Já aconteceu de você ficar muito alegre
com algo, a ponto de externar excessivas euforias, e isso incomodar alguém? Comigo
já aconteceu. A pessoa, no auge de seu desconforto, atirou sobre mim o seguinte
ditado popular: “Pobre nunca come e, quando come, se lambuza!”
Quem
me visse naquele momento perceberia meu rosto caindo em nublação. O sol deveria
ter mais força do que uma nuvem amarga, mas nem sempre isso acontece. A vida é
repleta de nuvens entre permanentes ou passageiras que se comprazem em espalhar
obscuridades porque não suportam luzes.
Que
horror!
Hoje,
se alguém atirasse contra minha alegria esse maldito ditado popular, eu teria
resposta daquelas, bem desaforadas, aí eu queria ver uma nublaçãozinha chinfrim me apagar. Você ficou com curiosidade sobre o que eu diria para me defender?
A
uma criatura amarga que desejasse botar gosto ruim em minha alegria, eu diria o
seguinte:
Resposta
01 – Quem ouve você falando assim pode até pensar que você é, foi ou será rico
um dia na vida. Agora, como percebi que você gosta da sabedoria popular, devo
dizer que: “Quem nasce para burro não pode ser cangalha”. Tem mais: há uma
coisa que eu gostaria de saber: quem foi o informante charlatão que disse a
você que me interessa ouvir o som de sua voz irritante e insossa?
Resposta
02 – Gente, olha a sabedoria popular dessa pessoa como está aflorada! O que
foi? Tomou café adoçado com amargura, ou constatou que sua vida insignificante
não tem graça e por isso quis tirar minha alegria?
Resposta
03 – O que foi? Só porque você tem uma existência vazia e sem graça não suporta
ver uma pessoa de bem com a vida? Procura tratamento, cruz pesada! Se não der certo
com psicólogos, procura um exorcista, viu?
Resposta
04 – Sim, pessoa iludida da nação, pobre se lambuza, sim, faz festa, faz o que
quiser, ainda mais quando é uma pessoa tão leve que atrai alegrias para si e
para os outros. Posso fazer um tutorial de como ser alegre para você, viu? Isso
se um dia você decidir deixar de ser chata e estraga-prazeres.
Resposta
05 – Sério mesmo que você (pessoa pobre em nível cinco) se sente no direito de
vomitar uma frase dessas contra mim? Quando você não for mais pobre, ou se
tornar uma pessoa menos invejosa e infeliz, aí conversamos, viu? Vai pelo sol,
hein, quem sabe um dia ele derrete essa nuvem carregada que você tem na cabeça!
Coloquei
apenas cinco respostas quando, em verdade, teria muitas outras. Quando estou
chateado com algo, me torno irônico. Isso massacra algumas pessoas. Um amigo me
disse, outro dia, que minhas ironias, ou meu rebuscamento na hora de brigar,
não parecem muito eficazes. Nem sempre meus arqui-inimigos (que não tenho) entendem
o desaforo que penso atirar contra eles. Talvez esse amigo tenha razão.
Um
meio que utilizo há séculos, quando não gosto de algo ou de alguém, é demonstrar
meu descontentamento com afastamentos, ou mesmo ignorando a presença. Talvez seja
um bom caminho. O bom mesmo, em verdade, é jogar contra os vilões um desaforo
bem articulado e sair de perto, plenamente, depois de ter dito o que se queria
dizer. Mais interessante será, tenho por certo, perceber que o desafeto ficou
para trás com cara de mal-estar na tentativa vã de entender o que foi dito.
Ah!
Quem quiser entender desaforo bem construído que estude.
Émerson Cardoso
15.08.2022
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