CARDOSO, Émerson. O baile das assimetrias. São Paulo: OIA Editora, 2022.
Áries
"Tony Torloni (ou
Psiquê Defenestrada)" é o primeiro conto do livro "O baile das
assimetrias". Correspondente ao Signo de Áries, deparamo-nos nele com Tony
Torloni (fã incondicional da atriz Christiane Torloni), um dos funcionários
mais requisitados do "Très Chic Cabeleireiros". Enquanto vivencia seu
cotidiano com Dona Rosa Miranda e Luana, suas complexas companheiras de
profissão, ele se apaixona à primeira vista por Zezão, que altera completamente
sua vida. Para Tony, os astros diziam que Zezão era o grande amor de sua vida
(sua alma gêmea). Confiante de que deveria lutar para vivenciar esse grande
amor, Tony empreende uma luta intensa para conquistar seu amado. Será que ele
conseguirá fisgar seu "homem"?
Touro
"O
reencontro" (correspondente ao Signo de Touro) é o segundo conto do livro
"O baile das assimetrias". Nele, nos deparamos com Fran, uma
personagem transexual que idolatra a apresentadora Hebe Camargo e cria todas as
estratégias possíveis para reencontrá-la através do filme "Hebe: A Estrela
do Brasil", do diretor Maurício Farias. Sair de um sítio da zona rural do
Crato–CE, para ir ao cinema em Juazeiro do Norte–CE, é uma saga dolorosa, mas
Fran não hesita, persistente que é, quando o assunto é realizar o sonho de
rever Hebe, sua amiga tão querida.
Gêmeos
"Grita,
Auxiliadora, Grita!", é o terceiro conto do livro "O baile das
assimetrias". Correspondente ao Signo de Gêmeos, nele encontramos duas
personagens femininas: 1) Auxiliadora e 2) a patroa de Auxiliadora (que não é
nomeada). Com elas, temos duas faces de uma realidade complexa da sociedade
brasileira: a mulher negra (que é explorada e desrespeitada em seu trabalho) e
a mulher branca (que age como se Auxiliadora fosse "da família", que
finge importar-se com a saúde dela e, em verdade, de modo nada sutil, a coloca
em condição de silenciamento e subalternização). É um texto que mostra, além
disso, o quanto a hipocrisia reina no discurso de uma pessoa marcadamente
adepta do bolsonarismo.
Câncer
"Poltrona
sete" é o quarto conto do livro "O baile das assimetrias".
Correspondente ao Signo de Câncer, deparamo-nos nele com um narrador que, da
janela do ônibus, testemunha uma cena de despedida entre dois rapazes. Quando o
transporte de um deles dá sinal de que irá partir, eles se beijam e, com isto,
causam reações diversas nas pessoas que observam a cena de amor protagonizada
por eles. Esse conto apresenta uma atmosfera melancólica e lírica que nos leva
a refletir sobre o amor vivido entre dois homens em contexto de despedida. Além
disso, nos conduz a uma reflexão sempre pertinente: a homofobia ainda existe e
agride, em vários aspectos, pessoas que não temem ser quem elas são.
Leão
"O abismo a um
passo" (correspondente ao Signo de Leão) é o quinto conto do livro "O
baile das assimetrias". Nele, deparamo-nos com uma personagem feminina que
depois de constatar a traição do marido com sua melhor amiga, enlouquece, ateia
fogo na casa e vai embora com seu neto. Ela tem por meta retomar sua carreira
de atriz de teatro na capital. Ela e o neto estão à espera de algum transporte
que os levem embora, mas a noite parece trazer para eles mais sombras do que
luzes.
Virgem
"Gólgota para
Argos Panoptes" (correspondente ao Signo de Virgem) é o sexto conto do
livro "O baile das assimetrias". Um velho bibliotecário que cumpre
seu ofício rigorosamente passa por uma experiência atípica no cotidiano de seu
trabalho. Seus olhos vislumbram o mundo sob um viés das repressões e das
culpas, no entanto é possível ter um momento de fuga - uma fuga pelo olhar.
Libra
"Lenda-parábola de
trisal não informado" é o sétimo conto do livro "O baile das
assimetrias". Correspondente ao Signo de Libra, encontramos nele três
personagens significativas para configuração do trisal mencionado no título: 1)
Lili, 2) Rodrigo Paivani e 3) o Pastor marido de Lili. A narrativa inicia
"in medias res", quando Lili encontra-se no auge do conflito que lhe
faz sair de sua aparente harmonia existencial. O amor devotado de Lili ao
marido, aos sete filhos e à Igreja é colocado à prova quando seu melhor amigo,
Rodrigo Paivani, lhe faz repensar o mundo no qual ela está imersa. Esse conto
trata, portanto, de uma reflexão sobre a capacidade de se reinventar após um
pulo no abismo.
Escorpião
"As labaredas de
Angelina" (correspondente ao Signo de Escorpião) é o oitavo conto do livro
"O baile das assimetrias". Deparamo-nos, nele, com uma personagem
feminina que não se deixa amedrontar quando está em jogo sobreviver ao caos do
mundo. Sobreviver, para ela, muitas vezes, é utilizar a "Lei de
Talião" — ela não hesita em aplicar nos algozes as dores que eles lhe
causam. Embora seja um texto de viés cômico, muitas reflexões podem emergir da
tessitura narrativa desse texto.
Sagitário
"Ausência"
(correspondente ao Signo de Sagitário) é o nono conto do livro "O baile
das assimetrias". Duas personagens femininas se encontram e, partir do
universo esotérico que as reúnem, deparam-se com uma profunda busca existencial
que tem no tema da maternidade o principal ponto de encontro entre elas.
Capricórnio
"Às vésperas do
silêncio" (correspondente ao Signo de Capricórnio) é o décimo conto do
livro "O baile das assimetrias". Nele, deparamo-nos com a relação
entre mãe e filha que se realiza em momento contundente para ambas: a filha
encontra-se em estado terminal (vitimada pela AIDS) e a mãe é a única que pode
lhe proporcionar um último alento.
Aquário
"Felícia"
(correspondente ao Signo de Aquário) é o décimo primeiro conto do livro "O
baile das assimetrias". Nesse conto, temos uma personagem feminina cujo
nome é evocado no título que, apesar das angústias da vida, supõe ter
encontrado na personagem Ana a possibilidade de viver um grande amor.
Peixes
"Sonata para as
cinco chagas" (correspondente ao Signo de Peixes) é o décimo segundo conto
do livro "O baile das assimetrias". Uma personagem feminina velha
(que vive em um abrigo para idosos) passa por uma experiência sensorial de
intenso erotismo ao ouvir um violinista tocar. Ela vê no jovem violinista a
imagem de seu primeiro namorado (o grande amor de sua vida). Reencontrar esse
rapaz mais jovem é, para ela, um reencontro também consigo mesma. O que do amor
ela ainda poderá viver?
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