Esta
Revista, publicada em agosto de 2017, é resultado do curso Cinema: uma Experiência Cultural no Âmbito Escolar realizado como
disciplina eletiva na EEMTI Presidente Geisel. O curso se pautou na realização de um estudo teórico-crítico acerca
do cinema e dispôs-se a refletir a arte cinematográfica a partir de seus
aspectos históricos, estéticos e socioculturais.
Neste sentido, discorremos sobre o
cinema como manifestação artística capaz de possibilitar, no âmbito escolar, a
ampliação da aprendizagem do aluno a partir de experiências de fruição
artística, incentivo à reflexão e fomento à análise crítica. O curso foi
desenvolvido, do ponto de vista metodológico, em duas partes: 1) aulas
expositivas através das quais o conteúdo cinematográfico foi apresentado em
suas particularidades e 2) realização de atividades que compreenderam: estudo e
produção de resenhas críticas, debates e exibição de filmes de longa metragem.
(Émerson Cardoso)
RESENHA CRÍTICA SOBRE O FILME
LARANJA
MECÂNICA, DE STANLEY KUBRICK
Alguns meses atrás eu decidi
fazer uma maratona de filmes clássicos famosos e, nesta maratona, eu acabei
assistindo ao consagrado thriller Laranja
Mecânica, do renomado diretor e roteirista Stanley Kubrick, lançado em
1971.
O filme Laranja Mecânica (Clockwork Orange) é baseado no romance escrito em 1962, por Anthony
Burgess, obra em que ele retrata um grupo de rua distópico baseado nos Teddy
Boys, Mods e Rockers, que lutavam nas praias da Inglaterra no final da década
de 1950 e início de 1960. O romance escrito por Burgess trata-se de jovens
entre 10 e 23 anos que se entregam aos desejos de sexo, violência, roubo,
drogas e outros vícios. O livro foi publicado com notoriedade em 1959, mas
durante muito tempo acreditou-se que era impossível filmá-lo.
O enredo
do filme coloca Malcom Mcdowell como o delinquente, porém muito inteligente
Alex DeLarge, o líder do bando os “Droogs” – formado por Patrick Magee e Warren
Clarke que estão sempre vestidos com macacões brancos e usando chapéus-coco
pretos. O filme começa com o sorriso malévolo de Alex que, com os “Droogs”
bebem moloko, uma bebida que, segundo Alex, te deixaria pronto para a velha
“ultraviolência”. Após esse ritual, os mesmos espancam um bêbado, lutam com um
bando rival, roubam um carro, conduzem como loucos e, quando chegam a casa
futurista do escritor Frank Alexander, Alex o engana dizendo ter sofrido um
grave acidente para conseguir entrar na casa, e obriga Frank a olhá-lo enquanto
ele viola sua esposa. Além disso, Alex prende Frank e o espanca enquanto canta
aos berros a música Singing In The Rain.
Nesta cena, em que Kubrick pede a Malcom Mcdowell para que ele improvisasse, o
ator canta essa música porque, no momento, foi a única que ele lembrou da
letra. É interessante ressaltar que a cena do estupro é bastante sórdida, o que
marca um dos grandes pontos do filme, que é chocar o espectador.
Quando Alex
volta para casa, escuta a gloriosa Nona Sinfonia
de Beethoven enquanto imagina guerras, explosões, vampiros, enforcamentos,
morte e destruição. Na noite seguinte, Alex utiliza uma estrutura fálica para
matar uma mulher e é abandonado pelos seus “Droogs”, sendo apanhado, em
seguida, pela polícia.
Após isso,
o filme segue repleto de Plot Twists,
o que faz dele um dos marcos do cinema mundial, aclamadíssimo pela crítica e
estudado até hoje nas escolas de cinema ao redor do globo. Em contrapartida,
esse filme foi um dos mais polêmicos de Kubrick, de modo que foi retirado de
circulação no mesmo ano pelo próprio diretor, o que perdurou por quase 30 anos
na Inglaterra, por ter sido considerado apologia aos diversos crimes retratados
no filme.
