BALADA DE SANTA
MARIA EGIPCÍACA[1]
Santa Maria
Egipcíaca seguia
Em peregrinação
à terra do Senhor.
Caía o
crepúsculo, e era como um triste sorriso de mártir...
Santa Maria
Egipcíaca chegou
à beira de um
grande rio.
Era tão longe a
outra margem!
E estava junto à
ribanceira,
Num barco,
Um homem de
olhar duro.
Santa Maria
Egipcíaca rogou:
– Leva-me à outra
parte do rio.
Não tenho
dinheiro. O Senhor te abençoe.
O homem duro
fitou-a sem dó.
Caía o
crepúsculo, e era como um triste sorriso de mártir...
– Não tenho
dinheiro. O Senhor te abençoe.
Leva-me à outra
parte.
O homem duro
escarneceu: – Não tens dinheiro,
Mulher, mas tens
teu corpo. Dá-me teu corpo, e vou levar-te.
E fez um gesto.
E a santa sorriu,
Na graça divina,
ao gesto que ele fez.
Santa Maria
Egipcíaca despiu
O manto, e
entregou ao barqueiro
A santidade de
sua nudez.
[1]
BANDEIRA, Manuel. Estela da vida inteira – poesias
reunidas. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.
Obrigada, professor!
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