólica
Esta estrambólica
Esta estrambólica
droga fatídica...
Caiu no esôfago
Caiu no esôfago
deixou-a lívida
Dando-lhe cólica
Dando-lhe cólica
e morte trágica...
O pai de Angélica
chefe do tráfego
Homem carnívoro
Homem carnívoro
ficou perplexo...
Por ser estrábico
Por ser estrábico
usava óculos:
Um vidro côncavo
Um vidro côncavo
o outro convexo...
Morreu
Angélica
de um modo lúgubre
Moléstia crônica
Moléstia crônica
levou-a ao túmulo...
Foi feita
a autópsia
todos os médicos
Foram unânimes
Foram unânimes
no diagnóstico...
Fiz-lhe um sarcófago
Fiz-lhe um sarcófago
assaz artístico
Todo de mármore
Todo de mármore
da cor do ébano...
E sobre o
túmulo
uma estatística
Coisa metódica
Coisa metódica
como Os Lusíadas...
E numa lápide
E numa lápide
paralelepípedo
Pus esse dístico
Pus esse dístico
terno e simbólico:
"Cá
jaz Angélica
Moça hiperbólica
Beleza helênica
Morreu de cólica!"
Moça hiperbólica
Beleza helênica
Morreu de cólica!"
CONSTRUÇÃO
(Chico Buarque)
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague!
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague!
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague!
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague!
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague!
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