Com uma
trilha sonora marcante dos renomados Wendy Carlos e Rachel Elkind, e
enquadramentos tão perfeitos e diferentes que são características e marcas do
diretor de fotografia John Alcott, que utilizou técnicas de fast e slow motion nas cenas de sexo e de violência. Vale dizer, ainda,
que o uso apenas de luz natural, que valorizou e trouxe um ar de distopia para
as cenas, tornou o filme uma verdadeira obra de arte.
(Gyslaine Costa)
A
MENTIRA
Olive é estimulada
pela melhor amiga a revelar detalhes de seu fim de semana entediante. Olive,
uma adolescente muito certinha, decide apimentar um pouco os detalhes contando
uma pequena mentira sobre a perda de sua virgindade. Uma das meninas religiosas
do colégio fica em choque com a conversa, ela conta o que ouviu a todo o campus,
dando a Olive uma reputação repugnante.
A mentira
é mais um dos filmes americanos que trata sobre o colegial e sobre adolescentes,
e mostra a hierarquia do Ensino Médio: meninas bonitas, atletas, nerds, meninas
promíscuas, feias e entre outras classificações. O filme conta a história de
uma garota que acaba, sem querer, criando uma mentira, o que a faz sofrer as
consequências do que fala.
A comédia
mostra que as pessoas não querem saber se algo que é dito é verdade ou não, só querem
fofocar sem sequer se preocupar se o que é dito pode causar danos irreparáveis
às pessoas envolvidas. O filme nos faz refletir principalmente sobre o
seguinte: é difícil ser julgado sem ser ouvido.
A
sequência narrativa apresenta Olive (Emma Stone) fazendo um vlog (vídeos do Youtube
tipo o que o autor John Green faz) para explicar qual era realmente a verdade
por trás de todas as mentiras. Assim, volta e meia, surge a cena do quarto, em
que ela fala diretamente com quem assiste e, em outras partes, surge a cena que
conta a história propriamente dita.
Por
fim, Olive explica a todos em seu vlog que tudo não passou de um mal entendido,
que ela ainda é virgem. Ela fala, ainda, que a partir daquele momento ninguém
deve se importar com a vida de ninguém, que isso não vai levá-los a lugar
algum.
(Letícia Guerreiro)
A
CULPA É DAS ESTRELAS
Diagnosticada com câncer de
pulmão aos 13 anos, Hazel Grace Lancaster (16 anos) vive graças ao tratamento
e, como vive há anos lutando contra o câncer, é obrigada a participar de um
grupo de apoio em que conhece Augustus Waters, com que constrói uma relação
inicialmente de amizade e, em seguida, afetivo-amorosa.
O filme foi
uma adaptação do livro de John Green – eu li o livro e assisti ao filme e, para
mim, foi um dos melhores filmes que eu já assisti. Ele discorre sobre um
relacionamento intenso e emocionante! No começo do filme, Hazel vai para um
grupo de apoio e conhece Augustus ou Gus e, desde a primeira vez em que se
viram, trocaram olhares e, daí, ficaram emocionalmente ligados.
Dentre
outras peripécias, Hazel consegue uma viagem para Amsterdam, ocasião em que
deseja conhecer o autor de seu livro preferido. Lá eles vivem momentos
inesquecíveis – em meio ao sonho que vivem, Hazel descobre que falta pouco para
ele morrer. Ao voltar para casa, Hazel e o melhor amigo de Augustus vão à
igreja e leem cartas de despedida para Gus. Para mim, essa foi a parte mais emocionante
do filme! Ao passar alguns dias, Hazel recebe a notícia de que Augustus morreu
e o filme termina com a leitura de uma carta que ele escrevera para ela.
Assim, do
meu ponto de vista, penso que o filme nos mostra que temos que aproveitar os
momentos como se fossem únicos e que o verdadeiro amor nasce mesmo em tempos
difíceis.
