Juazeiro do Norte-CE, cidade mais conhecida como Juazeiro do Padre Cícero, dispõe de valores sócio-históricos, sociopolíticos e socioculturais que são difíceis de mensurar, tendo em vista a complexidade desse universo que costumo chamar de sacroprofano.
Sendo assim, o livro Três poemas juazeirenses apresenta três folhetos publicados há algum tempo (e que eu revisei e reorganizei para republicar, desta feita melhorando-os em conteúdo e em forma). Esses textos dialogam com o universo denso e fascinante que povoa o imaginário dessa cidade que estimo devotadamente. Diante disso, são três os poemas:
A Beata Luzia vai à Guerra
Escrito em 22 de outubro de 2005, mas publicado somente em 05 de outubro de 2011, o folheto A Beata Luzia vai à Guerra evoca uma personagem feminina ficcional que é inserida em contexto histórico real. A Beata Luzia está imersa no conflito que, no início do século XX, envolveu duas forças antagônicas: uma representada pelo salvacionista Marcos Franco Rabelo e outra representada pelo Padre Cícero Romão Batista. Esse conflito ocorrido entre os anos de 1913 e 1914, denominado Sedição de Juazeiro, corresponde a um acontecimento relevante (e não menos intrigante) protagonizado pelo Ceará na história política do Brasil. Agora, vamos entrar na guerra, porque a Beata Luzia já correu para ela. Vamos ver como ela participa dessa batalha do “bem contra o mal” que tem como palco a cidade de Juazeiro do Norte?
A Artesã do Chapéu
(ou pequena biografia de Dona Maria Raquel)
Escrito em 29 de novembro de 2011, e publicado em 15 de abril de 2012, o folheto A artesã do chapéu (ou pequena biografia de Dona Maria Raquel) traz aspectos biográficos da minha bisavó materna, Maria Raquel da Conceição, que produziu, por mais de setenta anos, chapéus e outros artefatos com palha de carnaúba. Nele, apresento fatos de sua vida, como o que lhe aconteceu durante a seca de 1932, ocasião em que sua mãe (Dona Bárbara Raquel), seu irmão mais novo (Cícero Raquel) e ela foram assistidos por três meses e alguns dias pelo Padre Cícero Romão Batista. Além disso, também menciono o racismo que ela sofreu por ter vivido uma história de amor com o galante Joaquim Dourado Cabral, que era um homem branco, enquanto ela era uma mulher negra em contexto de intenso preconceito racial. Minha bisavó, que chamávamos de Mãezinha, e cuja força e sabedoria eram inabaláveis, faleceu dias antes de completar 87 anos, deixando-nos desolados com sua partida.
O livro Três poemas juazeirenses compõe minha Trilogia do Cariri Cearense (constituída por um romance O casarão sem janelas; uma peça teatral A Revolta de Antonina e este livro de poesia Três poemas juazeirenses). Nesse caso, corresponde ao terceiro (e último) livro desse projeto.
Publicar no Brasil não é algo tranquilo, mas nós criamos as estratégias possíveis para fazer nossos trabalhos serem conhecidos, de modo que apresento esse livro, simples e em busca de melhores dias, com o desejo de mostrar um pouco do que temos em valores e construções simbólicas aqui em Juazeiro do Norte, que também clama, em sua jornada complexa, por melhores condições de vida.

Nenhum comentário:
Postar um comentário