ROMANCE DA
INDEPENDÊNCIA
TRÊS MOTIVOS PARA “O REBATE”
Liberdade nós queremos,
Nós queremos liberdade!
Juazeiro não precisava
Donativos dar ao Crato.
Liberdade nós queremos,
Nós queremos liberdade!
Pelo Monsenhor Tabosa
Juazeirenses insultados.
Liberdade nós queremos,
Nós queremos liberdade!
Antônio Luiz mandou
Batalhão de cobradores.
Liberdade nós queremos,
Nós queremos liberdade!
Criou-se mais que depressa
O informativo O Rebate.
Liberdade nós queremos,
Nós queremos liberdade!
Decidiu-se sem demora:
Juazeiro será cidade!
TRÊS FORÇAS PARA O COMBATE
Às regras vindas do Crato
Ninguém obedeceria.
Permitir ninguém iria
Do Crato humilhação.
Ricos sentiram o brio
Atirado contra o vento.
Pobres ergueram a fronte
Querendo retaliações.
Ante a fúria de Juazeiro,
Desperta num arrebol,
A Independência feroz
Resolveu reivindicar:
O Crato vislumbraria
A desforra em recompensa.
Ergueria, a Independência,
Armas para combater.
Segurou as mãos sedentas
Do trio da aristocracia,
Segurou as mãos dolentes
Da população sofrida...
E escreveu austeras páginas
Em fulgentes pergaminhos.
Letras ornadas em sangue
D’uma gente combativa.
Gritos, vozes, urros, passos:
Procissão enfurecida...
Passos, gritos, vozes, marchas:
Juazeiro será cidade!
E pelas ruas indormidas
Retumbavam o refrão:
Liberdade nós queremos!
Nós queremos liberdade!
Mesmo que o Crato implorasse,
Que chorasse por perdão,
A Independência altiva
Não demonstraria clemência.
Professor José Marrocos
E Padre Alencar Peixoto,
Com Floro Bartolomeu,
Bradaram: “Independência!”
O poder de aristocratas
(Ideologia que estimula
O povo a quebrar os dentes
À frente de seus conflitos)
Fez da liberdade um fato
E o povo marchou bisonho,
A esperar melhores dias
Em passarela de mitos.
APOLOGIA À LIBERDADE
Homens,
venham vislumbrar
Os
desvelos desta dama!
Esqueçam
Luzia e Glória,
Deixem
sozinhas a ambas.
Quem
precisa de bordel
Tendo
em mãos a mais astuta?
A dama
que não se vende,
A que
se dá resoluta.
A cujo
corpo se doa
Com
flores de bons perfumes.
A cujas
curvas se mostram,
A de
olhar de mil veludos?
Homens,
venham vislumbrar
Os
desvelos desta dama!
Ela
deita em qualquer corpo
E o
adormece com suas chamas!
Quem
quiser do seu abraço
Deve
buscá-la, no entanto,
Nas
sendas da confusão,
Na
loucura do confronto.
Porque
muitos amam dela
Seus
braços de ouro impávido,
Seus
lábios de prata em flor,
Seus
olhos doces e cálidos...
Porque
muitos amam dela
Sua
facezinha purpúrea
E suas
pernas alongadas
Dotadas
de formosura...
Homens,
combatam por ela!
Vocês
devem resguardá-la!
Querem
saber onde vive
Esta
dama de preclaras?
Procurem
e a encontrarão
Em
noites de vis combates,
Quando
a alma perde as forças
E
deseja liberdade!
Liberdade,
liberdade,
Em que
beco encontraremos
Seus
olhares, seus abraços?
Em que
sonhos mais singelos?
A
liberdade teremos
Nesta
nascida cidade?
Liberdade nós queremos!
Nós
queremos liberdade!
CARDOSO, Cícero Émerson do Nascimento. Romanceiro do Norte Juazeiro. Pará de Minas, MG: VirtualBooks Editora, 2014. p. 32 - 38.
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