(Lívia Maria)
LOGAN
Dirigido por James Mangolg, em
2017, Logan tem no elenco Boyd Holbrook, Dave Davis, Dafne Keen Doris Morgado,
Elise Neal, Elizabeth Rodriguez, Eriq La Salle, Hugh Jackman, Jaden Francis,
Juan Gaspard, Julia Holt, dentre outros.
O filme
se passa em um futuro distante em que Logan (Hugh Jackman) luta pela
sobrevivência do seu amigo Charles (Patrick Stewart), que já está bem velho, e
de Laura (Dafne Keen), que é uma garota parecida com o Logan, com poderes que
ainda estão sendo gerenciados. Ela é uma aprendiz, mas em cena mostra a que
veio – são momentos de cair o queixo, literalmente. A garota deve ter dado
trabalho para os dublês. Por causa do grande espaço para violência em estado
puro (nada estilizado – quase um documento de cenas para revirar o estômago, no
bom sentido, se é que existe), e alguns xingamentos mais fortes, a
classificação indicativa americana ficou para maior de 18 anos, com razão, pois
é um filme de “herói” com crianças, mas não é um filme pra criança.
A
interpretação dos atores é impecável – eles são dignos de Óscar. A fotografia
do filme é simplesmente perfeita, com o diretor de fotografia que grava cenas
muito lindas e emocionantes com cores bem vivas. A trilha sonora é de Marco
Beltrami e com a inconfundível voz de Johnny Cash. O filme realmente estava
perfeito e, em minha opinião, digno de Óscar em vários aspectos.
(Pedro
Guilherme Siqueira)
NO
CORAÇÃO DO MAR
O filme
nos traz o escritor Herman Melville em busca dos fatos reais do navio Essex
para a criação da sua maior obra: Moby
Dyck. Para isso, ele entra em contato com um senhor sobrevivente e, a
partir da narração dos fatos, temos uma viagem no tempo.
O que ele descobre é o
seguinte: em 1820 um navio baleeiro, liderado pelo capitão George Pollard, parte
em uma gananciosa busca de 2000 barris de óleo de baleia. Para isso, o capitão
Pollard, que não é nada experiente, conta com a ajuda do seu primeiro oficial Owen
Chase que, podemos dizer, é um veterano no assunto e sonha em ser capitão,
inclusive deveria ser o capitão de tal missão.
Owen e
Pollard não demoram muito para entrar em conflito e, como são obrigados a
conviver juntos, a única coisa que podem fazer para se livrarem um do outro é
atingir logo a meta a que foram destinados. Com isso, eles navegam até a
costa do Sul da América onde as baleias não são escassas e acabam se
surpreendendo com uma baleia branca gigante, que irá lutar por sua
sobrevivência e acabará atacando o navio deixando os tripulantes largados no
mar à própria sorte.
O filme é uma daquelas produções que
deixam a gente com um friozinho na barriga em vários trechos. Ele conta com
bons efeitos visuais e cenários incríveis. Isso sem falar no elenco, que traz
dois conhecidos da Marvel – Hemsworth e Tom Holland. Eu, particularmente,
gostei muito desse filme e, por influência do filme, lerei o livro em breve.
(Fernando Victor
Lacerda)
MARY
POPPINS REVISITADA
Dirigido por Robert Stevenson, em
1964, Mary Poppins é um dos filmes indispensáveis para quem gosta de animação e
de musicais.
Um dos
filmes mais queridos do público de cinema, Mary Poppins ocupa a sexta colocação
na Lista dos 25 maiores musicais americanos de todos os tempos. Esse filme traz
roteiro baseado no livro de mesmo nome de P. L. Travers, escritora australiana.
Depois de 26 anos de planejamento foi que o filme estreou, porque Walt Disney
não conseguiu convencer a autora a vender os direitos de adaptação do livro com
facilidade – a autora só concordou em vender os direitos autorais do livro no
final da década de 1950.
O filme
conta a historia do banqueiro Mr. Banks (David Tomlinson), um homem que trata
com rigidez seus dois filhos sapecas: Jane (Karen Dotrice) e Michael (Matthew
Gaber). Ele não consegue contratar uma babá, pois elas desistem facilmente do
emprego. Numa noite, enquanto ele e sua esposa redigem um anúncio de jornal
procurando uma babá, seus filhos aparecem com uma carta mostrando como seria
uma babá perfeita. Esta carta acaba chegando nas mãos de Mary Poppins, que é
tudo aquilo que está descrito na carta.
Devemos
considerar dois fatos interessantes na obra: é atemporal e não é destinada
apenas para o público infantil, é um filme para todas as idades. O filme faz os
pais refletirem sobre como devem passar mais tempo com seus filhos. Tem uma
trilha sonora impecável, com canções lindas.
Assim,
esse filme é divertido, muito bem feito e vencedor de vários prêmios, incluindo
Óscar e Globo de Ouro. Mary Poppins, que vimos em uma das aulas da disciplina
eletiva de Cinema, no primeiro semestre de 2017, nos convida a embarcar em uma
fantástica aventura repleta de humor e fantasia.
(Maria Glaucia Araújo
e Silva e Maria Eduarda Batista Rolim)
Centra do Brasil é dirigido por
Walter Salles e é considerado uma verdadeira obra-prima do cinema nacional. O
sucesso do filme se deu tanto nacional quanto internacionalmente – não podemos
esquecer que foi indicado para o Globo de Ouro e para o Óscar de Melhor Filme
Estrangeiro, além de receber indicação de Melhor Atriz para Fernanda
Montenegro.
A
história começa na estação de trem do Rio de Janeiro em que Dora (Fernanda
Montenegro), professora aposentada, escreve cartas para pessoas não
alfabetizadas. Uma das clientes, Ana Fontenele (Soia Lira), que estava ao lado
do filho Josué (Vinícius de Oliveira), queria comunicar-se com Jesus, seu
ex-marido que morava em Bom Jesus do Norte.
Quando
chegava em casa, Dora e sua vizinha Irene (Marília Pêra) liam as cartas das
pessoas e as jogavam fora. Certo dia, Ana reaparece na estação e pede a Dora
para rasgar a antiga carta e mandar outra. Na volta para casa, Ana sofre um
acidente.
O
enredo se desenrola a partir daí, pois com a morte da mãe, Josué fica
abandonado na estação e Dora, comovida com a situação do menino, termina por
querer ajudá-lo a encontrar seu pai.
O
drama bem elaborado, com interpretações de um elenco magnífico, traz mais
interesse para o espectador, tanto o jovem quanto adulto. As cores em destaque
no filme são mortas, apagadas, o que representa uma tentativa de aproximar o
visual da crueza do espaço social em que as personagens transitam.
(Maria Eduarda
Mendes)
TEORIAS
DO AMOR EM
“500
DIAS COM ELA”
“500 days of Summer”, em inglês,
é uma comédia romântica/drama dirigido por Marc Webb, em 2009. O enredo desse
filme lhe conferiu a 10ª posição entre os melhores filmes do ano pela National Board of Review Awards, além de
outras indicações a prêmios importantes, dos quais foi vencedor inclusive na
categoria: “Melhor Roteiro Original”, pela Southeastern
Film Critics Association.
O filme é
construído a partir de uma narrativa não-linear que apresenta, através do ponto
de vista de seu protagonista Tom Hansen, interpretado por Joseph Gordon Levitt,
os 500 dias de seu relacionamento com Summer (Zooey Deschanel). Seu roteiro criativo
e inteligente é, até hoje, alvo de
diferentes interpretações entre fãs, críticos e admiradores da sétima arte.
Tom,
protagonista da trama, cresceu acreditando que não seria feliz até que
conhecesse “a garota certa’’. Summer, por sua vez, não compartilhava desta
crença, afirmando desde o início sua preferência por viver sozinha, e a repulsa
pela ideia de pertencer a alguém de alguma forma.
O clímax
do filme acontece durante os tristes vislumbres de Tom a respeito da inesperada
atitude de Summer de pôr um fim no relacionamento não rotulado que mantinham
até então. A realidade com que são retratadas as desilusões na trama e a fuga
da romantização, incomum nesse tipo de gênero cinematográfico, podem ser
destacadas como pontos positivos desta produção.
O
competente trabalho de fotografia, enfatizando as cenas mais dramáticas do
filme com cores frias e a iluminação mais baixa, aliado à interpretação
entregue de Joseph (Tom) e Zooey (Summer), rendeu o resultado incrível que
transporta o espectador para mais próximo das emoções vividas pelos
personagens.
Por fim,
a trilha sonora produz a harmonia perfeita da narrativa, sendo um importante
elemento de composição da trama considerada um dos mais bem sucedidos “hits” do
ano em 2009.
(Pietra Pinheiro)
DONNIE DARKO
E O COELHO GIGANTE
Donnie
Darko é um filme com roteiro criativo e imprevisível que, apesar de fictício,
remete a conceitos da Física e Psicologia. Produzido em 2001, com roteiro e
direção de Richard Kelly, e direção de fotografia de Steven Poster, conta com
uma incrível trilha sonora composta por clássicos dos anos 80.
A trama se passa nos anos 1980 e acompanha a
vida de um garoto esquizofrênico chamado Donnie Darko (Jake Gyllenhaal). Certa
noite, Donnie é atraído por um homem que diz se chamar Frank (James Duval)
usando uma fantasia de coelho amedrontadora. Frank diz a Donnie que o mundo irá
acabar em exatamente 28 dias, 06 horas, 42 minutos e 12 segundos. Após esse
encontro, Donnie acorda em meio a um campo de golfe sem saber como foi parar
ali (o que é bem comum para o garoto que sofre de sonambulismo). Ao chegar em
casa, ele se depara com uma grande movimentação, pois uma turbina de avião
caíra em cima do seu quarto – Frank havia salvado sua vida.
A partir daí, a trama ganha fôlego. Frank
induz Donnie a cometer alguns crimes, mas não sem razão, todos com relevância e
acabam mudando o rumo da história. Isto se dá até que um dia Donnie ganha, de
seu professor de Física (Noah Wyle), o livro: “A filosofia da viagem no tempo”,
escrito por Roberta Sparrow/Vovó Morte (Patience Cleveland). Donnie começa a
questionar-se e estudar sobre esses conceitos, tendo algumas alucinações. Tendo
lido esse livro, Donnie se sente que tem algo de grande responsabilidade nas
mãos.
Donnie Darko é um dos primeiros Cult Movies do século XXI. Sem
o apoio de grandes estúdios, o filme alcançou sucesso por mérito próprio. Mas, mesmo sendo um filme complexo e difícil de entender, Donnie Darko
agrada a maioria de seu público alvo, talvez seja justamente por essa
dificuldade em entendê-lo que o filme chama tanta atenção.
(Victória Vieira)
O
PEQUENO PRÍNCIPE
Algumas pessoas têm
resistência a filmes musicais – eu não. Eu gosto muito deles. Agora, imaginemos
um musical adaptado de uma das mais populares obras literárias do mundo – não
tenho como não gostar!
O
Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, foi adaptado por Stanley Donen em
1974. Com canções entre divertidas e líricas, como It’s a hat, Be happy e A
snake in the grass, encontramos
nele excelentes canções. Considero que as atuações merecem elogios, assim como
alguns cenários e efeitos especiais. A adaptação também tem seus valores.
O
Príncipe que veio do asteroide B-612, e encontrou-se no deserto do Saara com um
piloto que sofrera um acidente aéreo, foi uma personagem que me marcou
profundamente na infância. Eu me perdia em pensamentos, quando criança, na
tentativa de entender o porquê de o Príncipe viver no asteroide sozinho, sem
pai nem mãe, e andar naquela pequena morada sem, contudo, cair no espaço para
sempre – eu não contava com a astúcia da gravidade, claro. Era tudo tão mágico
para mim!
