“Jambá tuca rirá
ô quê!”...[1]
Vissungo
coligido por Aires da Mata Machado Filho
BALADA DA CHICA DA SILVA
(Stella
Leonardos)
Solo
“Jambá tuca rirá
ô quê!
Coro
Jambá catussira rossequê
Solo
Rio, Rio”.
– Meu pai, me
conta da Chica
– a das estrelas
dos antes
Das catas de
Serro Frio,
Sinhá de José
Fernandes
o branco do
desvario.
– De quem aquele
navio
a um lago
absurdo indagando?
Da nêga Chica da
Silva
Sinhá de José
Fernandes.
Não há mar em
Serro Frio
mas há, de
sobra, diamante.
A nêga sentiu
capricho
navegante.
Jambá jambi
jombô
Chica da Silva
sonhou.
De quem esses
atavios
de estrelas não
vistas dantes?
Da nêga Chica da
Silva
Sinhá de José
Fernandes.
Não há corte em
Serro Frio
mas há, de
sobra, diamante.
A nêga veste
capricho
cintilante.
Jambá jombô
jambi.
Chica da Silva
sorri.
De quem o olhar
de cobiça
e essas garras
se ocultando,
ô nêga Chica da
Silva
sinhá de José
Fernandes?
Do hóspede de
Serro Frio
onde há, de
sobra, diamante.
Do Conde vilão,
capricho
vigilante.
Jambi jombô
jambá.
Chica da Silva
sinhá.
De quem esses
olhos-rios
de saudade
rebrilhando?
Da nêga Chica da
Silva.
Levaram José
Fernandes.
(Adeus Chica, e
Serro Frio,
e contrato de
diamante!)
Ai Chica
chorando dia
de amante!
Jambá jambi
jombô
Chica da Silva
chorou.
– E depois: que
houve com Chica,
sinhá de José
Fernandes,
a nêga de Serro
Frio?
Será que o que
andou chorando
é hoje estrela de rio?
LEONARDOS, Stella. Romanceiro da Abolição. São Paulo: Melhoramentos, 1986.
[1] “Jambá tuca rirá”... – Se bem que orongoia seja diamante, Aires da Mata Machado Filho nos dá o
“fundamento” do vissungo assim: “O
menino grita para o pai que encontrou um diamante; este responde que o esconda
no cascalho e – Silêncio!” (O Negro e o Garimpo em Minas Gerais). Jambá, jambi, jombô – Significam: ouro,
capim e lama preta. Dialeto crioulo de São João da Chapada, Minas Gerais. Estrela – Diamante de qualidade. Conde – de Valladares (José Luís Menezes
de Castelo Branco e Abranches).
Nenhum comentário:
Postar um comentário