Este poema foi selecionado para a 1ª Mostra de Poesia "Abril para a Leitura" - Edição Fernandes Nogueira. Foi o primeiro Soneto que escrevi na vida e, com certeza, foi um desafio. Mas o que poderia fazer se naquele período eu lia Florbela Espanca demais?!
SONETO
DE QUEM ESPERA ESPERANTEMENTE
À espera... Que pensamentos tenho!
Guardo um frio estranho que me
perpassa
Vil nublação numa janela obtenho:
Que este aspecto lúgubre se desfaça!
Cresce o silêncio em minha casa fria
Um mausoléu de eterna solidão
Por que tão triste a vida se faria
Nos átrios de ânsias do coração?
Espera... Que sensação angustiante!
É espasmo de sentida violência
Como um grito de loucura ocultar
Espera... Sensação dilacerante!
Presença que se faz maior na ausência
Imagem de quem chega sem estar...
(04/01/07)
Este poema foi selecionado para a 2ª Mostra de Poesia "Abril para a Leitura" - Edição Pedro Bandeira. Foi um Soneto que escrevi como continuação de um outro que se remetia, também, à temática amorosa.
SONETO QUE NÃO É SOBRE NOSSO AMOR
(ou as consequências dos amores revelados)
Ao Hades foi, por Eurídice, Orfeu
Medeia, por Jasão, os filhos matou
Narciso, de tanto se amar, morreu
Eros, por Psiquê, sofreu e chorou...
Salomão a Sulamita buscou
E Tristão, por Isolda, se perdeu
Ninguém pode esquecer ao que levou
O amor louco de Julieta e Romeu...
Melhor que nosso amor não seja dito
Em palavras, versos, sonetos... Não.
O nosso amor deve ser silenciado...
...porque o medievalismo maldito
Impõe que o guardemos na escuridão,
De nossos peitos, nunca revelados.
(ou as consequências dos amores revelados)
Ao Hades foi, por Eurídice, Orfeu
Medeia, por Jasão, os filhos matou
Narciso, de tanto se amar, morreu
Eros, por Psiquê, sofreu e chorou...
Salomão a Sulamita buscou
E Tristão, por Isolda, se perdeu
Ninguém pode esquecer ao que levou
O amor louco de Julieta e Romeu...
Melhor que nosso amor não seja dito
Em palavras, versos, sonetos... Não.
O nosso amor deve ser silenciado...
...porque o medievalismo maldito
Impõe que o guardemos na escuridão,
De nossos peitos, nunca revelados.
(28/09/10)
MAS O QUE É MESMO UM SONETO?
Da
palavra italiana Sonetto, diminutivo de suono (...), o soneto é uma forma poemática de
origem popular e medieval, que não está ligada à lírica greco-romana. O soneto
regular ou petrarquiano
é composto de duas quadras e dois tercetos, geralmente de versos decassílabos e
com o esquema rímico abba/ abba/ cde/ cde. A sonoridade dos tercetos provém de uma
diferente combinação de rimas.
(D’ONOFRIO, Salvatore. Teoria do texto: teoria da lírica e do drama. São Paulo: Ática, 2000.)
A
execução do soneto exige o cumprimento de alguns preceitos seculares: tem de
apresentar uma ideia completa, em quatorze versos, dispostos em duas quadras e dois tercetos; há um
esquema rímico
esperado, não único, mas a rima, entre outras exigências, normalmente é
respeitada. O soneto deve apresentar uma ideia, desenvolvê-la e concluí-la, e o
leitor poderá ter a nítida impressão de que o poeta se propôs um tema e sobre
ele nada resta para dizer. (ESPANCA,
Florbela. Melhores poemas. Seleção Zina C. Bellodi. São Paulo: Global Editora, 2005.)
Apesar das divergências que sua origem tem suscitado, parece realmente "ter tido ele por berço a Itália ou, com mais precisão, a Sicília", no dizer de Cruz Filho. Consagrado por Petrarca na Itália, foi introduzido em Portugal por Sá de Miranda. Composto de 14 versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos, seu esquema rimático tem variado com o tempo. No soneto de Camões, é invariável o dos quartetos, em ABBA / ABBA; mas os tercetos podem ser em CDC / DCD, CDE / CDE e até CDC / CDC. (AZEVEDO, Sânzio de. Para uma teoria do verso. Fortaleza: EUFC, 1997.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário