O que me impele à escrita é força que não defino. Talvez o vazio que sempre resguardo, ou mesmo o medo que me impele ao silêncio. Acontece que escrever é urgência que não contenho. Há sempre palavra ou frase gritando em mim.
Agora, quando o mundo perde tantas almas em decorrência da pandemia, o que me sustém é a escrita, com sua força de me salvar por dar espaço à expurgação.
Há tantos gritos que preciso transformar em texto. Há tanta raiva que melhor procede na produção de um parágrafo. Há tanto horror diante da vida que não me destrói porque a escrita exerce sobre mim alguma luz.
Agora, quando o mundo parece sem grandes possibilidades de transformação feliz, eu me dispo de meus arroubos e atiro letras para que a vida tenha algum sentido. Não, não sei de mim o que fazer. Tenho incertezas que arrancam minha pele e expõem meus ossos. Tenho caído tanto pelas estradas petrificadas da existência.
Escrever ainda me vale!
Émerson Cardoso
02/05/2021
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