I
Ó cidade dos romeiros
Que à mercê da própria sorte
Debulha preces sentidas,
Quem te dará proteção
Contra facínoras, crápulas,
Que te roubam vorazmente
Eleição-pós-eleição?
Ó cidade atormentada
Pela falta de respeito
De monstruosos políticos,
Quem brigará por tuas lutas?
Quem te dará novos homens
Que resguardem teus valores
E que tenham gestos dignos?
Ó cidade sobranceira
De nordestinas sapiências
E de imponente memória,
Quem salvará do abandono
Teus recantos e riquezas?
Esqueceram-se de ti,
Desprezaram tua história?
Ó cidade inconformada,
De trânsito insustentável
E precária infraestrutura,
Quem te vê que não deseja
Novos rumos, novas eras,
Renovação dos teus bairros,
A segurança nas ruas?
II
Separamo-nos do Crato,
Vencemos Franco Rabelo,
Progredimos largamente,
Ó cidade dos romeiros!
Mas por que nós sucumbimos
Perante a ausência de escrúpulos
De políticos infames
Mil vezes incompetentes?
Padre Cícero fez tanto
Para construir Juazeiro!
Juazeiro é seu milagre:
Não carece de cuidado?
Ante a sânie de políticos
Que desprezam seus exemplos,
Que faremos, ó cidade,
Lar e abrigo de romeiros?
Queria limpar-te as feridas,
Lavar teus olhos chorosos.
Verter abraços queria
Sobre ti, cidade minha!
Queria salvar-te, Juazeiro,
Dar-te futuro honroso.
Abrir-te as mãos com preclaras
Aconchegar-te em meu peito.
Ó cidade resistente,
Tenho pouco para dar-te.
Meus versos inconformados
São um presente simplório.
Mas os entrego, humilde,
E espero ver-te, quem sabe,
Assistida e refulgente
A vestir novas roupagens!
CARDOSO, Cícero Émerson do
Nascimento. Romanceiro do Norte Juazeiro.
Virtualbooks Editora: Pará de Minas, 2014.
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