Eu
assisti a essa versão de um dos livros que mais li na vida quando já era
adulto, no entanto foi como se eu voltasse a viver os sentimentos que eu
resguardava em mim quando eu era criança. Foi uma experiência triste, porém
gratificante.
O
Pequeno Príncipe, de Donen, é um clássico. Vale a pena assisti-lo e reassisti-lo,
certamente. Claro que é necessário recorrer à sensibilidade que, por vezes,
perdemos quando a vida adulta já nos impõe que o que era mágico agora é
absurdo, ilógico e impossível. Nesta perspectiva, cabe retomar a já mil vezes
citada frase do livro: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos
olhos”.
(Émerson Cardoso)
O
MÁGICO DE OZ
Em 1939, Victor Fleming
adaptou para o cinema a obra de L. Frank Baum The
wizard of Oz (1900) – no
Brasil, O mágico de OZ. A
protagonista, Dorothy, é levada por um tornado para uma terra mágica e, na
tentativa de voltar para seu lar, ela é informada de que precisa encontrar-se
com o grande mágico de Oz na Cidade das Esmeraldas, pois somente assim ela
poderia realizar seu desejo.
Em
sua jornada, Dorothy encontra-se com personagens que, assim como ela, também
têm um desejo a realizar: o espantalho busca um cérebro, o homem de lata busca
um coração e o leão covarde busca coragem. Nesta caminhada, somos apresentados
à marcante trilha sonora do filme e a acontecimentos que nos instigam a
refletir sobre temas diversos e que podem nos comover profundamente.
Indicado
a seis Óscar, esse filme venceu nas categorias Melhor Trilha Sonora e Melhor
Canção Original. A canção Over
the rainbow é considerada uma
das mais belas do cinema, e tem sido amplamente revisitada em gravações as mais
diversas. Os muitos problemas de produção não afetaram a qualidade desse filme
considerado um dos maiores filmes de todos os tempos. De acordo com a Greatest Movie Musicals, do American Film Institute, que em 2006 apresentou uma lista
dos 25 maiores filmes musicais, O
mágico de Oz ocupa o terceiro
lugar da lista.
Esse
filme é grandioso esteticamente e, sobretudo, pelas reflexões que suscita.
Dentre as frases de efeito marcantes, que localizamos em seus diálogos mais que
criativos, destacamos a que é dita pelo mágico de Oz ao homem de lata, por
ocasião da entrega do coração que este tanto queria: “Um coração não se julga
por quanto você ama, mas por quanto você é amado pelos outros”.
(Émerson Cardoso)
DICAS DE FILME:
O
JOGO DA IMITAÇÃO
É um filme de 2014, do gênero
drama, dirigido por Morten Tyldum. Conta com um elenco que traz Benedict
Cumberbatch, Keira Knigtley, Matthew Goode, Charles Dance, Mark Strong, Matteew
Beard, Allen Leech, Rory Kinnear, dentre outros. O filme se passa durante a
Segunda Guerra Mundial, quando o matemático Alan Turing (Benedict Cumberbatch)
e quatro especialistas foram convocados em uma missão secreta para decifrar o
código de comunicação dos alemães: o ‘enigma’. Enquanto isto, Alan tem que
esconder sua homossexualidade que, na Inglaterra da época, era um crime.
(Letícia Gonçalves)
MARY E MAX: UMA AMIZADE DIFERENTE
Direção
de Adam Elliot. Intérpretes: Toni Collete, Philip Seiymour Hoffman, Eric Bana,
Barry Humphries. Austrália: 2009. Gênero: Animação / Drama. Baseada numa
história real, essa obra apresenta a história de amizade entre duas pessoas
muito diferentes: Mary Daisye Dinkle (voz de Toni Collette), uma menina solitária de oito anos, que vive nos
subúrbios de Melbourne – Austrália – e Max Horowitz (voz de Philip Seymour
Hoffman), um homem de 44 anos, que mora em Nova York – Estados Unidos.
Alcançando 20 anos, e dois continentes, a amizade de Mary e Max sobrevive muito
além dos conflitos da vida e dos limites impostos pela distância.
(Émerson Cardoso)